Fanfic: Um Amor de Bebê s2 AyA adaptada (Terminada)

Com Poncho nos braços, voltou à cozinha e encontrou os dois homens lembrando antigas festas do Dia dos Namora­dos, aparentemente uma tradição da família Wentworth.

-   Os biscoitos de Evelyn! - Elijah suspirou. - E o armário dos beijos. Não era assim que o chamávamos? Eu o peguei lá dentro com a minha namorada quando tínhamos quinze anos.

Alfonso riu.

-   Estava apenas devolvendo a gentileza. Você havia enviado à minha namorada um daqueles cartões açucarados e insinuantes.

Anahí sentou-se na cadeira entre os dois e pegou o garfo. Poncho resmungava impaciente, o que a impedia de ouvir a conversa com clareza. Não tinha importância. Recordações sobre férias e feriados não eram suas favoritas. O orfanato promovera comemorações razoáveis nas grandes datas, como o Natal e o Dia de Ação de Graças, mas as menores passavam quase despercebidas. Ninguém pintava ovos ou fazia ninhos na Páscoa. No Halloween, às vezes faziam más­caras de papel para substituírem os vestidos brilhantes e as tiaras de pedras dos trajes de princesa com que tanto sonhara, e que só eram usados pelas meninas que tinham uma casa de verdade, um pai e uma mãe.

-E você, o que fazia no Dia dos Namorados, Anahí? - Elijah perguntou em voz alta. - Participava de todos aque­les jogos divertidos com os rapazes?

-Não sei de que jogos está falando. - Como era enorme a distância que as separava dos homens! Eles haviam tro­cado biscoitos e beijos com meninas bem vestidas em festas animadas, enquanto ela compartilhara de um quarto e um guarda-roupa com outras cinco meninas órfãs.

De repente Alfonso inclinou-se e tirou o bebê de seus braços. Poncho aquietou-se, interessado no novo rosto diante de seus olhos.

-   Não conhece os jogos do Dia dos Namorados? - ele disse, sorrindo para o menino. - Temos de fazer alguma coisa quanto a isso, Anahí.

O tom de provocação causou-lhe um arrepio. Podia quase imaginar-se aos quinze anos de idade, o coração batendo mais forte enquanto Alfonso se aproximava para beijá-la.

-   Correio elegante - Elijah sugeriu. - Certa vez criamos uma versão diferente. Tínhamos pilhas de cartões do Dia dos Namorados. O carteiro pegava um da pilha dos rapazes e outro da pilha das garotas...

A imaginação de Anahí permanecia no comando. A Mansão Wentworth. O som das solas de borracha dos tênis de de­zenas de adolescentes rangendo sobre o mármore do piso da sala. Seus dedos tremiam enquanto abria o envelope com a caligrafia dele.

Percebeu que estava arfante. Que fantasia! Balançou a cabeça para destruí-la.

-   Não, nunca participei desse jogo - disse.
Elijah franziu a testa.

-   É da Califórnia, certo? Talvez as pessoas de lá tenham outras tradições além de cupidos, brincadeiras envolvendo beijos e abraços e cartões melosos.

Ele não podia saber como havia sido diferente o mundo em que crescera.

-   Fui criada em um orfanato para meninas em Los An­geles - contou.

Elijah empalideceu.

-Oh, eu... sinto muito...

-Tudo bem. - Anahí sorriu. Era bom que Alfonso tam­bém ouvisse o que estava dizendo, porque assim ambos se lembrariam da distância que os separava. - Não me lembro de ter comemorado o Dia dos Namorados. Nunca.