Fanfic: Um Amor de Bebê s2 AyA adaptada (Terminada)

Ao lado dela, Alfonso mudou de posição e encostou uma perna na dela. Anahí afastou-se um pouco e percebeu que a perna a seguia.

-   Não comemoravam na escola? - Ele estudava o rosto de Poncho, um dedo afagando a face rechonchuda e corada.

Anahí balançou a cabeça.

-Não vivíamos num bairro muito privilegiado. O orfanato era vizinho de um abrigo para famílias de sem-teto, e nossas aulas aconteciam em um edifício dentro dos limites do abrigo.

-Entendo - Elijah murmurou. - Não era exatamente um bom lugar para festas.

-E isso mesmo. - Ela riu. O tipo de infância e ado­lescência que tivera não havia sido exatamente doloroso, mas... apenas vazio.

-Evelyn tinha uma predileção especial pelo Dia dos Namorados - Alfonso comentou. - Desde que eu era um garotinho, ela começava os preparativos para a festa com semanas de antecedência.

A governanta séria e grisalha era uma romântica incor­rigível? A ideia a fez sorrir. Alfonso a encarava.

-   Ela espalhava dezenas de folhas de cartolina branca e papel de seda vermelho sobre a mesa. E aquelas bonecas brancas. Cola, tesouras e canetas. Jack fazia uma careta de desprezo e saía correndo de casa com sua inseparável bola de futebol. Josie cooperava, confeccionando dezenas de cartões para os amigos e professores.

-   Eu me lembro disso - Elijah confessou. - Eu usava todas as canetas e cores de papel. E fazia minha mãe chorar todos os anos com o cartão que fazia para ela.

Anahí olhou para Alfonso. Vê como somos diferentes? O me­nino privilegiado que comia biscoitos servidos em uma bandeja de prata e recebia cartões artesanais feitos com material de excelente qualidade. A órfã criada em um lar para meninas num bairro pobre de Los Angeles onde recebera todos os cui­dados básicos, mas... quase nenhum carinho.

Sim, eram absolutamente diferentes. Mas como lembrar-se disso quando os olhos castanhos pareciam mergulhar nos dela? Quando via seu filho adormecido no peito forte e musculoso? Quando sentia a perna pressionada contra a dela, insistindo para que o visse como um homem, não como um passado.

-Não - sussurrou. Ele nem piscou.

-Não o quê, querida?

A mão larga e firme amparava a cabeça de Poncho, e era quase como se pudesse sentir o toque em sua pele, confortando, acalmando, chamando-a para mais perto.

-   Nunca fiz cartões de Dia dos Namorados. Nunca, entende? - Sentia os olhos de Elijah em seu rosto, mas não conseguia parar de falar. Alfonso precisava entender que tinham pouco em comum. Ou nada. Nada que pudesse jus­tificar sequer mais um beijo.