Fanfic: Um Amor de Bebê s2 AyA adaptada (Terminada)

Então aquele estranho instinto de sobrevivência o fez olhar para o corredor. A enfermeira aproximava-se com pas­sos apressados e firmes.

Alfonso voltou para o interior do quarto e fechou a porta.

—Ela está voltando — disse.

—Oh, eu... — O rosto de Anahí contraiu-se numa máscara de dor e ela cerrou os punhos.

—Mais uma? — Alfonso perguntou, apesar de conhecer a resposta.

Sem pensar, estendeu a mão para a porta.

—  Vou chamar a enfermeira. — Devia haver alguém ali, uma pessoa com mais experiência e preparo que ele.

Mas a jovem o deteve com um rápido movimento de cabeça. Parado, sem saber o que fazer, esperou que ela superasse a onda de dor e só voltou a respirar quando a viu relaxar.

—   Tudo bem?
Ela assentiu.

—   Nesse caso, acho que posso- ir embora. — Devia ir. A pobre mulher devia estar ansiosa por um pouco de privacidade.

O movimento afirmativo de cabeça repetiu-se.

Mas antes que pudesse abrir a porta Alfonso identificou os sinais de mais uma contração. Era um movimento invo­luntário que começava em algum lugar perto dos joelhos, um espasmo tão intenso que podia ver as pernas se enri­jecerem mesmo sob o cobertor, e depois seguia até os ombros dominando todos os músculos que encontrava pelo caminho. De repente estava ao lado dela, mais perto do que estivera quando a carregara do carro para a cadeira de rodas.

Uma das mãos segurou o pequeno punho cerrado, e com o passar dos minutos, a dor diminuiu e os dedos relaxaram sob seu toque.

Percebeu que estava sentado na beirada da cama. A nuca foi novamente tomada por um calor intenso quando viu uma gota de suor brotando de sua testa, escorrendo ate o queixo. Não a tocou; apenas acompanhou o trajeto na pele trans­lúcida do rosto cansado.

—Você está bem? — Assim que tivesse certeza de que tudo corria de acordo com o previsto poderia deixá-la. Por favor, diga que está tudo bem — sussurrou.

—Odeio admitir, mas... estou com medo.

Ninguém mais saiu do quarto depois disso. Várias pessoas entraram, algumas carregando equipamentos, outras exi­bindo os trajes verdes do centro cirúrgico.

A cada passo do procedimento Alfonso fitava os olhos de Anahí. Esperava que ela pedisse para ficar sozinha com o médico e os enfermeiros, mas a jovem não soltava sua mão. Em vez de cerrar os punhos, passou a enfrentar as contrações agarrando seus dedos como se ali estivesse sua única chance de sobrevivência, em pouco tempo Alfonso deixou de sentir os dedos.

E daí? Quem precisava de dedos, quando uma nova vida estava prestes a chegar ao mundo?

Manteve os olhos fixos no rosto de Anahí. O que acontecia do pescoço para baixo só dizia respeito a ela e ao médico. O que ocorria entre ela e Alfonso era algo restrito ao olhar. E foi com o olhar que tentou dizer que acreditava nela, que confiava em sua força e em seu poder feminino.