Fanfic: Um Amor de Bebê s2 AyA adaptada (Terminada)

E enquanto aquela criança chegava ao mundo, Alfonso a viu transformar-se de mulher em mãe, e sentiu-se tão pequeno diante daquilo quanto um homem de vinte e sete anos sem nenhuma experiência no assunto poderia se sentir.

Pouco depois da meia-noite, o quarto ficou praticamente deserto e silencioso. A maior parte do equipamento havia desaparecido, mas a cama ainda estava lá, e um pequenino berço de plástico transparente, e Anahí e sua minúscula coi­sinha avermelhada que mais parecia um amendoim com pernas e braços.

O menino que ela acabara de dar à luz.

O bebê dormia aninhado em seu peito. Ela também mantinha os olhos fechados, exausta. Alfonso perdera o contato com ela há algum tempo, desde que alguém pusera o bebê em seus braços.

Algo na visão da mulher com o filho no colo o fez sorrir. E algo naquele sorriso despertou o instinto de autopreservaçào, como se tivesse de defender sua condição de homem solteiro.

—  Preciso sair daqui — disse em voz alta.

Bateu as mãos abertas sobre as coxas e levantou-se da cadeira que havia colocado bem perto da cama. Era hora de partir.

—  Bem... parabéns.

Ela resmungou alguma coisa com voz sonolenta.

Aliviado, começou a mover-se. Anahí devia estar feliz por poder finalmente ver-se livre dele.

O que era compreensível. Afinal, não tinha o direito de estar ao lado dela num momento tão íntimo.

A porta se abriu e a enfermeira entrou no quarto.

—  Não vá embora.

O tom autoritário o irritou e Alfonso reagiu de maneira automática.

—Escute aqui, só vim até ao hospital porque dei uma carona a essa mulher. Não sou...

—Espere um minuto. — Anahí abriu os olhos e encarou-o. Era como se o estivesse vendo pela primeira vez.

—Só mais um detalhe — a enfermeira anunciou sorri­dente. — Um detalhe excitante.

A porta havia sido deixada aberta, e havia uma multidão suspeita no corredor.

—Não tenho tempo para mais nada — Alfonso respondeu.

—Só um minuto — Anahí repetiu, ignorando as mãos da enfermeira ajustando o cobertor sobre seu corpo e a manta em torno do bebê. — Wentworth, não é? Você é um Wentworth?

Ele assentiu, percebendo que o pequeno grupo se apro­ximava da porta.

—Vamos deixar para conversar em outra...

—Só preciso de um segundo. — Sustentando o bebê com um braço, ela usou a outra mão para acionar o controle eletrônico da cama, e pouco depois alcançava uma posição reclinada. — Fui à sua casa esta noite para lhe dizer algo muito importante.

Uma das pessoas estava quase alcançando a cama de Anahí. Era um homem, e no lugar do avental branco e da prancheta comum entre os médicos, ele segurava uma câ-mera fotográfica. Um arrepio gelado percorreu o corpo de Alfonso, uma espécie de pressentimento assustador.

—Outra hora — disse. — Preciso mesmo...

—Por favor. É importante.

Anos de educação obrigaram-no a parar. Era um solteirão convicto e inveterado, mas nem por isso deixava de ser um cavalheiro. A enfermeira aproveitou o momento de indecisão para empurrá-lo para perto da cama.

—  O que é isso? — perguntou perturbado.

O homem com a câmera tentava focalizá-los. A enfermeira fez um gesto grandioso na direção da cama.

—Este é o primeiro bebê do ano em Travis County!

—Não... — Alfonso gemeu. De repente sabia como aquilo tudo acabaria. Apressado, tentou sair da área de alcance da câmera.

—Sei onde está Sabrina — Anahí anunciou.

—O quê? — A surpresa levou-o a chegar mais perto da cama. — Sabrina? — A luz do flash invadiu o quarto.

E foi essa a imagem que toda a cidade encontrou na primeira página do Springs Daily Post do dia seguinte. A manchete dizia: Freemont Springs dá as boas-vindas ao pri­meiro bebe do ano! A foto era enorme. O bebé era protegido por um cobertor com o logotipo do Travis County Hospital. A mãe parecia exausta, porém feliz. E no lugar do pai estava o mais cobiçado e inatingível solteiro de Freemont Springs. Sim, lá estava Alfonso Wentworth, os olhos arregalados e a boca aberta numa expressão estúpida e assustada.