Fanfic: Um Amor de Bebê s2 AyA adaptada (Terminada)

Os ditados de Alice continuavam desfilando pela mente de Anahí enquanto ela tentava dormir sob o cobertor fino do Freemont Springs Hotel.

Se quer evitar a fumaça, não se aproxime do fogo. Tarde demais para extrair algum proveito desse. O desejo por Alfonso já a queimara completamente.

Não se pode emendar um ovo quebrado. Uma grande ver­dade. O desejo se transformara em amor e era inútil desejar que o sentimento fosse embora.

Amor, dor e dinheiro não podem ser mantidos em segredo. Logo acabam por se traírem. Nesse, lema Alice se enganara. Perdera Alfonso no instante em que dissera a Joseph que o amava.

Esfregou os olhos e desejou poder dormir em vez de ana­lisar os fatos. Mas continuava recordando aquele momento em que confessara seu amor. Alfonso encolhera-se, tenso, e sabia que fora então que ele havia decidido que perma­neceriam casados.

Devia ter ficado satisfeita. Talvez houvesse se contentado com isso há alguns meses.

Talvez se contentasse agora.

Levantou-se da cama para ir espiar o filho por entre as grades de metal do berço do hotel. Poncho dormia, as mãos semicerradas perto do rosto rechonchudo, a boca se movendo como se sonhasse estar sugando seu seio.

Ele teria outros sonhos. A Liga Infantil de beisebol. Construir carros possantes. Coisas de meninos sobre as quais não sabia nada.

Ao deixar Alfonso teria negado ao filho a satisfação de alguma necessidade. Algo que ele merecia?

Pensou nos próprios pais. Nas mãos, maternas ou pater­nas, que a enrolaram num cobertor tão velho e rasgado que ninguém se preocupara em guardá-lo. Nas mãos que a dei­xaram dentro de uma caixa na porta do hospital no centro de Los Angeles.

Qual teria sido a extensão da solidão dessa pessoa?

E qual seria o tamanho de sua solidão sem Alfonso?

A grade de metal começava a absorver o calor de sua mão. Anahí soltou-a, flexionou os dedos e pegou o bebê do berço. Sem despertar, Poncho aninhou-se em seu peito. Ela voltou para a cama e puxou o cobertor para aquecê-los.

Alfonso não a amava. Alfonso não acreditava no amor.

Teria sido essa característica que tornara tão fácil para aquelas mãos desconhecidas a abandonarem? Por que o amor era apenas uma palavra sem sentido na mente que as comandava?

Poncho procurou seu calor enquanto dormia. O peso mor­no sobre seu coração desatou o nó que se formara em seu peito. Amor. O sentimento preenchia seu ser como o ar dentro de um balcão.

Anahí encostou o rosto molhado na cabeça do bebê. Quem quer que a houvesse deixado na porta do Masterson Hospital cometera um erro. Alfonso estava errado. O amor existia. E merecia todos os esforços e sacrifícios.

Afastar-se de Alfonso havia sido a decisão acertada. Ela e Poncho encontrariam um meio de sobreviverem sozinhos. Rasgaria aquele estúpido acordo pré-nupcial e recusaria tudo que viesse de Alfonso. Não podia aceitar nada, porque a única coisa que queria dele era amor.