Fanfics Brasil - Capítulo 9 - A Profecia As Crônicas da Cidade Maldita

Fanfic: As Crônicas da Cidade Maldita | Tema: Vampiros, Terror, Suspense,


Capítulo: Capítulo 9 - A Profecia

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Arredores de Raven Hill, Mansão Crow – 2013


Varo Crow


Fechei a porta quando o último deles sumiu dentro da floresta. Voltei para a sala e sentei em um dos sofás perto da lareira. Os outros estavam do outro lado da sala, perto da tapeçaria do Clã. Fiquei olhando para ela durante um tempo. Lendo e relendo os nomes tachados e lembrando de cada rosto ao qual eles pertenciam. Cada um deles tão vivo em minhas memórias que por um momento era quase como se eles estivessem ali ainda.


Rapidamente tratei de tirar minha mente daquilo. Quando se vive eternamente, a gente passa por muita coisa. Todas essas lembranças ficam com você... eternamente. E viver como um vampiro vive, faz com que as lembranças boas não tenham valor. Apenas as lembranças que deveríamos esquecer. Elas atormentam a gente, mudam a gente e, em geral, é a causa de nossa destruição. Havia sido assim com cada um que já havia morrido antes.


O Clã Crow precisava de reforços. A guerra estava chegando e em breve nossos inimigos se revelariam. Nós precisávamos agir rapidamente. Se tivéssemos um lugar para nos proteger contra eles e unir os outros clãs teríamos alguma chance de sobreviver, ou até mesmo de erradicar para sempre nossos inimigos. Mas para isso, Raven Hill precisava ser nossa. E seria, muito em breve.


Todo o plano de nos revelarmos aos humanos não havia saído como planejado. A intenção era proliferar o medo e controlar a cidade, mas as coisas saíram do controle quando o governo da cidade declarou guerra contra nós. A resistência havia nos pego de surpresa. Não que houvesse qualquer chance deles vencerem contra nós, mas mesmo assim, precisamos pensar em um novo plano. Vinte anos haviam se passado desde então, mas para os vampiros isso era um piscar de olhos, e mesmo com todas as outras coisas boas que eu planejei e que deram certo, os outros membros do clã nunca esqueceram o erro que eu cometi em nos revelar, e nunca me perdoariam por isso.


Meus pensamentos foram interrompidos por uma voz feminina e infantil ao meu lado. Olhei para a fonte da voz. Havia uma menina de sete ou oito anos parada diante de mim. Tinha a pele branca onde as veias pulavam em riscos azuis e os cabelos loiros claro, quase brancos e encaracolados caídos de forma desarrumada e perturbadora sobre o rosto. Tinha um corpo pequeno e sem formação, o que a levou a uma transição bizarra quando foi transformada. Mas o pior de tudo na visão daquela menina eram seus olhos. Não havia íris, pupila ou cílios nos olhos dela. Eram apenas dois globos brancos, completamente cegos e deformados.


— Ela quer vê-lo agora.


A notícia me pegou de surpresa. O que ela queria comigo agora? Silenciosamente me levantei do sofá e dei a mão á menina. Ela me conduziu para a escada de mármore. Todos na sala pararam e me observaram subir a escadaria com a menina como guia. Todos tinham medo da menina e principalmente dela. Eu não.


A menina me conduziu para o terceiro andar. No final de um dos corredores, o único sem luminárias acesas, havia uma porta de madeira. Na porta haviam vários arranhões, como se alguém tivesse escrito coisas com as unhas, e em alguns desses escritos era possível ver sangue seco agarrado dentro das frestas. A menina me guiou até a porta, mas soltou minha mão antes de abri-la. Quando as dobradiças enferrujadas rangeram com o peso da porta que se abria, a menina entrou e abriu caminho para mim. Eu a segui quarto adentro.


O quarto era simples. Havia uma cama de casal no meio, com pilastras nos quatro cantos e um tecido semitransparente cobrindo tudo. De um lado havia uma penteadeira vazia e um espelho quebrado. Do outro lado havia uma mesa com uma bacia de água e um pano encardido e sujo com algo que parecia sangue, mas estava preto. Atrás da cama, do outro lado do quarto, uma janela fechada com uma cortina empoeirada. O quarto fedia a mofo e podridão.


Olhei mais uma vez para a cama e vi um vulto se mexendo dentro das cortinas. O vulto parecia estar em agonia ou êxtase, pois fazia movimentos estranhos e lentos. Eu sabia o que tinha que fazer. Me aproximei da cama, mas parei quando senti uma mão segurar meus ombros por trás. Me virei e vi a menina loira parada diante de mim, encarando-me com seus olhos cegos, quase como se pudesse me ver, coisa que eu não duvidava. Ela tirou meu casaco de couro preto e minha blusa, e em seguida desatou o meu cinto. Senti quando ela saiu de perto de mim, e mais uma vez ela havia desaparecido. Eu ainda estava com as calças, que tratei em tirar. Fiquei completamente nu. Abri uma fresta na cortina da cama e uma estranha luz inundou e me cegou temporariamente. Entrei pela cortina e aos poucos minha visão foi se acostumando com a imagem.


Eu estava em lugar completamente diferente. Era uma casa bonita de paredes pintadas de bege. Eu conhecia o local. Aos poucos emoções e lembranças voltaram, memórias de uma outra vida. Uma vida humana em 1890. Cento e vinte anos atrás. Aquela era minha casa quando ainda era humano. Foi ali, naquela casinha ao sul da Itália, onde nasci e cresci. Foi ali, em Florença, que vivi. Mas quando saí dali, quando fui para Roma, pela primeira vez, que sofri meu acidente. Mas tudo havia acabado, e eu estava de volta. Será que estava sonhando esse tempo todo?


Havia uma linda mulher na sala. Estava de costas pra mim, mas eu sabia quem era. Tereza. Eu lembrava do que sentia por ela, e senti novamente. Quando sentiu minha presença ela se virou e me viu completamente nu. Sorriu maliciosamente, com um sorriso encantador de tirar o fôlego, e me beijou. Olhou para meu corpo definido e musculoso com um desejo sombrio. Ela começou a se desfazer de suas roupas rapidamente e me puxou para a cama. Deitou-se e me puxou sobre ela. Comecei a beijá-la loucamente e a passar a mão por suas curvas. Sentia seus seios duros sob minhas mãos e sua barriga encostando-se à minha. Desci a mão mais um pouco e senti a umidade de sua boceta gritando por mim e enfiei nela. O cheiro dela me inebriava e me possuía. Seus cabelos negros e compridos espalhados sobre a cama, suas sardas perfeitas me encarando, junto aqueles olhos verdes.


— Ti amo — Ela disse.


Não respondi. Apenas a beijei enquanto gemia lentamente. E então aconteceu. Eu ainda tinha meu pau dentro dela quando seus olhos ficaram tão brancos quanto os da garota do quarto. Seu corpo se contorceu para trás em uma dança de agonia, e seus gemidos se transformaram em um grito quase sobrenatural. Paralisei, sentindo medo pela primeira vez desde que virei vampiro. O que estava acontecendo?


A voz suave e sensual se transformou em algo assustador, como se milhares de pessoas, homens e mulheres e crianças falassem por ela, uma voz sinistra e quase demoníaca.


— Trinta e três saíram e três voltarão! Um deles será sua perdição! E quando o sangue e o fogo baterem a sua porta, ele irá te trair, e você sofrerá antes de partir!


E então tudo voltou ao normal. A mulher gemia de prazer debaixo de mim, sua voz sensual havia voltado e seus olhos verdes me encaravam enquanto ela me abraçava louca de paixão. Saí de dentro dela e a deixei sem entender nada sobre a cama, triste pelo sexo inacabado. Olhei ao redor e vi uma porta fechada por uma cortina. Atravessei a porta correndo e me deparei no quarto escuro da mansão Crow novamente.


Peguei minhas roupas e me arrumei. A sombra dentro das cortinas da cama ainda dançavam de forma estranha, mas não me importei em olhar para ela. Saí do quarto, a menina de cabelos loiros e olhos brancos estava na porta, encarando o corredor como antes, como se nada tivesse acontecido lá dentro, e não pareceu se importar com minha saída do quarto. Voltei para o hall da mansão e olhei para o relógio sobre a lareira. Dois minutos haviam se passado desde que a menina foi me buscar.


Sentei novamente no sofá e pensei no que havia acontecido. Trinta e três saíram e só três voltariam. Um deles me trairia e seria a causa da minha morte. Eu não podia deixar isso acontecer. Eu teria que descobrir qual deles me trairia e deveria mata-lo. Ou, deveria matar os três.


Um por um.



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Autor(a): raphaelaguiar91

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