Fanfics Brasil - Capítulo 10 - O Ataque As Crônicas da Cidade Maldita

Fanfic: As Crônicas da Cidade Maldita | Tema: Vampiros, Terror, Suspense,


Capítulo: Capítulo 10 - O Ataque

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Avenida Raven Hill – 1996


Andrew Goodman


Uóóóóóóóóóóóóóm


A sirene ecoava por toda a cidade. Cada prédio vibrava, cada janela reverberava, cada pessoa tremia diante do som que surgiu e da preocupação que se instalou. A preocupação se tornou medo e o medo se tornou pânico, o pânico, enfim, se tornou caos. E a cidade sucumbiu diante da realidade que acabara de assolar Raven Hill: estávamos sendo atacados!


Eu ainda estava parado no meio da estrada. O soldado torturador estava sobre o corpo do homem, que boiava na poça de sangue resultante do tiro a sangue frio que ele recebera, olhando para cima, como se esperasse ver algo vindo do céu. As pessoas que estavam ao redor dele começaram a correr para todos os lados. Algumas voltaram para os carros e outras corriam para os prédios mais próximos.


Uóóóóóóóóóóóóóm.


Robert veio correndo em minha direção e me puxou pela manga da camisa. Corríamos em direção aos carros de onde vinham, e vi quando, ao fundo, não muito longe de onde estávamos, em uma pequena parte do Muro que ainda era possível ver, milhares de pessoas se jogavam do topo. Eu sabia que não eram pessoas normais, e sabia o que aquilo significava.


Puxei Robert e o impedi de continuar até o carro.


— Temos que sair daqui! — Gritou ele, apontando para os carros, não muito longe de onde estávamos.


— Não iremos conseguir sair daqui de carro. A avenida está bloqueada, será suicídio na certa. Temos que nos esconder.


Ele olhou para a avenida diante de nós e viu que eu tinha razão. Haviam muitos carros abandonados na frente do ponto de onde estávamos. Não haveria chance alguma de sobrevivermos se ficássemos ali. Olhei ao redor e vi um prédio de apartamentos residenciais, próximo à avenida. Apontei para o prédio e disse para procurarmos esconderijo por lá.


Uóóóóóóóóóóóóóm.


Cada vez que a sirene gritava, um arrepio corria a minha espinha, e eu podia ver Robert cochichar algum tipo de prece enquanto corria atrás de mim. Estávamos quase chegando na porta do edifício quando um grito feminino cortou o ar atrás de nós. Paramos e nos viramos para ver o que estava acontecendo. A mulher que estava gritando na multidão para o homem descer do carro e sair do caminho antes do soldado assassino aparecer estava no meio da avenida. Ela, aparentemente, havia tentando fugir de carro. Haviam duas figuras vestidas com sobretudos negros e ela estava entre os dois. Eu e Robert vimos a cena horrorizados acontecer diante de nossos olhos.


Uóóóóóóóóóóóóóm.


Uma das figuras de sobretudo deu um tapa no rosto da mulher com tanta força que ela se desequilibrou e caiu no chão, ajoelhada diante deles. O outro homem se abaixou e a agarrou pelos cabelos, puxando-a para obriga-la a ficar de pé. A mulher gritava de dor, enquanto tentava soltar os cabelos da mão dele. O outro sorrindo, começou a passar a mão pelos seios dela e a rasgar a roupa da mulher, que chorava descontroladamente. Então, com a roupa já aberta, o homem pegou uma faca do bolso, e passou pela pele, superficialmente, abrindo um pequeno corte do peito até a altura do umbigo, enquanto ria e se divertia com o que fazia. Eu vi enquanto o sangue corria e a sujava e o homem que a segurava pelo cabelo lambia seu pescoço e seu rosto de forma pervertida e nojenta, rindo e sentindo prazer nisso. A mulher estava em prantos. Eu queria ajuda-la, mas o pânico me impediu. O homem com a faca então passou a mão pela barriga ensanguentada da mulher e depois lambeu os dedos. Cada gota de sangue da mulher que havia nele foi bebido, como se saboreasse algo único e exótico. Era nojento e cruel assistir aquilo. O medo me paralisou e eu não conseguia correr. Depois de saborear o fluido da mulher, ele então enfiou a faca na barriga dela e mordeu seu pescoço. A mulher parou de gritar lentamente, como se suas forças estivessem se esvaindo aos poucos. O homem ficou agarrado como um parasita, um verme qualquer, preso no pescoço dela, se alimentando da vida dela. E então, menos de um minuto depois, ele puxou a faca da barriga e a soltou.


Ela caiu no chão, pálida, dura e morta.


Uóóóóóóóóóóóóóm.


Robert estava ao meu lado, tão chocado quanto eu, enquanto assistia a cena do assassinato da mulher. Eu fiquei observando os vampiros olharem ao redor como se farejassem a próxima vítima e então entendi que precisávamos sair dali, o mais rápido possível. Havíamos nos arriscado muito observando a cena toda, e precisávamos nos esconder o mais rápido possível.


Puxei Robert para dentro do edifício e nos deparamos com um hall grande. Sofás, mesas, uma bandeja com xícaras e um bule de café e do outro lado da sala, uma porta vermelha de escada de emergência. Corremos para a porta e começamos a subir. Eu subia dois degraus de cada vez, e Robert tentava me acompanhar. Estávamos no quarto andar, quando ouvimos a porta vermelha pela qual havíamos entrado no térreo se abrir com força.


— Não adianta correr — Gritou uma voz maníaca do primeiro andar, que parecia se divertir com a caçada — Eu sei que vocês estão aí, posso sentir o cheiro de vocês.


Merda, pensei, e olhei para Robert, que tinha os dois olhos arregalados de medo. Puxei Robert para a porta que saía da escada de emergência, e nos deparamos com o corredor do quarto andar. Corremos alucinadamente e viramos em uma esquina no final do corredor, que dava para uma fileira de portas numeradas de 401 a 405. Corri até a porta da direita e testei. Trancada. A próxima, trancada. Robert começou a fazer a mesma coisa com as portas da esquerda, mas teve a mesma sorte que eu tive com as outras. Eu testei a última porta da direita. Apartamento 405. Fechei os olhos e rezei antes de virar a maçaneta. Aberta. Olhei para Robert que correu até onde eu estava, no momento em que a porta da escada de emergência se abriu com força. Entramos no apartamento antes que ele pudesse nos ver.


— Saiam daqui! — Uma voz sussurrou atrás de mim. Havia um homem parado com uma cruz de prata levantada e apontada para nós. A cruz tinha a ponta maior afiada como uma estaca.


— Por favor... — Disse Robert.


— Nós não somos eles. Tem um deles lá fora.


O homem hesitou por alguns momentos e então abaixou a cruz. Ouvimos uma das portas estourar no corredor e corremos para um dos quartos. O homem entrou e nós fomos atrás. As luzes estavam apagadas. Havia uma cama e um armário, mais nada. Robert tratou de correr e se jogar embaixo da cama. Eu corri para o armário e o homem se escondeu atrás da porta, abaixado. Abri o armário na hora em que ouvi a porta do apartamento em que estávamos explodir, mas não havia espaço para eu me esconder. Olhei para a porta do quarto, no momento em que o vampiro abriu a porta.


Era o mesmo vampiro que havia enfiado a faca na barriga da mulher no meio da avenida, poucos minutos atrás. Ele me encarava com um sorriso debochado e divertido no rosto. Suas mãos e seu rosto, na região da boca, estavam sujos de sangue, como uma criança que havia acabado de comer um doce. Seu olhar era perturbador. Suas pupilas vermelhas de sangue e de ódio eram intensificadas pelas olheiras negras na pele pálida e morta. Se o demônio existia ele deveria se parecer com aquilo. Eu dei um passo para trás e senti o beiral da janela encostar em minhas costas. A vidraça fria e dura atrás de mim. E aquele demônio diante de mim. Não havia saída.


O vampiro deu um passo em minha direção, sorrindo alegremente. Senti a sala ficar fria e cada vez mais escura. A noite já havia se estabelecido lá fora e era possível ouvir gritos por todos os lados. O vampiro veio se aproximando lentamente de mim. Suas presas sujas de sangue brilhando ao brilho da lua que entrava pela janela atrás de mim. A faca, também suja de sangue, em sua mão, pronta para o primeiro sinal de resistência. E então, o homem com a cruz na mão, que estava escondido atrás da porta se jogou sobre o vampiro e cravou a estaca de prata em forma de cruz nas costas da criatura. Ele guinchou de agonia e fúria e virou-se em direção ao homem. Quando se virou pude ver a ferida da cruz queimar lentamente e sair fumaça, como se a arma estivesse em brasa. O vampiro meteu a mão nas costas e puxou a cruz, retirando-a de dentro do próprio corpo, sua mão queimando ao toque da cruz também. Ele largou a arma no chão e foi em direção ao homem. Pegou-o pelo pescoço e o levantou do chão, sufocando-o.


O riso no rosto do vampiro era perturbador. Ele parecia realmente sentir prazer em fazer o que fazia. Era puro sadismo refletido em seus olhos. Ele não só parecia querer mata-lo, como parecia se divertir com aquilo. Como se fosse um hobbie para ele. Ele enfiou a faca na barriga do homem e a retirou. Depois enfiou-a novamente, em outro lugar e ficou fazendo isso repetidamente, brincando com o corpo agonizante dele.


De repente ele se virou e lançou o homem em minha direção. Eu me joguei para o lado, e cai no chão, no momento em que o homem acertou o armário ao meu lado e caiu, sentindo dores das feridas de faca e das prováveis costelas quebradas que havia acabado de adquirir. Eu estava caído ao lado da cama. Vi Robert escondido debaixo dela, olhando para mim, assustado, com olhos esbugalhados. Por um momento havia me esquecido completamente dele.


O vampiro havia ido até o homem novamente. Aparentemente, ele havia esquecido de mim. Ele o pegou pelo pescoço novamente e o levantou. Começou a meter os dedos longos nas feridas abertas pela faca e a torturar o homem, que gritava alucinadamente. Desviei o olhar da cena grotesca e vi a estaca de prata em forma de cruz jogada no chão, do outro lado de Robert. Eu não conseguiria alcançar sem que o vampiro percebesse o movimento, mas Robert só precisava esticar a mão.


Apontei com a cabeça para a estaca. Robert olhou para a arma e, por baixo da cama, olhou para o vampiro, que estava de costas para nós ainda torturando o homem. Robert hesitou e então lentamente se esticou até a estaca. Eu sentia muito medo, mas eu precisava fazer alguma coisa. Robert enfim alcançou a cruz e a puxou lentamente, para não fazer nenhum barulho. O vampiro estava entretido com a tortura do homem que o atacara.


Lentamente ele me passou a estaca. O homem já quase desmaiava na mão do vampiro. Me levantei devagar e tomei uma decisão.


— Ei, seu filho da puta.


O vampiro largou o homem e virou o corpo para trás no momento em que me lancei sobre ele. A estaca perfurando a pele gelada e morta dele, na altura do coração. Ele guinchou ainda mais alto daquela vez e arregalou os olhos. A ferida queimando como da outra vez. Ele pareceu perder todas as forças. E então, o que aconteceu em seguida, aconteceu rápido demais. O vampiro novamente mudou sua expressão de dor para ódio e me empurrou para trás. Meu corpo voou e bateu na parede sobre a cabeceira da cama, antes de cair sobre o colchão. Mas o vampiro não me atacou. Eu consegui olhar a tempo de ver o homem abraçar o vampiro pelas costas, segurar a cruz e empurrar ainda mais para dentro do corpo da criatura que guinchou de dor novamente, ainda mais alto do que na vez anterior. Depois, ainda abraçado com a criatura, ambos encharcados em sangue, o homem se jogou em direção a vidraça da janela, estourando-a e criando uma chuva de vidro. E os dois caíram pela noite.


Corri em direção a janela. O corpo dos dois estava no chão, vinte metros abaixo de onde estávamos. O homem de costas, sobre uma poça de sangue. A cabeça aberta no chão, onde ela batera no impacto da queda. O vampiro morto, ainda queimando onde a cruz estava enfiada guinchava de dor como um porco. E então, seu corpo entrou em combustão. O grito de dor, se transformou em um lamento de agonia e parou repentinamente. As chamas consumindo os dois cadáveres no chão de asfalto. Quando Robert chegou a janela, os dois já estavam quase que completamente tomados pelo fogo. Olhei para ele, que ainda estava assustado. Ele, suspirando nervoso e ofegante e não acreditando no que acabara de acontecer, disse:


— Precisamos sair daqui o mais rápido possível.


Pela janela quebrada ainda era possível ouvir a sirene tocando lá fora.


Uóóóóóóóóóóóóóm.



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Autor(a): raphaelaguiar91

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