Fanfics Brasil - Capítulo 16 - Uma Verdade Que Poucos Sabem As Crônicas da Cidade Maldita

Fanfic: As Crônicas da Cidade Maldita | Tema: Vampiros, Terror, Suspense,


Capítulo: Capítulo 16 - Uma Verdade Que Poucos Sabem

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Mansão Crow, Arredores de Raven Hill – Atualidade


Ryan Folley


Era estranho sentir-se em casa em um ninho de vampiros, e por mais que eu lutasse contra aquele sentimento, era o que estava acontecendo comigo. Eu estava bem ali, quase feliz por ter sobrevivido a Iniciação, e agora eu era um deles. Era estranho afirmar isso, mas ter uma meia-vida era melhor do que estar morto.


Desde que a Iniciação terminara, e eu e os outros dois voltamos vivos para a mansão, os vampiros antigos estavam festejando. Na verdade, qualquer coisa era motivo para uma grande festa naquele lugar. Bebidas alcoólicas, bolsas de sangue, drogas e sexo era o que não faltava naquele local. Eu estava sentado em um sofá um pouco isolado de onde a festa de verdade acontecia, e por “festa de verdade” eu me referia a uma grande orgia na sala de estar, envolvendo cerca de cinquenta vampiros e vampiras com os narizes sujos de cocaína ou a gola das roupas manchadas com uísque derramado e sangue ressecado.


Era uma cena grotesca de se ver, mas ao mesmo tempo, eu me sentia confortável ali. Varo havia me dito que eu não deveria tentar me lembrar de meu passado, que isso iria apenas me deixar mal e me causar dor. Eu sabia que aquele não era eu. O verdadeiro Ryan Folley jamais seria um cara que gostava de bizarrices. Por algum motivo eu me lembrava daquilo. Olhei para a orgia e vi Varo do outro lado, observando tudo, com uma taça de sangue nas mãos. Por algum motivo, ele não parecia prestar atenção e tinha um semblante pensativo e preocupado.


Levantei-me do sofá e atravessei o salão. Quando passei perto de uma mulher, que estava sendo penetrada por três vampiros ao mesmo tempo, fui agarrado pela parte de baixo da camisa e me chamava, convidativamente e sem pudor algum, para me unir a eles quatro. Eu não conseguia imaginar como os três conseguiam fazer aquilo nela e tive medo de descobrir a resposta, então me soltei dela e andei até Varo que continuava distraído em seu estranho devaneio solitário.


O líder do clã estava jogado sobre o sofá, quase deitado, com uma perna jogada sobre os braços da mobília e uma mão segurando uma taça de sangue pela metade, que ele mexia compulsiva e involuntariamente, como se misturasse a bebida viscosa e com cheiro adocicado e atrativo. Eu havia acabado de beber sangue direto do pescoço de minhas vítimas, na floresta, menos de vinte horas atrás. Eu ainda estava me sentindo alimentado. Não sabia dizer quanto tempo o efeito do sangue durava, mas ainda não me sentia fraco ou sedento como quando eu acordei. O sangue na taça parecia saboroso, mas não tive a mesma reação como das outras vezes.


Varo me encarou quando me aproximei e sentou-se reto no sofá para que eu pudesse me sentar ao lado dele. Ele estendeu a taça de sangue pra mim, mas recusei.


— Ryan, não é? — Perguntou.


— Sim, Ryan Folley.


— Gostando da festa, Ryan Folley? — Ele tinha um tom de voz sarcástico, mas pelo que eu havia visto das pessoas na mansão, aquele poderia ser o jeito normal dele.


— Não sou muito fã de festas.


— Ryan Folley... — Ele repetiu meu nome algumas vezes, baixinho, como se sussurrasse para poder gravar, totalmente ignorando meu comentário sobre a festa — Ryan Folley... De onde vem seu nome... e seu sotaque?


— Do mesmo lugar que eu: Dublin.


— Irlanda. — Concluiu ele — Bonito lugar.


— Conhece meu país?


— Conheci há algumas décadas atrás. Porque saiu de lá?


— Vim tentando fazer minha vida aqui na América.


— Conseguiu fazer a morte pelo menos, não é? — Ele debochou.


— Acho que sim. — Eu ri.


Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas observando a bizarra orgia que acontecia no salão. Eu não havia reparado antes, mas um dos novatos que fizera a Iniciação comigo estava no meio, com duas mulheres ao mesmo tempo.


— Posso lhe fazer uma pergunta, senhor?


— Me chame de Varo.


— Tudo bem, Varo. — Apoiei os cotovelos sobre os joelhos e cruzei as mãos, encarando elas enquanto pensava em como ia perguntar o que me afligia desde o início — Porque nós fomos transformados? Têm alguma coisa haver com aquela história de guerra que você me disse quando acordei?


Varo me encarou curioso, mas com um semblante estranho, como se estivesse preocupado em me responder aquilo. Ele se levantou, foi até o bar que havia na parede abaixo da tapeçaria com a árvore genealógica do clã, e encheu um copo com whisky puro. Ele bebeu o copo de uma só vez, em um gole, e tornou a enchê-lo.


— Sim — Respondeu ele — Têm haver com a guerra.


— Você está formando um exército?


— Estou, mas a transformação não é para os fracos. Não posso aceitar qualquer idiota em meu clã, por isso a Iniciação. Eu quero saber quem realmente quer viver, porque quando se quer viver, se é capaz de fazer qualquer coisa...


— ...Até mesmo matar. — Completei.


Ele me encarou de rabo de olho, e sorriu:


— Sim, até mesmo matar.


Fiquei em silêncio por um tempo, absorvendo o que ele havia acabado de me revelar.


— E qual é o próximo passo agora? — Perguntei.


Ele não respondeu. Ficou me encarando em silêncio com aquele mesmo olhar debochado que tinha o tempo todo na outra mansão, quando acordei.


— Ryan — Começou ele — Minha vez de lhe fazer uma pergunta: você está feliz em estar aqui?


Eu fui completamente pego de surpresa. Eu não fazia a menor ideia de como responder aquilo, porque eu não fazia a menor ideia da resposta. Eu estava feliz ali?, me questionei. Eu era um vampiro, viveria eternamente, mesmo que amaldiçoado, e era forte, capaz de qualquer coisa. Me lembrei do casal no carro que eu havia bebido na noite anterior, da forma como eles gritaram por misericórdia, por suas vidas. Da forma como o medo, a dor e o pânico do desconhecido os abateu, sabendo que iriam morrer. Eu não queria sentir aquilo, nunca mais. Mas ter medo de morrer é para os vivos, para os humanos. Eu não estava mais vivo. Então, porque eu deveria estar infeliz com a minha “semivida” se as outras opções eram viver a vida limitada que os humanos têm ou morrer de uma vez por todas?


— Sim, eu sou feliz aqui. — Respondi, sem pensar duas vezes.


— Ótimo — Disse Varo, depois de me encarar por alguns segundos, como se analisasse minha resposta. Ele era um cara estranho, mas no fundo eu até que gostava dele — O próximo passo... vejamos... — Ele bebeu o copo de whisky e sentou-se novamente no sofá — Eu preciso de um favorzinho seu.


— Um favor?


— Preciso que investigue uma coisa para mim. — Deu mais um gole no whisky — Quero que você estude a lealdade de nossos outros recém chegados. Os dois que sobreviveram a Iniciação com você.


— Você está suspeitando de algo, Varo?


— Ainda não, mas não quero precisar chegar a isso. — Explicou — Quero saber que posso confiar totalmente em vocês três.


Aquilo era um pedido bem estranho, mas eu era apenas um novato naquele lugar. Eu não conhecia suas histórias, dilemas ou costumes, muito menos as pessoas que estavam ali, morando comigo. Éramos como uma família agora, mas eu não sabia do que eles eram capazes, então aquela investigação seria uma vantagem até mesmo para mim. Uma forma de saber com que tipo de gente estava lidando. Eu observei o novato que estava na orgia. Ele não me pareceu ser o tipo que faria o papel de traidor, mas eu não poderia apenas suspeitar quem faria o que.


— Farei a investigação para você.


— Ótimo! — Respondeu ele.


Eu me levantei do sofá, para me retirar para o meu quarto, no segundo andar da mansão. Antes de sair de perto, porém, me lembrei de perguntar algo que eu ainda não entendia.


— Sobre a guerra, porque estamos em guerra, afinal?


Varo fechou a cara, perdendo-se em suas memórias sabe-se lá de quantos anos.


— É uma história antiga, Ryan. Coisa de muito tempo atrás.


— Mas só tem vinte anos que a cidade sabe da nossa existência. Quanto tempo pode ter essa guerra?


Varo me encarou, confuso, e depois um lampejo de esclarecimento e diversão surgiu em sua face.


— Você acha que estamos em guerra contra Raven Hill?


— Não é? As invasões, os ataques, as transformações. O Muro foi levantado por nossa causa.


— Admito que o Muro seja um contratempo muito grande em meus planos, mas não estamos em guerra contra os humanos de Raven Hill.


— Então contra o que estamos em guerra, Varo?


Ele riu:


— Existem coisas muito piores e muito mais sombrias do que vampiros nesse mundo, Ryan. — Ele disse, um tom de voz um pouco assustado com as próprias palavras — Muito piores...



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Autor(a): raphaelaguiar91

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