Fanfics Brasil - Capítulo 18 - Sexo e Mentiras As Crônicas da Cidade Maldita

Fanfic: As Crônicas da Cidade Maldita | Tema: Vampiros, Terror, Suspense,


Capítulo: Capítulo 18 - Sexo e Mentiras

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Cafeteria Starbucks, Centro da Cidade — 1996


Elizabeth Silver


Peter era realmente um cara incrível. Se não fosse pelo fato de eu estar tentando engana-lo para algo que nem mesmo eu sabia o que era, se não fosse meu quase luto recente e se não fosse a certeza de que Jonathan estivesse lá fora em algum lugar, ainda vivo, esperando para ser resgatado, ele seria o tipo de cara com quem eu tentaria recomeçar do zero. Ele era inteligente, tranquilo e charmoso. O tipo de cara que as mulheres fariam qualquer coisa para ter. Ele era em uma palavra: perfeito.


Ele sorria para mim, enquanto tomava seu cappuccino gelado e comia o muffin de nozes e amêndoas. Nós nos encontramos algumas horas depois do incidente no elevador. Eu fiquei impressionada com meu raciocínio rápido e minha habilidade de mentir tão bem, que nem mesmo eu sabia que eu tinha. Fiquei mais de duas horas no hall de entrada esperando ele sair da reunião de seja lá qual negócio ele estava fazendo. Quando o avistei saindo do elevador, ele me pareceu preocupado com alguma coisa, mas logo em seguida, quando me viu indo em sua direção, ele abriu um largo sorriso e veio falar comigo.


Nós conversamos sobre muitas coisas enquanto nos dirigíamos para a cafeteria da esquina. Peter era um cara maduro e centrado, muito diferente da maioria dos caras que eu conhecia, que, quando estavam na frente de uma mulher, conseguiam ser ainda piores do que longe delas. A maioria deles só pensa em sexo e em se gabar pelas coisas que supostamente são os melhores em fazer, mas Peter era diferente. Ele conhecia os próprios limites e sabia admitir quando não era bom em algo. Ele era sincero, e eu podia ver a honestidade e a humildade em seu olhar. Ele me lembrou de Jonathan e uma forte dor apertou meu peito.


Falamos sobre muitas coisas. Ele havia acabado de começar a carreira como jornalista, e ainda estava para se formar quando chegou o Dia da Revelação. Isso aconteceu dois anos após ter se mudado para a cidade, aos dezoito anos, com o pai, após ele e sua mãe terem se divorciado. Trabalhou muito nas semanas seguintes, cobrindo as dezenas de reportagens sobre os vampiros que solicitavam a ele. Quando se formou, um ano mais tarde, ele arranjou emprego fácil como jornalista em uma rede de televisão. Sua carreira melhorava cada vez mais, e cada dia que passava, Peter tinha mais certeza que iria se sair bem na vida profissional.


Sua vida amorosa, porém, não era das melhores. Ele teve uma namorada na faculdade, que o abandonou logo assim que se formaram. Alguns meses depois, ele começou a sair com uma repórter do local em que trabalhava, mas ela acabou sendo demitida e contratada pela emissora rival. No início eles levaram as coisas como uma grande piada, mas aos poucos, a busca por furos e notícias exclusivas começou a criar uma tensão entre os dois. Em pouco tempo, os dois brigavam tanto que acabaram trocando o status de amantes, para maiores rivais, coisa que são até hoje. Depois dela, não houve mais tempo para ninguém.


Quando Peter mencionou o fato de ser jornalista, um certo desânimo se abateu sobre mim. O cara devia ter o apartamento recheado de informações confidenciais que ele conseguia de fontes secretas. A quantidade de coisa que ele devia ter que pudesse parecer com “a informação” me deixou momentaneamente tonta. Mas então lembrei de Jonathan e lembrei que não deveria desistir.


Nossa conversa continuou por quase uma hora na cafeteria. Mas eu precisava arranjar um jeito de fazer algo que, em condições normais, eu jamais faria: ir com Peter para o apartamento dele. Eu pensei em dezenas de coisas que eu poderia dizer, e mais algumas dezenas que eu poderia fazer para deixar claro que eu queria ir para casa com ele. Não que eu quisesse de verdade, mas eu precisava.


Mas havia um problema: Peter era o tipo de cara que não parecia gostar de vadias. Eu não poderia agir como uma, como eu planejava. Ele colocou o copo de cappuccino na mesa e segurou minha mão, em um movimento completamente inesperado.


— Sabe, Elizabeth, eu realmente achei você uma garota fantástica. — Ele falou — Gostaria de poder levar essa conversa adiante, então... Que tal irmos para o meu apartamento?


Eu fiquei em estado de choque com a decepção que tive de Peter. Ele parecia tão romântico e perfeito. Charmoso e compreensivo, mas era só mais um babaca como todos os outros homens, que pegam, levam pra casa, fazem sexo e nunca mais ligam novamente. A vontade que eu tinha era de pegar aquele copo de cappuccino e jogar inteiro na cara dele, mas o que eu fiz foi dar um sorriso falso e dizer:


— Eu adoraria — Uma ova!


O apartamento de Peter era exatamente como eu imaginava que seria a residência de um repórter. Pilhas de papéis, recortes de jornais, e dezenas de papéis com informações estavam espalhados por todo lugar. O local era bonito e organizado, apesar disso, já que toda essa bagunça estava localizada em uma única parte da sala, que deveria ser o local de trabalho dele. Havia um quadro de cortiça com vários papéis presos por tachinhas e fios ligando as informações que deveriam ser conectadas. Eu não consegui olhar muito porque Peter tirou o casaco e perguntou:


— Aceita uma bebida?


— Claro.


— Tenho chá gelado, refrigerantes, mas também tenho algo mais forte, se preferir. — Ele apontou para um bar do outro lado da sala, onde haviam algumas garrafas de whisky, vinhos, tequilas, vodcas e outras bebidas das quais nunca havia ouvido falar — Sei fazer ótimos drinks.


— Só um copo de chá gelado está bom.


Ele foi até a cozinha e me trouxe um copo de chá gelado. Eu dei um gole na bebida. Peter estava próximo demais. Eu senti a garganta fechar e sabia o que estava por vir. Em condições normais eu teria me virado de costas e arrumado uma desculpa para me afastar dele, mas eu simplesmente coloquei o copo sobre uma mesinha de centro que havia próximo, segurei Peter pela cintura e o beijei da forma mais intensa que eu pude.


O que está acontecendo comigo?, pensei.


Peter me segurou no rosto e continuou me beijando de forma intensa. Eu senti quando sua mão deslizou por meu ombro e encontrou a presilha de meu sutiã. Ele a destravou com habilidade. Sua outra mão havia aberto três botões de minha blusa sem eu perceber. Seus lábios ainda grudados nos meus. Sua mão entrou em minha blusa e ele começou a acariciar meus seios, já tendo se livrado do sutiã. Despiu a camisa e deixou o peitoral á mostra. Ele beijava meu pescoço, agora, enquanto desabotoava minha calça. Eu coloquei a mão sobre o cinto dele e o abri, fazendo o mesmo com a calça dele depois.


Ele me guiou até o quarto enquanto me beijava. Me deitou na cama e deitou sobre mim em seguida. Podia sentir sua respiração em minha pele enquanto ele me observava, com olhos apaixonados. Eu senti quando seu membro enrijeceu sobre mim e menos de meio minuto depois ele estava dentro de mim, me penetrando de uma forma estranhamente prazerosa. Eu sabia que o que estava fazendo era errado, mas era por Jonathan que eu fazia aquilo. Eu precisava encontra-lo, e seduzir Peter foi a única coisa que eu consegui pensar em fazer para ter acesso ao apartamento dele e tentar descobrir a tal informação.


Uma hora depois, Peter estava adormecido ao meu lado na cama. Eu havia mantido meus olhos abertos o tempo todo. Quando eu tinha certeza de que ele não acordaria pelas próximas horas me levantei da cama sem fazer o menor barulho possível. Vou até a sala e começo a revirar as informações. Eu não fazia ideia do que estava procurando. Haviam tantas informações diferentes. Crimes de colarinho branco, pessoas que desapareceram e que a polícia estava envolvida. Assassinatos hediondos que a mídia não cobriu por medo de repressão. Olhei para o quadro de camurça. Não havia nada de estranho ali. O que eu deveria procurar.


Lembrei-me do que o homem no apartamento havia dito quando perguntei qual era a informação que eu deveria procurar. “Quando encontrar, você saberá que é o que precisamos.” Se era algo tão importante, não deveria estar ali. Se era algo que alguém precisava contratar uma estranha como eu, sequestrar seu marido, e obrigar ela a seduzir um completo estranho para conseguir essa informação, então, com certeza, não seria algo que ficaria jogado sobre a mesa de trabalho de Peter.


Olhei ao redor. Havia uma estante com uma televisão. Havia apenas duas gavetas nela. Abri as duas e não achei nada. Olhei atrás da televisão. Nada. Embaixo da estante. Nada. Fui até a cozinha, abri as gavetas e nada. Eu estava ficando cansada daquele joguinho. Voltei para a mesa de trabalho, e uma ideia me ocorreu. Qual é o melhor lugar para se esconder algo da vista? Olhei para a parede ao meu redor e a resposta veio quase que instantaneamente: Diante da vista!


Eu observei a parede por um tempo. Havia algo de estranho na pintura. Em uma parte da parede a tinta estava um pouco mais grossa, como se alguém tivesse pintado por cima de algo, apenas naquele local. Cheguei mais perto. Realmente havia uma elevação na parede. Enfiei a unha na lateral da elevação e forcei. Minha unha entrou em baixo de uma folha fina. Fina como... papel. Peter havia colocado as folhas de papel na parede e pintado da mesma cor. Mas por quê? O que havia naqueles papéis que precisavam tanto ser escondido? Eu não teria tempo de ler aquilo ali, então continuei puxando as folhas das paredes. Uma atrás da outra. No total eram seis folhas. Puxei um dos envelopes que estavam sobre a mesa de trabalho, tirei as folhas que estavam dentro, jogando-as sobre a mesa, e coloquei as seis folhas que havia retirado da parede dentro dele. Enfiei o envelope dentro da minha bolsa que estava sobre uma cadeira e coloquei a bolsa no ombro quando ouvi a voz de Peter atrás de mim:


— Já está de saída?


Me virei assustada. Peter não parecia ter percebido nada estranho. Ele estava apenas de cueca e coçava o olho, enquanto bocejava. Me aproximei o mais rápido que pude dele e o beijei novamente, pegando ele de surpresa e o virando de costas para a parede descascada. Eu precisava pensar em alguma coisa. Precisava sair dali, e o medo me atingiu. Se ele visse a parede descascada, saberia que eu peguei as informações, e eu não sabia do que ele seria capaz de fazer para proteger aquilo. Afinal, uma pessoa que cola folhas de papel e pinta-as na parede deve querer muito evitar que essa informação caia nas mãos erradas. E curiosamente, eu tinha a sensação de que eu trabalhava pra essa “mão errada”.


Ele me olhou intrigado com o beijo repentino e me encarou sorrindo. Ele deve ter visto minha expressão de nervosismo, porque sua expressão mudou para confusão e em seguida ele se virou de costas, olhando a parede descascada que eu deixara.


— O que você está fa...


Antes mesmo que ele pudesse terminar a frase, eu peguei um enfeite que havia ao meu lado e acertei a têmpora de Peter com toda a força que eu tinha. Ele caiu no chão, desacordado. Eu passei por cima de seu corpo caído, a bolsa em meus ombros, calcei os sapatos que estavam jogados na sala e saí do apartamento, deixando para trás um sexo maravilhoso, um homem incrível e uma Elizabeth que eu jamais seria novamente. Aquilo me mudaria completamente, eu sabia disso. Eu só tinha medo de não ser uma mudança boa.



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Autor(a): raphaelaguiar91

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