Fanfics Brasil - Capítulo 4 - O Dia da Mudança As Crônicas da Cidade Maldita

Fanfic: As Crônicas da Cidade Maldita | Tema: Vampiros, Terror, Suspense,


Capítulo: Capítulo 4 - O Dia da Mudança

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Centro da Cidade, Casa 23 — 1996


Elizabeth Silver


— Você não faz ideia do quanto eu te amo.


Eu estava deitada sobre Jonathan, completamente nua. Assim como ele. Havíamos feito sexo a noite toda e agora assistíamos o Sol nascer, nos amando ainda mais.


— Na verdade eu faço sim — Respondeu ele — É a metade do que sinto por você.


Olhei em seus olhos e o beijei intensamente. Seus braços me prendiam e suas mãos me acariciavam por todo o corpo. Nosso beijo tornava-se cada vez mais intenso e sugestivo, sugerindo algo que nós dois havíamos feito a noite toda e queríamos cada vez mais. Jonathan me virou e deitou sobre mim, no momento em que o despertador começou a fazer um som estridente. Jonathan esticou-se para o lado para alcançar o aparelho, mas acabou se desequilibrando e caindo no chão. Aquele era meu marido.


— Nem acredito que já se passou uma semana.


Havia uma semana que nos casamos e hoje era o dia em que nós dois voltaríamos para o trabalho. Ou melhor, que Jonathan voltaria ao trabalho e eu voltaria a arrumar a casa, limpar, cozinhar, e dessa vez para mim e para o meu marido.


Jonathan se levantou do chão e foi tomar banho, enquanto eu vestia uma camisola amarrotada. Quando Jonathan acabou de se arrumar, cerca de meia hora depois e desceu para a cozinha, o café já estava pronto sobre o balcão da cozinha, pronto para ser bebido.


— Está preparada? — Perguntou ele.


Ele falava da mudança. Poucos dias antes de nos casarmos, Jonathan havia recebido uma proposta para administrar o Registro Militar de Raven Hill. O trabalho consistia, literalmente, em tratar da papelada. Salas e mais salas de registros de óbitos de soldados mortos em serviço, documentos de soldados ativos e inativos, dossiês de investigação da polícia militar, enfim, tudo o que era tipo de informação referente ao exército, ou que tivesse o exército envolvido estava ali. É claro que Jonathan havia aceitado o serviço, afinal nós iríamos nos casar e ele receberia quase o triplo do salário que ele recebia até então. Com o serviço, ele ganhou alguns privilégios, e um deles era uma casa completamente nossa no bairro de Barricade, que beirava o recém-construído Muro de Raven Hill.


Naquele dia estaríamos e mudança de nossa atual casa no Centro da Cidade era basicamente caixas de papelão e móveis cobertos com pano. Ele teria que sair para trabalhar, mas em breve o caminhão chegaria e os homens do exército se encarregariam de cuidar do transporte das coisas. Eu só teria que ficar de olho em tudo e organizar as coisas até que Jonathan chegasse em casa, no fim da tarde, quando, provavelmente, já estaríamos chamando Barricade de lar.


— Estou.


Era quase três horas da tarde quando o caminhão abarrotado de caixas e móveis parou diante da casa em Barricade. Era uma casa simples, branca com uma cerca de madeira abaixo da cintura e um belo gramado que daria um lindo jardim, se dependesse de mim. Os homens desceram do caminhão e abriram a traseira. Um deles, o chefe e motorista entrou na casa comigo e comecei a dizer onde cada coisa iria ficar.


— A sala ficará aqui, a cozinha ali. — Subimos a escada que dava para os quartos — Aqui ficará o quarto e as coisas do escritório pode ficar ali naquele cômodo. As do banheiro pode deixar aqui no corredor mesmo que eu arrumo. As caixas estão etiquetadas por cômodo, só verificarem o que está escrito.


— Sim madame.


Aos poucos os cômodos vazios começaram a ficar cheios de caixas e móveis com panos. Peguei uma das cadeiras de jardim e me sentei do lado de fora da casa para esperar. Observava enquanto os cinco homens entravam e saíam da casa, carregando caixas e móveis e voltando momentos depois de mãos vazias para buscar mais. Havia um deles porém que me chamou a atenção e sem perceber comecei a olhá-lo incessantemente, observando seus músculos do braço crescerem quando carregava caixas e diminuírem (não muito) quando ele voltava para o caminhão. Aquilo me despertou sentimentos que eu achava proibido. Mas mesmo assim, fiquei encarando.


— Com um corpo desses diante de nós, até dá vontade de ser solteira novamente.


Me assustei com a voz atrás de mim e me levantei de supetão. Ao olhar a dona da voz me surpreendi ainda mais. Parada, diante de mim, estava uma mulher deslumbrante. Cabelos loiros cacheados até a altura do busto em cachos perfeitos desciam sobre um corpo esculpido por muitos anos de dietas rigorosas e malhação pesada. O rosto da mulher era perfeito, do tipo de capas de revistas de famosos.


— Perdão? — Perguntei, fingindo não saber do que ela falava.


— O bonitão ali no caminhão — Disse a mulher, apontando para o homem musculoso que eu encarava antes de ela chegar — Você estava olhando para ele não estava?


— Desculpe, quem é você?


Ela olhou para mim, com expressão de quem achava graça.


— Eleanor, prazer. Sou sua vizinha da frente. Moro naquela casa verde ali.


— Prazer, me chamo Elizabeth.


— Então, Liz, estava olhando para o bonitão da mudança?


— Eu sou casada. — Respondi, sentindo o rosto corar.


— Não foi isso que perguntei.


— Por mais que eu estivesse olhando, jamais aconteceria nada. Eu amo o meu marido, e nos casamos há uma semana.


— Muito cedo, não é? — Ela perguntou, com cara de quem sentia pena de mim.


— Cedo? Não entendi. — Realmente não havia entendido onde ela queria chegar com aquilo — Cedo para quê?


— Para ele. — A mulher apontou para o homem da mudança com a cabeça.


Entendi. Fiquei chocada com o que ela disse. Afinal quem era aquela mulher que chegou do nada, se apresentou e queria saber se eu teria um caso com o homem da mudança? Eu estava louca ou era o mundo, porque isso não era normal em lugar nenhum.


— Não, você não entendeu. Eu nunca...


— Tá, sei... Pensava a mesma coisa quando me casei com Christian.


Elizabeth começou a se sentir desconfortável com aquela conversa, e tentou mudar de assunto. Ela notava a todo tempo que o homem da mudança saia e entrava de dentro de casa, mas evitou olhar para ele, para que Eleanor não dissesse mais nada. Aos poucos a conversa foi mudando de direção. Eleanor contou sobre a vida em Barricade, e como o bairro era seguro e como os vizinhos eram legais. Havia reuniões de clubes de leitura todas as quintas à noite, na casa da senhora Rivers, que morava na primeira casa da rua e ás vezes todas iam para o lago juntas. Elizabeth não conseguia se imaginar naquele mundo de mulheres donas-de-casa. Na realidade ela nunca se imaginara assim em nenhum momento de sua vida. Não era a vida que ela queria, e ela temia que o casamento fosse torna-la uma dessas. Esse pensamento a assustou muito profundamente, e, enquanto estava presa nessa realidade alternativa indesejada, se pegou novamente olhando para os braços musculosos do homem da mudança. Rapidamente desviou o olhar para Eleanor para ver se ela tinha percebido alguma coisa, mas a loira parecia distraída.


— Aceita um chá gelado ou algo mais forte? — Perguntei, arranjando uma desculpa para sair de perto de Eleanor, e respirar um pouco. Ela aceitou o chá, e fui até dentro da casa para buscar algum. Assim que cheguei à cozinha, abri a geladeira que já estava ligada e peguei uma jarra de chá. Achei alguns copos dentro de uma caixa sobre o balcão da pia e enchi os dois com gelo e a bebida.


— Senhora Silver, acabamos de descarregar tudo.


Virei. Era o homem musculoso que eu observava do lado de fora. Senti minha garganta fechar e tratei de rapidamente tomar um gole de chá. O homem era lindo. Vestia uma camiseta sem mangas, molhada de suor que agarrava no corpo e marcava o peitoral definido. Os braços musculosos com veias saltando, brilhavam a pele morena em tons latinos, e seu sorriso era o mais devastador que eu já vira. Algo me subiu pela espinha e quando chegou a garganta, nem o chá desceu. Me engasguei.


— A senhora está bem?


Ainda tossindo, respondi que sim. Rapidamente me recompus, sem deixar transparecer nada, mas acho que já era tarde demais. Eu simplesmente não conseguia parar de tirar os olhos do peitoral dele.


— Eu malho há doze anos.


Assustada, olhei em seus olhos.


— O que quer dizer com isso?


— Estava olhando meu peito não estava?


— Não... — Menti fazendo um som engraçado com a boca, que só tornou a negação menos convincente. Ele sorriu e deu de ombros.


— Precisa de mais alguma coisa?


— De sexo selvagem a noite toda. — Respondeu Eleanor que entrava pela porta da cozinha naquele momento. Senti meu rosto corar completamente, mais uma vez. O homem riu, eu não sabia se da resposta de Eleanor ou da minha cara. — Pode prover isso a ela?


— Não é necessário. — Tratei logo de cortar o assunto por ali mesmo.


— Pode prover isso a mim? — Perguntou Eleanor novamente.


O homem, que ainda ria, puxou um cartão do bolso e colocou-o sobre o balcão da cozinha, ignorando a cantada da mulher. Eleanor ainda estava na porta, rindo bastante também, enquanto olhava para a bunda do homem, mordendo a boca e estreitando os olhos de forma sensual.


— Deixarei meu contato para acertar o pagamento, senhora Silver.


— Eu pedirei ao meu marido que entre em contato com você. — Fiz questão de deixar claro que era casada.


Eleanor jogou os braços pra cima e bufou, como se desistisse de algo e saiu da sala. O homem ainda sorrindo agradeceu e saiu da cozinha, me deixando sozinha. Fui até o balcão da cozinha e peguei o cartão que estava escrito “Gerry Greenfield – Mudanças”, seguido do número do telefone. Guardei o cartão e saí da cozinha.


Meia hora depois, o caminhão de mudança já havia ido embora, e eu havia conseguido me livrar de Eleanor. Fui para o jardim, e comecei a olhar a vizinhança. Não era um lugar desagradável, pelo contrário, as casas construídas com o mesmo design davam ao bairro um ar de subúrbio londrino. A grama, verde e bem tratada naquela época do ano, coloridas com flores e arvores frutíferas por todos os lados, deixavam o bairro alegre. Algumas crianças andavam de bicicleta e patins a um canto da rua, fazendo o som de crianças alegres que amam a vida e não conhecem os problemas da cidade grande, principalmente os de Raven Hill. Aquilo me alegrou por um momento, e eu desejei que Jonathan estivesse aqui, me abraçando enquanto observávamos a vizinhança juntos. Não faltava muito para ele chegar e o Sol já sumia no horizonte.


Fiquei parada diante de nossa nova casa por um tempo, me sentindo sozinha, mas alegre pelo rumo que as coisas estavam tomando. Eu não queria ser uma dona de casa e nem pretendia. Queria continuar sendo esposa de Jonathan, mas queria fazer algo diferente, algo que ele pudesse se orgulhar. Eu precisava tomar um rumo na vida e queria que Jonathan pudesse contar comigo.


E então uma sirene começou a ecoar pela cidade. Olhei para trás. Por cima da minha casa era possível ver o Muro de Raven Hill. Fiquei observando enquanto luzes vermelhas piscavam por toda a extensão do Muro que minha vista alcançava, e vi quando pessoas começaram a cair de cima do muro. Não como se estivessem sendo jogadas, mas como se estivessem pulando lá de cima. Naquele momento, enquanto observava aquela cena grotesca, apenas uma palavra veio na minha cabeça:


Fodeu”.



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Autor(a): raphaelaguiar91

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