Fanfics Brasil - Capítulo 6 - Uma Mulher Mudada As Crônicas da Cidade Maldita

Fanfic: As Crônicas da Cidade Maldita | Tema: Vampiros, Terror, Suspense,


Capítulo: Capítulo 6 - Uma Mulher Mudada

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Elizabeth Silver


Barricade, Residência dos Silver - Atualidade


A água quente do chuveiro caía sobre meu corpo e relaxava cada músculo dele. Mas mesmo assim, a tensão ainda me dominava. Eu havia passado o dia inteiro com o conteúdo da carta em minha cabeça, e mesmo agora, tarde da noite, em minha casa eu sentia o problema que tudo aquilo iria causar. Eu não podia ignorar, mas aquilo mudava tudo. Eu precisaria de instruções, precisava planejar, mas o mais importante, eu precisava de provas. E eu era a melhor pessoa para consegui-las. Mas por quem eu deveria começar?


Eu precisava tomar decisões e isso me irritou. Eu não sabia por quem eu deveria começar amanhã, mas eu sabia em quem eu terminaria hoje. Ele me esperava na minha cama e saí do banheiro ainda nua, pronta pra ele.


Ele estava completamente nu, deitado em minha cama. Eu já me acostumara com essa cena. Dezessete anos juntos é muito tempo... é muita história. Muita coisa mudara, menos aquilo. Aquilo era algo estranho e especial. Deitei ao seu lado, ainda nua e o beijei. Senti sua musculatura me abraçar e seus braços fortes me envolverem. Esse momento era sempre perfeito. E sempre será. Gerry, o homem da mudança. E agora, o meu homem. O homem que me fazia sentir que, mesmo com tudo o que eu fazia, eu ainda era mulher. Ainda era desejada, querida e que ainda causava um “algo” nos homens. Era isso que importava. Mesmo depois de tudo...


Sexo com ele era sempre maravilhoso. Seu corpo musculoso sempre a fazia tremer de prazer, e a delicadeza com que ele fazia ao mesmo tempo em que agia de uma forma excitante, sempre me fazia chegar . Gerry era perfeito. Já passara da meia noite quando ele se levantou da cama e começou a vestir a calça jeans.


— Achei que fosse passar a noite — Falei, observando aquele deus grego vestir o resto da roupa e sorrir sedutoramente, com aquele sorriso perfeito que sempre me fazia perder o ar — Já são mais de meia noite.


— Minha esposa saiu com as amigas, não vai chegar nem tão cedo. — Explicou — Por isso fiquei até mais tarde.


Fiquei observando ele por um tempo, nós dois em silêncio. Levantei da cama e coloquei a camisola, um vestido curto, semitransparente.


— Vamos fugir? — Perguntei.


Ele riu e não respondeu.


— Estou falando sério. — Ele parou de se arrumar e me olhou.


— E para onde nós iríamos?


— Qualquer lugar — Respondi, com uma voz animada como a de uma criança que acaba de receber a notícia de que iria passar férias na Disneylândia — França, Itália, Irlanda. Qualquer lugar com você será perfeito.


Ele riu mais uma vez e veio até a cama. Me deu um beijo longo e instigante e disse:


— Eu te ligo para planejarmos tudo.


É claro que ele não me levou a sério. Nunca me leva. Só que por mais que eu tentasse eu não conseguia ficar irritada ou chateada com aquele homem. Era só ele sorrir e tudo se dissolvia em nada. Meu relacionamento com Gerry era completamente diferente do que era com Jonathan. Com meu marido era algo comum e rotineiro. Com Gerry, talvez pelo fato de ser algo proibido, tinha algo mais que deixava tudo muito melhor.


Continuei deitada na cama, me lembrando de vários momentos com Gerry que haviam ficado na minha memória para sempre. Demorou um pouco mas logo caí no sono. Acordei na manhã seguinte e minha rotina diária recomeçou. Banho, me arrumar, café da manhã, e ir para o trabalho.


O trânsito estava péssimo como sempre, e acabei chegando um pouco atrasada. Havia uma grande multidão de câmeras e repórteres na entrada, bem diante de uma grande placa de metal e mármore onde se lia: CIM – Centro de Inteligência Militar. Eu trabalhava aqui há quinze anos, no oitavo andar do prédio de vinte e dois pavimentos, onde funcionava o Registro Militar de Raven Hill. A movimentação de repórteres era comum no local, mas naquele dia, havia uma quantidade atípica. Alguma coisa estava acontecendo e como subdiretora do setor de Registros eu tinha certeza que Vince Bennet iria me encher de papéis assim que eu chegasse ao escritório.


Eu não me importava nem um pouco com esses papéis e nem com as notícias. Eram informações que não faziam a diferença pra mim hoje. Só havia uma informação que eu queria saber, analisar e descobrir a veracidade: o conteúdo da carta do dia anterior, que agora estava dentro da lixeira, em formas de cinzas. Eu havia queimado a carta, assim que Vince entrara na minha sala me cobrando os relatórios. Joguei-o sobre um cinzeiro e acendi o fogo. Só duas pessoas sabiam, eu e quem escreveu, e que eu não fazia ideia de quem era.


Quando o elevador chegou ao oitavo andar e abriu as portas para o Registro, a primeira coisa que vi, foi a cara de Vince Bennet, um homem bonito e forte, não tanto quanto Gerry, mas forte o suficiente para ter um corpo definido e musculatura aparente. Ele tinha uma cara de preocupado e parecia agitado.


— Ainda bem que você chegou, Liz. Preciso da sua ajuda. — Eu mal havia conseguido sair do elevador e havia uma enorme pilha de registros para ler e classificar. — Isso aqui está um inferno hoje.


As palavras da carta do dia anterior, flutuavam diante de mim, e eu não consegui responder Vince. Apenas peguei os documentos e me dirigi a minha sala. Vince ficou me encarando, com um olhar de quem não havia entendido nada. Entrei no meu escritório e tranquei a porta. Quando sentei na cadeira e joguei os papéis sobre a escrivaninha de trabalho, coloquei os cotovelos sobre a mesa e segurei a cabeça com as mãos. Eu precisava pensar em alguma coisa. Precisava descobrir se era verdade o que havia lido no dia anterior, praticamente o dia todo. “Vince Bennet é um vampiro”. As palavras pareciam estar escritas em todos os lugares para onde eu olhava. Livros, papéis, paredes. Tudo parecia brilhar aquela maldita frase.


Alguém bateu na porta e derrotada diante da falta de ideias me levantei para atender. Quando abri havia uma jovem de cabelos ruivos escuros diante dela. Seu nome era Alexandra Gasper. Era minha assistente pessoal.


— Bom dia, Alex. — Eu disse.


Alex entrou e disse seu bom dia agitado de sempre. Trazia dois copos de mocaccino com canela e baunilha da Starbucks e me deu um deles. Bebi o café com prazer e voltei a me sentar na minha mesa. Alex entrou e foi direto para a mesa dela.


— Desculpa não ter vindo trabalhar ontem, Lizzy. — Disse Alex — Eu estava muito mal ontem, derrubada mesmo.


— Não se preocupe com isso, não aconteceu nada demais ontem. — Menti, sendo simpática.


Alex pegou uma pilha de relatórios e começou a ler página por página. Com um marcador, ela ia destacando o que era importante antes de enviá-los para mim. Eu tentava me focar em alguma coisa, mas nada parecia querer ficar na minha mente, eu estava perdida. Completamente sem rumo.


Naquele momento, o telefone tocou. Alex atendeu com um “Alô?” simpático e alguns segundos depois me passou a chamada.


— Elizabeth? — Perguntou a voz masculina do outro lado da linha.


Eu fiquei completamente paralisada no momento em que ouvi a voz. Eu sabia quem era, e sempre que ele me ligava, eu sabia que alguma coisa muito grande estava para acontecer. Grande o suficiente para mudar o destino de alguém, em algum lugar de Raven Hill.


— O que tem para mim? — Perguntei, indo direto ao motivo da ligação. Eu sabia que quanto mais o ajudasse, mais perto estaria de meu objetivo, mas sabia o peso da consequência também, então era melhor não adiar muito o que seria inevitável.


— O nome é Jensen. — Respondeu a voz — Dezoito anos.


— Mas é só uma criança. O que ele pode ter feito para... — Olhei para Alex e parei a frase na metade.


— Isso você não precisa saber. O pacote estará no seu apartamento hoje a noite, como sempre, junto com suas instruções.


— E o que eu ganho com isso?


O silêncio foi longo, e por um momento eu pude ouvir o que parecia ser uma risada contida por trás da chamada. E a ligação foi encerrada. Eu precisava fazer aquilo, mesmo que não quisesse. Olhei para Alex que estava sentada, entretida com seus relatórios e seu marcador de texto. Ela não parecia ter notado a palidez que tomou conta de mim, ou a tremedeira que afligiu minhas mãos. Abri uma gaveta e peguei um pequeno caderno de capa preta. Abri e fui até a última folha do caderno. Ali havia uma lista de nomes e um pequeno envelope, com várias fotos de pessoas. Cada nome estava cortado por uma linha feita á caneta. A mesma caneta que eu usei para escrever mais um nome. “Jensen”. Fechei o caderno, guardei-o na gaveta antes de trancá-la e me levantei.


Uma hora depois eu estava em minha casa novamente. Antes de conseguir girar a chave da porta de entrada, fechei os olhos e respirei fundo. Eu sabia o que vinha a seguir. Abri a porta e fui para o quarto. Olhei para a cama, esperando encontrar o “pacote” de sempre. Ao invés disso, o que havia era um homem. Era alto, magro e usava uma camiseta preta de uma banda de rock que eu nunca havia ouvido falar, com jeans azul desbotado e maior do que ele deveria usar.


— Quem é você? — Perguntei.


O homem virou de costas, como se não tivesse notado minha presença antes.


— Sou o pacote.


— Como assim, você é o pacote.


— Eu trouxe as instruções. Ele quer saber se você está pronta para essa missão.


Fiquei encarando o homem.


— O que quer dizer com isso? — Eu perguntei, sem entender nada do que estava acontecendo.


O homem se aproximou de mim e tirou os óculos. Ele não era de todo feio sem eles, mas não era o meu tipo. Ele chegou perto demais e eu senti meu corpo tremer de medo. Eu sabia o que ele pretendia, mas eu não queria aquilo.


— Até onde você irá para alcançar seu objetivo?


— Você sabe sobre...


— É claro que eu sei. Ele não me esconde nada.


— E você pode me dizer quem é ele?


— Você sabe que não. — Ele botou as duas mãos em meus seios, e os apertou. Apertou com tanta força que eu senti meus olhos se encherem de lágrimas. Tirei suas mãos de mim e o empurrei para longe. Ele sorriu — Então você não está preparada.


Dei um passo a frente e coloquei a mão no peito dele. Empurrei-o para trás com tanta força que ele tropeçou e caiu deitado de costas na cama. Subi em cima dele, e comecei a rasgar a camisa. Seu peito era musculoso, mas não tanto quanto o de Gerry. Ele nunca seria igual a Gerry. Me deitei sobre ele e comecei a beijá-lo, enquanto eu tirava minha própria blusa ficando apenas de sutiã. Em pouco tempo ele me virou e ficou sobre mim, tirando minha saia, e em seguida a própria calça. Ele não vestia cueca então, em logo estávamos completamente nus.


Não foi prazeroso e foi completamente perturbador. Pensar no que eu estava fazendo me fazia sentir nojo de mim mesma e daquele homem, que mesmo sabendo que eu não queria, estava ali, entrando em mim, e sentindo prazer com seu egoísmo machista. E então pensei no porque de tudo aquilo, porque eu havia me sujeitado a isso. Onde eu pretendia chegar. E quando abri os olhos, vi Gerry embaixo de mim. Os músculos dele me abraçando carinhosamente, apaixonadamente. Tudo foi muito melhor e eu quase cheguei a gostar. Quando acabou, vinte minutos depois, Gerry havia desaparecido novamente, e só sobrara o homem de óculos e sem camisa, colocando a calça em meu apartamento. Ele se levantou sorrindo e satisfeito.


O homem acabou de se arrumar, e eu ainda estava nua, abraçando meu próprio corpo, ao mesmo tempo que — sentindo o cheiro daquele verme entranhado em mim e a sensação dolorida embaixo, pela violência dele — sentia nojo de tudo, inclusive de mim. O homem se dirigiu a porta e sorrindo disse:


— O pacote está na mesa da cozinha. — Abriu a porta e saiu.


Por um minuto fiquei paralisada na mesma posição, ouvindo os passos do homem atravessar a sala e sair pela porta da frente que dava para a rua. O desespero, o medo e o pavor tomaram conta de mim, tudo de uma vez só. Corri para a porta, girei a chave para trancá-la e isolei a chave do outro lado da sala. Senti as lágrimas começarem a se formar em meus olhos e correr pelo rosto. Corri para o banheiro e entrei debaixo da ducha que queimava minha pele e fazia o vapor inundar sufocar. Eu esfregava a esponja com tanta força que minha pele começou a ficar arranhada e vermelha e mesmo assim o cheiro daquele homem não parecia sair de mim. Meti a mão lá embaixo e limpei por dentro, tirando cada resquício que pudesse me lembrar daquele monstro que estava comigo há menos de cinco minutos atrás, a pele ainda dolorida e machucada por dentro, mas no final de tudo, quando finalmente desliguei o chuveiro eu entendi: eu estava pronta.


Quando acabei de me arrumar fui até a cozinha e vi o envelope pardo sem nada escrito sobre a mesa. Abri-o e derrubei os papéis que havia dentro. Duas folhas grampeadas e uma foto de um garoto de dezoito anos dentro. Li o papel que continha todo o itinerário comum dele. Casa, faculdade, trabalho, horários, endereços de amigos que ele costumava frequentar e até mesmo a boate preferida dele. No cabeçalho do papel havia um nome digitado em computador: Jensen Goodman. Embaixo do nome a missão.


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Autor(a): raphaelaguiar91

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