Fanfic: Meu Guarda Costas | Tema: Vondy

A paz voltara a reinar novamente em casa desde que Anahí foi para o apartamento de Alfonso. O quarto de visitas até então livre foi redecorado para Lunna a pedido de meu pai.

Ele se recusava - juntamente com Christopher – que nós duas vivêssemos sozinhas no apartamento, e eu sabia porquê, portanto não me contrapus a isso.

Acordei no sábado com a campainha tocando incessantemente. Me perguntando quem poderia ser àquela hora da manhã tocando a campainha desesperadamente, levantei-me e fui até o andar de baixo. A essa altura já tinha parado, mas ainda na escada pude ouvir vozes. Meu pai e...

- Mas que... – Desci a escada rapidamente. Meu pai estava parado na porta, com os cabelos amassados e uma cara horrenda, e à frente dele estava a mulher que me colocara no mundo, em prantos.

- Eu não vim brigar Fernando. – Ela soluçava mais do que falava. – Preciso da ajuda de vocês.

- O que houve? – Meu pai perguntou seco. – Por que veio nos incomodar a essa hora fa manhã.

- É a Lunna. – Dito isso já senti meus pés enfraquecerem. Ela tinha ido para o apartamento do Arthur no dia anterior e só voltaria hoje à noite.

- O que aconteceu com ela?

- Ela... ela... – e mais uma vez ela caiu no choro. Vi Christopher parado na escada e Lourdes sem entender nada na porta. Todos ainda estavam de pijama. Christopher me segurou antes mesmo que eu pudesse chegar no chão. Não conseguia reagir. O que ela queria dizer? O que estava acontecendo com minha irmã.

- Ligaram.... Ligaram...

- Blanca, se acalma. – Meu pai a levou até o sofá. – Se acalma e diz o que está acontecendo.

- Não tem tempo, não tem. – Ela aprecia apavorada. – Ela levou três tiros. – Arregalei meus olhos. – O rapaz também, eu acho que era Arthur o nome dele. – Cada palavra que ela dizia me dava náuseas e uma vontade iminente de sair correndo. – Depois bateram o carro, eu não sei. Eu não sei quem foi. Lunna perdeu sangue, muito sangue. Ela precisa de sangue.

- Mas porque veio procurar a gente? Dulce tem o mesmo tipo sanguíneo que você, acredito que a Lunna também. – Blanca negou apavorada.

- Porque você é o pai dela, é o único com o mesmo tipo sanguíneo que ela. – Meu pai não conseguiu ter reação alguma, mas pude ver que ele ficara mais branco do que eu. Eu estava tremendo dos pés à cabeça e em choque. Tudo que se ouvia agora eram os soluços de Blanca.

- Tudo bem Dulce. – Christopher falou manso ao meu ouvido. – Lourdes, pode cuidar dela? – Ele me guiou até Lourdes e Lourdes me abraçou de lado. – Fica tranquila ok? – Ainda em choque fui levada até a cozinha.

Lourdes me obrigou a tomar um copo enorme de água com açúcar e depois de me fazer prometer que não sairia dali ela levou mais dois copos iguais aos meus até a sala, acredito que para Blanca e meu pai. Instantes depois Christopher surgiu na porta.

- Vá se trocar, nós vamos para o hospital. Seu pai já caiu em si, e sei que quando você cair vai ficar histérica. – Assenti e fui me trocar.

Meia hora depois estávamos no hospital e meu pai já havia sido levado para colherem o sangue. O mais incrível era que eu não conseguia chorar. Lunna estava à beira da morde numa sala de cirurgia, Arthur continuava desacordado, mas fora de risco, e a notícia de que Lunna era completamente minha irmã ainda estava ecoando em minha cabeça.

Por dezessete anos Blanca mentira sobre a paternidade de Lunna. Por dezessete anos ela ficou ali sob o mesmo teto que ela e o estúpido do cara que pensava ser o pai dela. Por anos desejei que Lunna fosse totalmente minha irmã para ter crescido ao meu lado, mas ela mentiu. Lunna viveu dezessete anos sob uma mentira.

- Bom dia. -Desejou um médico se aproximando da gente. – Vocês são parentes do Arthur Dalagrana?

- Somos amigos. – Respondi rápido. – Ele não tem família no país, somos os mais próximos dele.

- Certo, poderiam me acompanhar? – Ele perguntou a Christopher e a mim. Assentimos e seguimos o médico. – Ele está um pouco sedado, mas está consciente. Ele tem chamado pela garota, mas ainda não dissemos o estado dela.

- E qual é o estado dela?

- Grave, mas não tenho autorização para dar detalhes. O médico responsável por ela ainda está na cirurgia. Bom, o garoto está nesse quarto. – Ele abriu a porta.

- Obrigada. – Agradeci e entrei no quarto seguida por Christopher. – Ei. – O chamei e ele me olhou. – Como está?

- Lunna? Onde ela está?

- Vai ficar tudo bem ok? – Me aproximei dele. Ele tinha o ombro direito enfaixado e deduzi que o tiro havia acertado ali.

- Como ela está? -Sua voz saiu falha. Nunca vi Arthur chorar, essa era a primeira vez. – Minha Lunna não. – “Minha Lunna” isso doeu tanto. Parte de mim estava feliz por ele finalmente estar gostando dela, e triste por saber que a qualquer momento ele pode perde-la.

- Nós não sabemos ainda ok? Ela está na cirurgia.

- Me disseram isso desde que saí da outra sala de cirurgia, e isso já faz horas.

- É delicado, parece. Vamos ter fé ok?

- Não era ela, não era. – Ele soltava soluços doloridos.

- O que não era ela.

- Eles não queriam matá-la, não. Não era a Lunna.

- Do que está falando.

- Eles... eles chegaram do nada quando estávamos parados no semáforo. Estávamos voltando do cinema. – Ele enxugou os olhos. – Uma moto parou do meu lado com dois caras, e um deles disparou quatro vezes. Tentei me enfiar na frente, mas foi em vão. Apenas um acertou em mim. Eu gritei o nome dela quando vi que ela estava se sufocando e então ouvi um dos caras gritar para o outro que não era você.

- Eu? – Minhas pernas bambearam e Arthur assentiu. Olhei Christopher que parecia transparente de tão branco.

- Eles queriam você, não a Lunna.

- Você tem certeza disso Arthur? – Christopher perguntou com a voz fraca.

- Eu não estou doido Christopher! Eles pensaram que ela era a Dulce. – E não era para menos. Lunna era idêntica a mim, com exceção dos cabelos vermelhos que ela pintara apenas para se diferenciar de mim.

Fiquei ainda mais aterrorizada. Não bastava ter alguém tentando me matar há meses, Lunna também corria risco de vida simplesmente por se parecer comigo. Ela estava agora numa sala de cirurgia à beira da morte por minha causa.

- Você quer que avisemos aos seus pais? – Perguntei tentando me livrar daquele assunto.

- Não. Eu vu ficar bem, não precisa. – Arthur fechou os olhos deixando escorrer mais uma lágrima. – Só me deixem sozinho.

- Arthur...

- Por favor, eu quero ficar sozinho.

- Tudo bem, estaremos na sala de espera, se soubermos de alguma coisa avisamos você.

Arthur não disse mais nada então saí com Christopher ainda atônita pelo que Arthur dissera. Eu era o alvo, não Lunna. Não era um assalto, era uma execução. Mas por quê? Por que alguém iria querer me matar?