Fanfic: Meu Guarda Costas | Tema: Vondy

Enquanto esperávamos a cirurgia de Lunna visitei mais uma vez Arthur que agora parecia bem mais tranquilo. Expliquei-lhe com detalhe tudo o que estava acontecendo e ele ficou desolado.

- Se houver sequelas, você não precisa se prender a ela Arthur. Vou entender o seu lado.

- Você acha mesmo que eu seria capaz de abandoná-la?

- Não estou dizendo isso, é só que talvez você não queira passar o resto da sua vida cuidando dela. Ela pode não andar nunca mais Arthur, e ela provavelmente nem se lembrará da gente quando acordar.

- Farei com que se apaixone por mim de novo Dulce. Acredite ou não, os dias que passamos afastados eu senti falta dela, eu vi que era com ela que eu queria passar o resto da minha vida.

- Fico feliz por ouvir isso Arthur, de verdade.

- Você vai me avisar quando a cirurgia acabar?

- Vou sim, eu prometo.

- Você me parece tão bem.

- Eu sei. Estou agindo estranho né? Eu deveria estar em prantos, mas não consigo chorar.

- Está em choque Dulce. Está se recusando a acreditar no que está acontecendo.

- Não mesmo. Não sei como vou ficar quando finalmente poder vê-la.

- Vai dar tudo certo, independente do estado dela, vamos pensar assim ok?

- É o que eu quero Arthur. – Forcei um sorriso. - Vou lá agora, quero ver se já deram alguma notícia.

- Obrigado. – Ele tentou se arrumar na maca e fez uma careta de dor. Imagino que o remédio esteja perdendo efeito.

- Pelo quê?

- Por não desistir da sua irmã.

- Não poderia, né?

- Não. E olha, toma cuidado, não queremos passar por essa situação de novo.

- Vou tomar. – Depositei um beijo demorado na bochecha dele.

Na sala de espera estava um clima tenso e não foi difícil adivinhar que meu pai, Blanca e o marido estiveram discutindo.

- Eu vou entrar na justiça. – Meu pai falou assim que me sentei a seu lado. – O que ela fez foi errado.

- Papai, vamos com calma. – Peguei uma das mãos dele.

- Lunna terá novos documentos assim que sair daqui, e ela jamais voltará para aquela casa. Ela vai ficar conosco, lugar onde deveria ter crescido.

- Eu sei. Também não deixaria ela voltar para lá.

- Assim que ela estiver estável vou trocá-la de hospital. Há melhores na cidade, e pelo que parece só a trouxeram para cá porque era o mais próximo.

- Dulce, você não quer ir para casa? – Christopher perguntou com a voz calma.

- Não. Só vou depois da cirurgia.

- Tem certeza?

- Absoluta. Hmm, papai, será que o Arthur pode ficar lá em casa? Ele mora sozinho, vai ter dificuldades até estar totalmente recuperado.

- Claro filha.

- E você Christopher? Se importa?

- Não. Se não fosse ele Lunna não teria sobrevivido, é o mínimo que podemos fazer né?

- Obrigada.

Nunca pensei que o tempo pudesse passar tão lentamente. Com a coluna doendo de tanto ficar sentada naquela cadeira desconfortável me levantei e comecei a andar de um lado para o outro.

O sol já estava se pondo novamente quando o médico chegou na porta da sala de espera chamando pelos parentes de Lunna. Aflita parei de andar o encarando, e vi que todos haviam se levantado.

- E aí doutor? – Minha voz tremeu com medo da resposta. Ele retirou sua touca, pigarreou e começou a falar.

- Finalmente depois de horas conseguimos retirar a bala. A garota é persistente, sofreu pelo menos três paradas durante a cirurgia fazendo a gente interromper várias vezes. – Havia um tom de orgulho em sua voz. – Seja como for, ela não quer partir agora.

- Então quer dizer que está tudo bem? – Minha voz soou empolgada e orgulhosa de Lunna.

- Melhor do que esperávamos. – Ele admitiu. – Mas infelizmente ainda continua respirando por aparelhos e inconsciente. É incapaz de respirar sozinha.

- Nenhuma previsão para que ela possa acordar?

- Não. Infelizmente não.

- E as sequelas?

- Ainda podem haver. É muito cedo para poder afirmar qualquer coisa.

- E quando poderemos vê-la?

- Só permitiremos visitas a partir de amanhã. – Suspirei frustrada. – Aconselho que vão para a casa, e qualquer coisa o hospital entra em contato com vocês.

- Doutor, eu quero transferi-la para outro hospital.

- Mas que história é essa? – O marido de Blanca protestou. – Você não vai tirar minha filha daqui.

- Ela não é sua filha!  – Bradei. – Não é e nunca será, você não tem direito nenhum de opinar aqui.

- Dulce está certa. – Meu pai me apoiou. – Lunna é minha filha e eu sou o único com direito sobre ela.

- Eu sou a mãe dela.

- Você é apenas a mulher que a colocou no mundo. – Disse irritada. – Assim como eu. Você é um saco vazio, não tem amor no coração Blanca. Por anos eu sofri por sua culpa e a Lunna vem sofrendo o mesmo de um tempo para cá. Agora tudo faz sentido, não é? Ela ficando maior, decidindo que prefere o meu pai, do que o cara que para ela, tinha o mesmo sangue. Meu pai sempre foi mais carinhoso, mais compreensivo do que vocês dois juntos. Eu tenho pena de você sabia? Tanto desprezo para acabar assim, não é? Sozinha. Mas tudo bem, você merece isso, merece isso e muito mais. Eu tenho pena dos meus avós por terem tido uma filha como você.