Fanfic: Meu Guarda Costas | Tema: Vondy

Sair escondida já era comum, mas agora era necessário. O medo não me deixou pregar os olhos durante a noite. Ser mãe ou não ser? Há algumas semanas eu tinha certa do que queria, mas agora, sabendo que isso poderia ser real fiquei apavorada.

Vi Christopher se levantar e sair de fininho. Fiquei me perguntando onde ele iria tão cedo em um sábado de manhã.

Apesar de ensolarado, o dia não estava tão quente. Depois de me levantar e me arrumar, peguei minha bolsa e saí em um momento de distração dos meus guarda-costas.

Não avisei Christian que estava indo para a casa dele, mas eu nunca avisava.

- Você por aqui? A que devo a honra de sua visita? – Christian brincou enquanto eu atravessava o hall de entrada de sua casa. Senti meu sangue ferver quando vi Amy sentada no sofá toda sem graça. Eu estava com os nervos à flor da pele e não pude conter meu ciúme. Christian que me perdoe, mas eu não gosto dela. Posso aceita-la na minha roda de amigos, mas nunca irei gostar dela.

- Eu vim conversar com você, mas parece que está ocupado. – Pressionei meus dedos contra a palma da mão.

- Não estamos ocupados, estávamos apenas jogando conversa fora.

- Hmm, ok. Então outro dia eu volto.

- Deixa que eu saio. – Ela se prontificou. – Não quero atrapalhar vocês. – E antes que Christian pudesse reagir, ela já havia pegado a bolsa e saído porta a fora.

Não fazia ideia do que estava acontecendo, mas havia algo bem estranho nisso tudo. Christian estava diferente do que eu conhecia, Amy parecia estar cada dia mais brava comigo como se eu tivesse tomando algo dela. O problema é que Christian e eu somos amigos muito antes dela aparecer em nossas vidas.

- Precisava disso?

- O que está acontecendo com essa garota?

- Nada demais. – Ele deu de ombros. – Vem, senta aqui, preciso contar uma coisa para você. – Christian me puxou pela mão e me levou até o sofá. – Preciso contar uma coisa a você, mas por enquanto não quero que conte a ninguém.

- O que foi? – Deixei minha bolsa de lado e o olhei. Havia um misto de medo e empolgação em seu olhar.

- É que Amy e eu... bom... nós dois...

- Para! – Pedi instantaneamente engolindo um pouco amargo de saliva. – Não continue isso.

- Dulce, por favor.

- Você não, isso é impossível. – Um sorriso de incredulidade escapou de meus lábios. – Eu me recuso. - Me levantei pegando minha bolsa.

- E porquê? É tão estranho assim eu ter desenvolvido um sentimento por uma garota?

- Não[DV1] ... é só que... É! É estranho sim. – Passei a mão pelo meu rosto tentando afastar a sensação estranho que me cercava.

- Você deveria ficar feliz por mim. Amy é especial, há algo muito forte entre nós dois queira você ou não aceitar isso. Já faz mais de um mês que estamos juntos, e é por isso que ela tem estado estranha.

- Está dizendo que aquela garota está com ciúmes de mim?

- É. É isso mesmo.

- Então deixe-me recapitular. Christian, meu melhor amigo, o qual eu sempre acreditei gostar de garotos agora está apaixonado pela garota que eu odiava, bom, ainda odeio, mas não posso me manifestar porque sou infantil e egoísta, mas na primeira oportunidade e garota tem ciúmes de mim quando sabe que a probabilidade de haver alguma coisa além de amizade entre nós dois é zero?

- Também não é assim Dulce. – Ele se aproximou e eu me afastei. Fechei meus olhos sentindo uma onda forte de enjoo como o que eu havia sentido durante a madrugada. Lembrei-me do verdadeiro motivo de estar ali e me arrependi amargamente de ter pensado nele para me ajudar. – Tenta me entender também caramba. Eu tenho o direito de ser feliz, assim como você com o Christopher.

Soltei minha bolsa no chão e saí correndo procurando o banheiro mais próximo. Foi o tempo exato de entrar e abrir a tampa do vaso sanitário. Comecei a vomitar tudo que eu havia comido exageradamente no café da manhã e no almoço. Quando terminei, dei descarga e fui lavar a boca. Através do espelho pude ver Christian me encarando com os olhos arregalados.

- Está tudo bem? – Assenti. – Tem certeza? Está muito pálida. Você comeu? Não está doente está? – Joguei um pouco de água no rosto e depois o enxuguei.

- Estou bem. – Respondi, decidida a não continuar o que eu havia ido fazer ali. Atravessei a porta passando por Christian novamente em direção à sala. Antes que eu pudesse me abaixar para pegar a bolsa que ainda estava no chão, Christian me agarrou pelo braço, me virou e me fez encará-lo.

- Você está grávida.

- O quê? – Christian começou a rir divertido. – Não, claro que não. – Desviei meus olhos, eu não conseguiria mentir para ele.

- Eu conheço você Candy.

- E daí? Você não tem nada a ver com isso. – Falei irritada me soltando dele. Christian se abaixou ainda rindo e pegou minha bolsa. – Vai, senta aí e me conta tudo.

- Não tenho nada para contar a você. – Cruzei meus braços parecendo uma criança emburrada. Christian apontou o sofá e depois de hesitar, me sentei.

- Esquece o que eu falei para você há pouco e me conta vai. – Ele se sentou ao meu lado meio de esguio, pegou uma almofada e a colocou no colo.

- Eu não sei ainda. – Falei frustrada. – E eu estou apavorada.

- Por quê? Você é adulta, namora o pai do bebê.

- Não é isso. – O interrompi. – Bom, eu ainda não fiz teste nem nada disso para ter certeza. Estou tentando me manter calma, mas não consigo. – Minha voz falhou. – Eu sei que tenho convivido com o Pietro há algum tempo, mas não é tanto. Eu não sei posso ser mãe, uma boa mãe, entende?

- Eu esperava muito mais de você com relação a isso, juro. – Christian segurou minhas mãos agora trêmulas. – Está se saindo bem pelo que conheço de você. Parece até que já estava planejando isso.

- E estava, mas agora nãos sei se quero isso. – Senti a primeira lágrima traçar meu rosto. – Eu estou com medo.

- Tenho certeza que você será a melhor mãe do mundo ok? Mas primeiro você precisa confirmar isso.

- Eu sei, e é por isso que vim aqui.

- O que quer que eu faça? É só me pedir.

- Eu ainda não falei para ninguém. – Molhei os lábios com a língua e então continuei. – Eu não faço ideia do que fazer Christi.

- E o Christopher?

- Ele ainda não sabe, ninguém sabe.

- Precisa contar a ele.

- Não. Ainda não. – Escorei-me no encosto do sofá. – Eu quero ter certeza primeiro sabe. Christopher é louco para ser pai e quando decidi que realizaria esse desejo dele nem contei. Ele não sabe que parei de tomar meu anticoncepcional faz tempo e nem que furei propositalmente todos os preservativos que ele tem guardado. – Christian soltou uma gargalhada gostosa e minhas bochechas coraram. Deixei que ele parasse de rir da minha cara. – Terminou?

- Isso foi engraçado. Já pensou se ele empresta para alguém?

- Ele fez isso, mas eu troquei. – Revirei meus olhos. – Mas isso nem importa.

- Vamos fazer o seguinte?

- O quê?

- Vamos na farmácia e a gente compra um teste. Um não, dois já de uma vez para não ficar dúvida.

- Mas...

- Mas nada ok? Uma hora você vai precisar ter certeza. – Christian se levantou me estendendo a mão.

Fomos na farmácia e compramos os testes. Fazê-los não foi tão difícil como criar coragem para ver os resultados quinze minutos depois.

Segurando firme minhas mãos Christian me lançou um olhar encorajador. Os testes estavam dentro da pia do banheiro.

- Eu não consigo. – Me encolhi na cama abraçando o travesseiro.

- Você quer que eu olhe?

- Pode ser. – Christian suspirou e foi até o banheiro. Ele demorou um tempo lá e então saiu com os dois testes nas mãos. Não soube interpretar o sorriso no rosto dele. – Positivo.

Um misto de felicidade e medo percorreu meu corpo e pude sentir meu coração bater tão forte, que a impressão é que ele iria pular para fora a qualquer instante. Sentei-me na cama o olhando.

- De verdade? – Minha voz saiu falha e ele assentiu me estendendo os testes. Christian me explicou o que cada um queria dizer.

Depois de marcar uma consulta com uma obstetra Christian foi preparar um lanche para mim – contra minha vontade, é claro!

- Cara, eu não acredito que você vai ser mamãe. – Sua voz soava empolgada e seu sorriso estava prestes a dar a volta em sua cabeça.

- Nem eu. – Tomei um pouco da água, a única coisa que tinha certeza que não voltaria do meu estômago. Christian analisava os testes toda hora como se temesse que o resultado mudasse a qualquer instante. – Acha que ele vai gostar?

- Está brincando? Eu queria muito ver a cara dele quando você contar.

- Eu acho que vou esperar um pouco mais para isso. Christopher está exausto Christi, vejo isso no rosto dele. Se ele souber que vai ser pai agora acho que tem um ataque cardíaco.

- Ele só está preocupado com você Candy. – Ele colocou na minha frente um prato com sanduiche de manteiga de amendoim. O cheiro revirou meu estômago instantaneamente.

- Pelo amor que você tem a mim Christian, tira isso da minha frente.  Eu não vou comer manteiga de amendoim nunca mais na minha vida!