Fanfic: Meu Guarda Costas | Tema: Vondy

A aula ocorreu tranquilamente, porém estranha, já que Dulce, ao contrario de todos os dias de sua vida resolveu prestar atenção em cada detalhe da aula, falando apenas com o professor e respondendo algumas perguntas. Maitê tentou puxar conversa, mas a mesma fingiu não ouvir. Estava estranha, completamente estranha. Se quer passou o intervalo com seus amigos, e quando a aula terminou ela foi diretamente para a casa, sem se quer dar a oportunidade de alguém se aproximar. Em casa não foi diferente. Dulce passou o dia inteiro no quarto e nem mesmo se despediu de seu pai que havia viajado novamente a trabalho. Christopher também se mantinha no quarto, não porque queria, mas porque o medico lhe havia dito para manter-se em repouso por uns dois dias. As raras vezes que os dois se encontravam dentro da casa, Dulce o ignorava por completo como se ele não estivesse presente.

O fim de tarde de sexta feira chegou, e Dulce buscou sua irmã Lunna em casa. Lunna era bem parecida com Dulce, tanto no gene, como na aparência. As duas tinham um porte médio-baixo, cabelos longos e negros, um corpo estrutural, e quem não as conheciam, jamais imaginaria que as duas eram filhas de pais diferentes.

Dulce e Lunna estavam na sala, deitadas em no enorme carpete enroladas na coberta e comendo pipoca enquanto assistiam a um filme.

Você não está prestando atenção no filme Dul. – Se sentou olhando para a irmã que se quer a ouviu. – Dulce María acorda! – Estalou os dedos em frente aos olhos dela.

Ham? Oi? Falou comigo? – Olhou a irmã enquanto se sentava.

Claro que falei. – Revirou os olhos. – Diz aí, o que está pegando?

Como assim o que está pegando? – Ergueu uma sobrancelha tentando disfarçar seu nervosismo.

Dulce, eu te conheço, e tem alguma coisa muito errada com você. – Sorriu e Dulce bufou. Como pode sua irmã conhecer tanto dela assim? Bom, se bem que, o fato de elas serem exatamente iguais facilitou.

Dulce encostou-se ao sofá, deitando sua cabeça para trás.  – Tantas coisas Lu. Tantas coisas. – Fechou os olhos.

E será que posso ajudar? – Se sentou no sofá deixando Dulce entre as pernas dela. – Você está muito tensa. – Falou enquanto massageava os ombros da irmã.

Ninguém pode me ajudar maninha. Ninguém. – Mordeu o lábio inferior.

Quer me dizer o que aconteceu? Não é ainda o problema da mamãe né?

Também. O que ela me disse me machucou muito.

Esquece ela. Ela não merece a filha que tem. – Deu um beijo na testa dela.

Eu estou tentando. – Sorriu.

E o que mais está acontecendo? – Sorriu e Dulce a olhou nos olhos.

O Rodrigo vai embora amanhã. – Fez bico.

Lunna arregalou os olhos. – Como assim o grandalhão vai embora amanhã Dulce? Embora pra onde? Por quê?

Dulce se sentou se virando de frente pra ela. – Ele disse que vai para a Alemanha a trabalho, mas sei que tem algo a mais que ele está me escondendo.

Por que acha isso?

Meu pai e o Al... Christopher – Gaguejou. – Já sabiam a mais ou menos um mês e ninguém me contou. O Rodrigo só me contou no início da semana, e o pior é que aqueles dois sabem o que está realmente acontecendo e não querem me contar.

Não é nenhuma paranoia sua?

Não. Christopher praticamente me afirmou que tem alguma coisa, e que não pode me dizer. – Suspirou.

Esquece esse cara Dul. Ela não tem nada a ver com você, e você merece ser feliz. Parte pra outra.

Agora eu não quero ninguém. Literalmente ninguém. – Deu de ombros.

Dulce, será que a gente pode conversar? – Falou Christopher da porta da sala, com os olhos avermelhados.

Dulce o olhou já sentindo seu coração acelerar. Não poderia fugir a vida inteira. Lunna olhou a falta de qualquer reação provinda de sua irmã e respondeu por ela. – Claro Christopher. – Sorriu. – Eu vou lá em cima, preciso fazer umas coisas. – Se levantou encarando a irmã que nesse momento tinha os olhos arregalados, deu lhe um beijo na testa e se retirou em seguida.

Não temos nada para conversar. – Abaixou a cabeça.

Christopher se aproximou. – Vai fugir até quando?

Não estou fugindo. – Olhava o chão fixamente.

Christopher se sentou ao lado dela. – Dulce, se você pensa que eu sou como esses outros garotos por aí, que leva uma garota pra cama, e depois esquece que essa garota existe você está muito enganada. – Dulce o olhou. – Eu não sou assim Dulce, e não vou pra cama com qualquer uma. E outra, eu tirei o que há de mais importante em uma mulher. Tirei o que você tinha de mais importante, e se eu soubesse que você iria se arrepender, eu jamais teria tocado em você. Eu realmente gosto muito de você, e gostaria muito de lutar por isso, mas sei que você não vai me dar espaço pra isso. E estou disposto a te deixar em paz pelo resto de sua vida.

O que você quer dizer com isso?

Eu quero ir embora daqui. Voltar para a minha cidade. Não foi você quem disse que queria distância de mim? Que minha presença te faz mal? – Deixou cair uma lagrima, mas a enxugou em seguida.

Eu... Eu não quero que você vá embora Christopher. – Abaixou novamente a cabeça. – E não, eu não me arrependi do que fiz, o problema é que tudo está tão confuso aqui dentro. – Apontou o coração.  – Eu gosto muito do Rodrigo, e está me machucando muito saber que ele está indo embora, e eu te odeio sabia? Te odeio tanto, que não consigo pensar na possibilidade de você ir embora também.

Christopher sorriu disfarçado. – Isso quer dizer quê?

Não quer dizer nada. Bom... Talvez, mas não sei. Eu preciso dar um tempo na minha vida, nas relações. Eu quero um tempo só pra mim. – Suspirou.

Tudo bem. – Sorriu. – É isso mesmo que você quer? – Ela assentiu. – Vou respeitar seu espaço.

Obrigada por me entender. – Sorriu.

E quanto ao que houve entre a gente aquela noite? Quer que eu esqueça?

Se eu te disser que sim não vai adiantar né? – Ele negou. – Então não precisa. Apenas não quero que ninguém saiba o que houve. Ninguém ok?

Pode deixar que por mim ninguém vai saber. – Sorriu.

Você está melhor? – Mudou de assunto.

Como? – Franziu o cenho.

Estava chorando. – Christopher corou.

Estou sim.

Ainda sente alguma dor?

Um pequeno desconforto, mas com os medicamentos está passando.

Está se alimentando conforme as indicações do medico?

Estou Dul. – Sorriu. – Não se preocupe. E você, está se alimentando direito? Fiquei preocupado com você.

Estou sim. – Sorriu. – Você se preocupa mesmo comigo?

Muito. Se fosse há algum tempo atrás, eu não me importaria tanto. – Beijou-lhe carinhosamente o rosto. – Agora vou subir. – Se levantou.

Dulce o segurou pelo braço e se levantou. – Obrigada por me entender Christopher. – Sorriu e lhe abraçou forte.

Que cana linda. – Falou uma voz feminina que se aproximava e Dulce se soltou dele às pressas. – Quando sai o casamento?

Que casamento sua louca? – Falou um pouco alterada com a irmã que terminava de descer as escadas.

Depois desse abraço de urso de vocês dois, acredito que mais um pouco sairia um beijo. – Sorriu.

Eu nunca ficaria com esse idiota Lunna. – Deu de ombros e Christopher mudou o semblante.

Nunca? – Ergueu uma sobrancelha e ela negou. – Você já subiu um degrau Dulcinha. – Riu. – Antes vocês apenas brigavam, e agora mesmo estavam se abraçando.

Lunna, o que você viu foi apenas uma ilusão ok? Eu nunca tocaria nele. – Desviou o olhar ao ver Christopher sair enfurecido. – Eu o odeio mais que tudo nessa vida. – Cruzou os braços.

E eu sou o papai Noel Dulce. – Riu se sentando ao lado da irmã. – Assume logo que gosta dele.

Eu não vou assumir, porque isso não é verdade. Eu gosto do Rodrigo e ponto final nessa história ok?

Ok! – Deu de ombros. – Você que sabe, mas pensei que fosse mais corajosa de assumir as coisas.

Não me desafie Lunna. – Bufou. – Eu odeio ser desafiada, principalmente por uma coisa que não é verdade.

Lunna não pode evitar soltar uma gargalhada gostosa. – Então eu te desafio a encarar a verdade. Minha irmã não era medrosa desse jeito, e enfrentava qualquer obstáculo.