Fanfics Brasil - Capítulo 13 – Amigos Verdadeiros, 2º Parte Mundo Invisível

Fanfic: Mundo Invisível | Tema: Luta, Ação, Aventura, Fantasia, Bullying, Amigos, Amizade, Romance, Segredos, Mundo, Escola, Amigas,


Capítulo: Capítulo 13 – Amigos Verdadeiros, 2º Parte

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Sinto um cutucar no meu ombro e devagar vou abrindo os olhos. Coço os mesmos e noto três pessoas distorcidas a encarar-me. Pisco os olhos para ver melhor e no meio das duas raparigas está Sara. Ao seu lado direito uma rapariga com olhos esverdeados e cabelo castanho encaracolado que vai até suas costas. No lado esquerdo está outra rapariga com cabelos pretos lisos que chega nos ombros e olhos também pretos.


“Bom, não é difícil identificar quem é quem”, penso, sentando-me.


Ouço a Sara a respirar fundo e encaro-a.


- O que foi? – pergunto-lhe.


- Nada de mais. – vira os olhos – O que importa é nos apresentar agora. – diz, realmente feliz – Ao meu lado direito é a Kira e no meu lado esquerdo é a Diana. Meninas, esta é a Helena, a nova invisível. – fala, estendendo as mãos para a minha frente.


- Prazer em conhecer-vos. – falo para as duas, entretanto só a Kira é que está prestando-me atenção.


- Prazer. – disse Kira, olhando-me corada, alternando o olhar para mim e para as outras duas.


Sara cotovela a Diana para a mesma fazer o mesmo.


- Prazer. – diz, com o voz seca e fria.


- Agora que já nos conhecemos, vamos falar sobre nossas experiências. – fala a Sara animada para saber como ficamos invisíveis, exceto eu.


- Tenho deveres a fazer, não posso perder tempo. – fala Diana, retirando-se do quarto.


- Ah não! – resmunga Sara, agarrando-lhe pelo braço e puxando-a para si – Não vais sair daqui! Temos uma nova colega de quarto e temos que ser todas amigas. – Diana olha para mim com raiva e eu dou um sorriso forçado – Aliás, eu sei que não tens mais nenhuma tarefa.


Sara a puxou para o meio do quarto sentando-se, obrigando a outra sentar-se. A Kira seguiu-a, sentando-se ao lado da Sara. Ela olha para mim, esperando que me sente ao lado delas. Engulo em seco, levanto-me da cama e sento-me ao lado da Kira e da Diana.


“Isto não pode ser bom!”


Não olho para a Diana, pois sei que está a olhar para mim como um predador, somente olho para a frente. Sara também olha para mim, ela já sabe da minha história. Balanca a cabeça num sim e sorri.


“Não entendi”, penso, virando a cabeça de lado com o seu gesto.


- Vamos começar. Quem quer ser o primeiro a dizer como ficou invisível?


- Para quê que queres saber? – interrompo Diana, antes de dar a chance de alguém falar – Todos temos os nossos segredos, as nossas intimidades. Não vou contar se não quero, especialmente para pessoas que não conheço. – olha para mim de lado.


A Sara bufa a minha frente. Todas nós estamos de pernas cruzadas, com os braços sobre as mesmas. Ela leva a mão a testa e a esfrega como se tivesse calor.


- Muito bem, meninas. Viemos para aqui para conhecer-nos. – fala a Sara, mudando a voz doce para um pouco rouca – Todas nós ficamos invisíveis e teve razões fortes para isso acontecer. Temos que superar o que não superamos lá na Terra. – crava os olhos em mim – Especialmente as novatas. – sorri de lado.


Retribuo o sorriso.


Ela está tentando ajudar-me. Só que não sei se vou conseguir superar e enfrentar as pessoas.


- Bom. – continua – Como ninguém se pronunciou, quem irá começar será a Kira. – desvia os olhos para Kira, que confirma.


- Todos nós sofremos com algo ou alguém. Eu demorei para conseguir superar, mas com a ajuda da Sara, consegui. Sem ela, eu não teria conseguido. – respira fundo, sempre um pouco corada. Pelo o que me lembro que a Sara disse, ela é tímida, anti-social e reservada – Eu iria enfrentar o nono ano com as minhas amigas. Era o último ano e estava um pouco triste, pois sabia que teria que despedir-me delas. – olho para baixo um pouco triste. Sei como é abandonar as pessoas que foram os seus únicos amigos da vida toda – No verão, eu comecei a engordar. Eu estava sempre a comer gelado, batata frita, refrigerante… Eu era magra antes das férias, mas quando regressei a escola já estava gorda. Quando falei para as minhas amigas que era eu, olharam-me com nojo. – saiu uma lágrima de seus olhos – Desde aquele dia, começaram a chamar-me gorda, gulosa, comilona e por aí adiante. E fui aí que eu soube, que nunca tive amigas de verdade. – olhou-nos a todas e vi que estava a chorar imenso – Se não fosse a Sara, uma novata que chegou pouco tempo depois de mim, eu nunca teria conseguido superar. Ela ajudou-me, defendeu-me, correu comigo todas as manhãs que não tínhamos tarefas, tudo para ajudar-me a emagrecer. Eu até já me tinha esquecido de como era ser magra. Poder usar tudo o que quisermos, sem termos vergonha. – não falou mais nada e começou a chorar de verdade – Desculpem, mas é que não gosto de lembrar do meu passado. – fala, soluçando muito. A Sara que estava ao seu lado, confortou-a com um abraço e um carinho na cabeça.


- E se não fosse a ti, eu também nunca teria superado. – sussurra-lhe, porém deu para ouvir – Não podemos esquecer o passado, faz parte de nós. Aliás, foi graças a isso que viemos aqui parar e não me arrependo de ter escolhido ficar. Fiz amigas de verdade e nunca mais sofri bullying. Podemos tentar esquecer o passado, mas é muito difícil. – termina, também começando a chorar.


Mesmo não sabendo com o que elas passaram, o que me aconteceu foi o suficiente para saber como elas estavam a sofrer. Lágrimas vieram-me as olhos, desejando sair.


Desde que entrei na escola, escondi todo o meu sofrimento no fundo do meu coração, escondendo de todos, até da minha mãe. Ter tido sofrido bastante em Aston Couventry e sem os meus amigos para me apoiarem foi demais para mim.


Não consegui aguentar e chorei com elas. Todo o sofrimento que estava guardado no fundo do meu coração, estava a sair agora. Sara olhou para mim a chorar, mas deu um sorriso de lado. Diana cravou os seus olhos pretos em todas, até finalmente chegar em mim. Pude notar pena em seus olhos. A Sara tinha razão, ela pode ser fria, mas no fundo preocupa-se com os outros. Sara veio até mim arrastando-se quando o choro de Kira cessou. Agora era eu a derramar um oceano de lágrimas. Não conseguia parar, não depois de todo, não depois de deitar fora todo o meu sofrimento. Chegou ao meu pé, puxou-me para perto de si, abraçando-me e acariciando a minha cabeça. Fez-me o mesmo que a Kira.


- Shhhhh. – sussurra – Precisavas de chorar. Não deves ter chorado e ter aguentado para não o fazer. No entanto, precisavas de libertar-te desse sofrimento. O melhor remédio é chorar. Não podemos evitar e não devemos fazer, é pior. Guardar todo o sofrimento é muito pior.


Ela tinha parado de chorar, somente eu é que estava a chorar. Aconcheguei-me no seu corpo, deitando a cabeça no peito sempre a chorar. Eu tentava, mas não estava conseguindo parar de chorar.


Não sei quanto tempo se passou. Horas, minutos… Não sei. No entanto consegui parar de chorar. Afastei-me do seu peito e olhei-a. Tinha molhado a sua roupa.


- Desculpa. – digo, baixinho.


Ela balança a cabeça, negando.


– Não tem mal nenhum. É só água e um dia terias que chorar. Todos têm um limite. – concordo – Bom, se não te importares, podemos continuar a contar as nossas histórias? – pergunta, e eu digo que sim, limpando as últimas lágrimas.


No fim, libertei todo o meu sofrimento. Eu aguentei até hoje, com a força que tinha. A força que tinha dentro de mim, que fez com que eu aguenta-se. A força que se desfez de mim, tirando toda a dor em lágrimas.


- Estás melhor? – pergunta, a Sara.


- Sim, obrigada. – respondo, dando um sorriso fraco.


- Quer quem ser a seguir? – pergunta, olhando para mim e para a Diana. Ninguém disse nada por uns segundos – Então eu conto.


Respirou fundo várias vezes para preparar-se.


- Eu era intimidada por causa da minha beleza. – começou. Realmente ela é bem bonita – Eu tinha mudado de escola, pois os meus pais tinham negócios a tratar. No primeiro dia de aulas, reparei logo que ninguém usava cabelo comprido ou com a cor preta. Para mim era uma tolice o que elas pensavam sobre o meu cabelo, por isso ignorava. – olho-a triste e ela vê, dá um sorriso fraco, fazendo um gesto com a cabeça, dizendo que está tudo bem - Só que as coisas foram piorando. Começaram a tocar no meu cabelo, a colocar coisas nele, especialmente uma pastilha elástica. Por causa disso tive que cortar o cabelo, mas não pararam. A cada dia piorava e um dia tentei suicidar-me. – fiquei em choque - Fui para o hospital, com um dos braços partidos e também uma perna. Os meus pais ficaram tristes por saber o que eu tinha feito. – olhou para as suas próprias mãos, estavam tremendo - Os meus pais têm cabelo castanho, mas conforme os meus antepassados, eles tinham cabelo preto e gostavam deles até ao rabo. Não aguentei o sofrimento que dei nos meus pais pela tentativa de suicido e pelo bullying que sofria todos os dias na nova escola. – encarou-nos a todas – Fui aí que comecei a ficar invisível. Quando vim para cá, eu já tinha saído do hospital, mas ainda estava com o gesso na perna. Vim a cambar para Perols Black e a Kira ajudou-me. – cravou os olhos nos dela e ambas sorriram.


- É triste. – falo para mim própria – Todos sofrem. Não há uma pessoa que sofra com algo. Eu pensava que era a única. – observo todas – Mas um dia temos que enfrentar o nosso medo. Superar tudo o que nos aconteceu. Ter força para combater o mal que tem no mundo. A nossa vida é um obstáculo. O que nos acontece não é por acaso. Acontece porque temos que combater, pois se nunca fizermos isso, nunca vamos conseguir proteger-nos.


- Eu concordo. – fala Diana, fazendo-me admirar – Eu defendia os meus amigos dos que tentavam fazer-lhes mal. Por isso é que sou assim, para intimidar os outros a não fazer-lhes algo. Sempre os protegia e eram os meus melhores amigos. Os únicos. – fechou os olhos por um instante e continuou - Eu estava a sair com uma amiga para ela comprar um vestido. No fim, nós ficamos com fome, então fomos para um café onde os bolos eram deliciosos. Era noite e estávamos prestes a sair quando um homem entra com uma arma, a dizer que era um assalto. Todos imediatamente se deitaram no chão, assutados. Eu queria ser polícia, impedir assaltos e mortes. Queria defender e proteger as pessoas, tanto como os que amava. Para tentar tirar a arma do homem, rastejei para perto, mas a minha amiga tentou impedir-me. O homem viu e então apontou a arma para nós. Ele prestes a disparar, ela ficou na minha frente, levando o tiro no peito. – nesta hora, Diana já começava a chorar - Agradeceu por tudo que eu tinha feito por ela, desde protege-la e sendo a sua melhor amiga. Comecei a chorar ali mesmo e o meu sangue ferveu, olhei para o homem prestes a vingar-me da minha amiga. Tirei a arma do homem e atirei nele, matando-o. As pessoas ficaram aliviadas, mas eu fui para a prisão. Mesmo sendo por defesa, fui presa. Fiquei dias chorando, desejando que ela volta-se. – acabou e limpou as suas lágrimas – Até hoje, eu culpo-me pela morte dela. Se eu não tivesse tentado tirar a arma, ele nunca teria nos visto. Poderíamos ter saído ilesas.


Foi a minha vez de contar a história. Contei todo a Kira e a Diana, pois a Sara já sabia. Desta vez eu não chorei, o choro de antes tinha saído todo o sofrimento que tinha guardado. No fim, a Sara disse:


- Nos conhecemos, contamos nossas histórias e choramos todas juntas. – respira fundo e coloca a mão direita no meio – Só sabendo da história de todas, merecemos mais. Todas nós, temos que superar o passado. Não vamos esquecê-lo, claro, porque também é difícil. Sofremos com tudo e agora é hora de sermos felizes pelo que somos. – a sua mão continua no meio –Então, que tal sermos amigas? Amigas para sempre. Amigas verdadeiras, que não traiam, não mintam, não escondem segredos. Ser amigas de verdade é sermos intimas. É contar o que não contamos aos nossos entes mais próximos. É confiar na pessoa que está ao seu lado.


Todas nós sabemos o que fazer. Kira é a primeira a colocar a mão sob a mão da Sara. Olho para as duas e sorri. Também coloco a mão. Faltou a Diana. Cravamos o nosso olhar no dela.


- Só para saberem. – fala, encarando-me – Eu ainda não te conheço. Não sei como és ou se és fiel. Mas como a Sara disse, merecemos ser felizes. Para isso temos que combater o nosso passado. Não sozinhas, mas juntas. – terminou e levou a sua mão até as nossas.


- Amigas para sempre! – diz, Sara incentivando as outras para fazer o mesmo.


- Amigas para sempre! – dizemos todas juntas, levando as mãos ao ar.


A partir de agora é enfrentar tudo o que nos aparece a frente.



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Autor(a): Monica

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