Fanfic: Bem Comportada (Adaptada) | Tema: Vondy

Dulce se afastou para olhá-lo. O ardor dele havia desaparecido.

- O que você quer dizer com isso?

- É o que eu quero saber, por quê?

- Não seja ridículo! Estou aqui a seu convite.

- Certo. Eu convidei você, não essa...

- Cortesã?

- Exatamente.

- Bem, você pagou por uma cortesã e é o que merece ter.

- Então talvez eu tenha pago muito.

Dulce ferveu de raiva, mas procurou não demonstrar. Precisava excitá-lo novamente. Esticou o corpo para poder beijá-lo na boca e esfregou seus lábios nos dele, movimentando a cabeça de um lado para o outro, como havia visto Lollie e as demais fazer. Foi gostoso e ela se pegou prestando atenção no delicioso aroma da colônia que ele usava. Chegou até a soltar um pequeno gemido de prazer.

Ele colocou as mãos nos ombros dela e a afastou, balançando a cabeça, sorrindo.

- É exatamente como eu disse. Sua aparência é de uma cortesã, mas você beija como uma menininha.

Assim também já era demais! A raiva tomou conta de Dulce. Aquele sorriso era um insulto! Instintivamente, ela levantou a mão e deu um tapa no rosto dele. Com força.

Os olhos que um minuto antes a fitavam divertidos, estreitaram-se, enfurecidos.

- Acabamos de chegar ao fim de seu livro. Agora começo o capítulo 1 do meu. – Ele agarrou o braço dela e a puxou em direção à porta.

- Para onde você está me levando?

- Digamos que para o quarto de castigo.

- Não entendi.

- Logo entenderá. – Ele abriu a porta e praticamente a arrastou atrás dele. Passou pela escadaria e seguiu pelo corredor até um outro cômodo. Escancarou a porta de um escritório e a empurrou para que ela entrasse antes dele.

Dulce gritou ao bater contra uma pesada escrivaninha. Virou-se então para encará-lo.

- Agora – disse ele, tirando o casaco – vou lhe fazer algumas perguntas simples, e você vai me responder. Quanto mais honestas as respostas, menos sofrerá.

- Menos sofrerei? Como assim?

- Sou eu que faço perguntas – ele reiterou, abaixando a voz. – Agora vou pegar o chicote que deixei na sala de visitas. Quando eu voltar, quero que você esteja debruçada sobre a escrivaninha, com as saias levantadas até a cintura e um sincero pedido de desculpas nos lábios. Está claro?

O coração de Dulce batia tão forte que ela mal conseguiu ouvir o que ele disse. Ao fitá-lo, tudo o que viu foi uma máscara endurecida.

Sua primeira reação foi a de balançar a cabeça contra tal indignidade, mas, tomada de medo, ela respondeu:

- Sim.

- Essa é sua primeira lição. – Ele deu a volta e saiu, batendo a porta.

Ah, não! Ah, não! Dulce sentiu-se como se acabasse de receber uma sentença de morte. O que faria agora? Ela rapidamente foi até a porta e pegou na maçaneta, mas um súbito pensamento a deteve. Aquele homem sabia o que havia acontecido a seu pai. Se fugisse agora, nunca saberia como arruiná-lo. Precisava ficar a qualquer custo.

A ideia de levar umas chicotadas fazia seu coração gelar. Mas pior seria perder aquela oportunidade de vingar seu pai. Era uma verdadeira faca de dois gumes. Para agredi-lo, teria de se deixar ser agredida por ele.