Fanfic: Bem Comportada (Adaptada) | Tema: Vondy

- Qual é seu interesse na Saviñón´s?

Dulce apertou os lábios. Embora relutasse em responder, era justo que também deixasse a máscara cair.

- Emmet Saviñón é meu pai. Ele foi preso este ano por fraude e roubo. Crimes que não cometeu.

- Sim, lembro de alguma coisa desse caso. Ele foi acusado de roubar pedras de um colar e substituí-las por falsas.

- Não era um colar. Era uma tiara que na verdade mais parecia uma exótica coroa oriental. E não eram falsas, eram pedras semipreciosas. Ele devolveu a tiara e as pedras preciosas para o cliente. Exatamente como foi pago para fazer, não houve nada de ilegal no trabalho.

- Não me lembro quem foi o cliente que deu queixa contra ele, alegando que entregara a tiara para polimento e que ela foi devolvida com pedras inferiores. E que não recebeu de volta as verdadeiras, ele acusou Saviñón de roubo de jóias.

- Tudo mentira. E o julgamento foi a portas fechadas. Não consegui descobrir quem foi o queixoso. A alegação foi de que o caso de meu pai envolvia segurança nacional e o julgamento não poderia ser aberto ao público. Não consegui nem testemunhar na defesa dele. Ele foi condenado, sentenciado e mandado para uma colônia penal na Austrália.

Christopher reclinou-se na cadeira.

- Hum, estou me lembrando do caso mais claramente agora. Envolvia um oficial do governo e o juiz achou melhor manter as portas fechadas por causa das ramificações políticas. Esses procedimentos algumas vezes levam anos, mas no caso de seu pai, o julgamento foi agilizado e a sentença decretada rapidamente. – Ele a observou de cabeça baixa. – E você pensou que lorde Prescott fosse o acusador?

- Meu pai não tinha muitos clientes ricos, mas somente dois deles tinham ligação com o governo. Minha intenção era descobrir qual deles poderia ser, começando por lorde Prescott.

- Entendo. Só que, com o assassinato de lorde Prescott, agora essa via está fechada.

Dulce se mostrou inconformada. Sentia-se vingada com o assassinato de Prescott, mas ainda era preciso que fosse feita justiça.

- Por quê?

- Desculpe, mas me é vedado discutir as particularidades deste caso até que se descubra o assassino.

- Então eu devo lhe contar as coisas, mas você não?

- Sim, você acaba de definir o que é uma investigação policial. – Ele a fitou, divertido.

- Porque escolheu ser policial?

Ele respirou fundo e fez uma breve pausa, como se estivesse ordenando suas lembranças.

- Eu perdi um irmão quanto estava com dezoito anos. Dois anos depois, ingressei na Cavalaria do Exército e fui lutar na rebelião irlandesa. Deixei o Exército assim que a guerra terminou e vim para Londres. Justamente naquele momento o regimento policial estava sendo organizado e eu me ofereci. Achei que contribuiria mais praticando a justiça do que impondo política exterior.

- Soube de coisas horríveis sobre a guerra. Não foi uma vitória decisiva para nossos soldados.

- Tivemos de agüentar muita coisa. As atrocidades cometidas... – A voz dele estremeceu e a expressão se tornou sombria. – Mas não costumo reviver o passado. Mas diga, o que você esperava ganhar tornando-se amante de lorde Prescott? Achava que ele iria se apaixonar tão profundamente por você que mudaria seu depoimento em juízo para tirar seu pai da cadeia?

- Não sou tão tola assim, mas quem perjura contra um inocente certamente fica com o rabo preso. Assumi como missão descobrir o máximo que pudesse sobre lorde Prescott para desmascará-lo.

- Entendi. Você quer vingança.

- É o único jeito. – Dulce apertou os lábios.