Fanfic: Bem Comportada (Adaptada) | Tema: Vondy

Christopher Uckermann se debruçou sobre o corpo estendido no chão para examinar melhor o rosto do homem. Não havia dúvidas. Lorde Prescott estava morto.

Christopher esfregou o queixo e pensou na urgência da chamada. Ele se levantou para ter uma melhor perspectiva da cena do crime, mas ficou decepcionado. Não com o que viu, mas com o que não viu. Quem quer que tenha se encontrado com Prescott ali, tomara todo o cuidado de não deixar qualquer vestígio de sua presença.

Christopher percorreu o aposento lentamente para que todos os seus sentidos esboçassem um quadro do que havia acontecido na noite anterior. Assassino e vítima estavam no escritório de Prescott. Lorde Prescott estava sentado à escrivaninha e, em algum momento, o assassino postara-se atrás dele e o estrangulara com um garrote. Prescott havia lutado até cair com o rosto no chão. Uma vez em posição superior, o assassino se valera do próprio peso para manter Prescott imobilizado, ao mesmo tempo em que apertava a corda no pescoço dele. Pelas marcas das botas no piso de mármore, Christopher podia afirmar que Prescott se debatera bastante.

As botas de couro preto rangeram quando ele se abaixou. Emitindo um som rouco pelo esforço, ele levantou o corpo enrijecido e seguiu até uma área iluminada pela claridade da janela. O rosto de Prescott estava macilento e a língua salta sobre os lábios azulados. Era uma horrível máscara da morte, mas Christopher já havia visto o horror da morte, no campo de batalha. Ele ergueu o queixo do morto para ter uma melhor visão da arma usada pelo assassino. O vinco entre suas sobrancelhas grossas se aprofundou quando desenrolou a corda do pescoço do homem. Não se tratava de um garrote, mas de um chicote de couro, não dos compridos, como os usados nos cavalos das carruagens, nem de couro cru do tipo usado para punir soldados insubordinados. Era um instrumento usado peculiar, com um cabo forte e uma tira de quase um metro, parecido com aqueles usados para castigar alunos nas escolas.

Por que um assassino traria um objeto como esse para matar? Se ele queria assassinar Prescott sem barulho, poderia ter usado uma adaga ou veneno, ou no mínimo um garrote melhor do que um chicote.

Christopher soltou a tira de couro de suas mãos. Talvez o assassino não quisesse antecipar o que estava para acontecer, ou talvez o chicote pertencesse a Prescott, e o assassino o tivesse pegado ali mesmo. A resposta a essa pergunta explicaria se o assassinato havia sido planejado ou era o resultado de uma briga violenta.

Ele vasculhou os bolsos de lorde Prescott, e no bolso do casaco encontrou a carteira homem, intocada. Evidentemente, não se tratava de roubo. No bolso de cima, havia dois itens: uma folha de papel dobrada e um chicotinho de couro.

Desdobrando a folha, Christopher ficou perplexo com o que leu:

Prezado Lorde Prescott,

Levei um bom tempo para criar coragem e escrever esta carta.

Ao terminar de ler a carta, Christopher não pôde deixar de sorrir. Então era para esse lugar que Prescott ia com aqueles instrumentos de tortura. Um bordel. E pela carta, parecia que tinha um gosto muito peculiar de dominar as mulheres.

Christopher balançou a cabeça diante da luxúria proposta. Ele nunca se valera de um bordel, mas se a carta tivesse sido dirigida a ele, certamente ficaria tentado a ir.

Dobrou novamente o papel azul, franzindo o cenho, pensativo. Talvez a carta significasse mais do que uma simples proposta sexual. E se o assassino de Prescott fosse alguém desse bordel? Uma mulher irada a quem ele devia dinheiro? Um outro cliente enciumado por ter escolhido sua cortesã? Ou talvez mesmo a própria mulher que havia escrito a carta.

- Alcott!

Um policial jovem, usando um casaco marrom envelhecido, apareceu à porta.

- Pois não, chefe?

- Você se reuniu com todos os criados?

- Sim, senhor – ele respondeu, mostrando seu caderno de anotações. – As declarações soam verdadeiras. Nenhum deles parece ter qualquer conhecimento do assassino. Depois de se recolherem à noite, ninguém ouviu qualquer som até esta manhã, quando o mordomo deu o alarme. Francamente – comentou, abaixando a voz – acredito que nenhum deles seria capaz de fazer isso. Cook é uma mulher frágil, as criadas são umas coisinhas pequenas e o mordomo é mais velho do que o Todo-Poderoso.

Christopher riu.

- Muito bem. Pode então liberá-los para que continuem com suas tarefas. Também diga a eles que, com a morte do patrão, eles devem começar a procurar outro emprego.

- O senhor está certo. – Alcott fez um sinal com a cabeça em direção ao corpo. – Então qual é a sua conclusão, chefe?

Christopher colocou a carta no bolso de seu casaco.

- Acho que esse caso não vai ser fácil. Lorde Prescott era assistente sênior do prefeito de Londres, que não vai gostar nenhum pouco do escândalo que o caso vai repercurtir. Além disso, como o prefeito também acumula o cargo de chefe magistrado, o escritório dele estará sujeito a uma investigação detalhada. Vai ser grande a pressão para solucionarmos este caso.

- Alguma ideia de quem pode ter feito isso?

- Ainda não, mas tenho uma pista para investigar. Por favor, peça ao mordomo que me arrume uma das casacas de Prescott. Vou fazer uma pequena atuação. – Ele abaixou os olhos para o chicote que tinha na mão, a suave tira de couro abria-se em duas para machucar mais. Quem quer que tivesse escrito aquela carta tinha alguma explicação a dar.

Bom, logo estarei postando mais. Comentem, ok? Beijos!