Fanfic: O Homem dos Meus Sonhos AyA FINALIZADA | Tema: Romance AyA

Annie suspirou e, de súbito, percebeu que o grupo de turistas a fitava com

expressão curiosa.

— Sinto muito — desculpou-se. — Estou muito distraída hoje.

No final do passeio, agradeceu os visitantes e os conduziu à cozinha, para

encerrar a excursão com a tradicional cidra quente que Betsy e Emma ofereciam.

Com suas obrigações encerradas, ela saiu para a varanda e contemplou a

paisagem esbranquiçada pela névoa. Recostou-se no pilar, perdendo o olhar na

distância.

Então, notou um ponto escuro surgindo entre as árvores no final da estrada. Ela

estreitou os olhos e identificou pernas e orelhas longas.

— Oh, meu Deus! É um jumento! — exclamou, admirada.

Turistas curiosos saíram da casa e se agruparam na varanda, enquanto o animal

emitia um som gutural.

Annie franziu a testa ao divisar o cavaleiro. O homem forte e musculoso sobre

a anca do animal fazia com que o jumento parecesse ainda menor. Ele segurava um

ramalhete despetalado e tentava manter a dignidade, desequilibrando-se a cada passo

da montaria.

— Alfonso! — ela gritou, incerta se não estava tendo uma alucinação.

Ficou na ponta dos pés no topo dos degraus e esperou, empolgada.

Sim, era ele! Reconheceu-o, mesmo a distância, ainda que estivesse coberto de

lama da cabeça aos pés.

O jumento zurrou e o som feriu os tímpanos de todos.

Alfonso desmontou e parou diante dela, estendendo-lhe o ramalhete.

— São para você — murmurou, indicando o jumento com o queixo —, embora meu

amigo tenha achado que fossem para ele.

Annie aceitou o que restara do buquê com lágrimas nos olhos. Alfonso havia lhe

dado flores, não importava que metade das pétalas e folhas tivessem sido comidas

durante o caminho. Era o gesto mais romântico que já o vira fazer. Talvez ainda

restasse esperança, afinal de contas...

— Oh, Alfonso... Tenho certeza de que eram adoráveis antes de servirem de lanche

para seu amigo. A propósito, por que você está montando um jumento?

— Bem, é uma longa história — ele resmungou, aborrecido. — Eu estava vindo

para cá e a caminhonete quebrou. Na pressa de sair, esqueci o celular no escritório e

tive de caminhar na chuva até a fazenda de Rueben. Queria telefonar para Christian

ir me buscar, mas Rueben não tem telefone. Ele acha que telefones são instrumentos

de Satã. Então, fui obrigado a me contentar com a única montaria disponível. É por

isso que estou cavalgando um jumento, Anahi Puente. Você tem alguma objeção?

— Nenhuma. Aliás, acho muito apropriado. É como se vocês fossem almas

gêmeas, um mais teimoso que o outro — caçoou ela.

— Muito engraçado! Não está nem um pouco curiosa sobre o que estou fazendo

aqui?

Curiosidade não era a definição apropriada. Não havia uma só palavra na

linguagem conhecida que pudesse descrever o que Annie sentia.

Não vira nem ouvira nada sobre Alfonso durante semanas. Quando se separaram,

ela havia deixado claro que ele não deveria procurá-la até que estivesse pronto para

aceitar o fato de que o amava.