Fanfic: O Homem dos Meus Sonhos AyA FINALIZADA | Tema: Romance AyA

— Deixe de ser enxerida, Emma. Você faria uma proposta indecorosa ao

carteiro, se ele se demorasse mais tempo para entregar a correspondência — Betsy

ralhou. — Não percebe que essas não são boas-novas para Annie?

Emma franziu a testa. Caminhou até a mesa, serviu-se de uma dose de Bourbon,

antes de argumentar:

— Ora, Annie ama Alfonso há muitos anos, e ele a pediu em casamento. Por que

isso não seria bom?

— Ele não me ama — Annie explicou, tentando ignorar a dor suscitada por

aquelas palavras. — Estamos saindo juntos há oito semanas e ainda não... hic... Bem,

vocês sabem. — Um intenso rubor subiu às bochechas alvas.

— Ah, querida, sinto muito! — Emma apertou os lábios com desgosto. — Que

pena! Um homem viril como ele... Será que é gay?

— Suponho que não faria o pedido à Annie se fosse gay. Nesse caso, teria feito

a proposta àquele belo rapaz inglês que treina os cavalos do haras.

— Tem razão, Betsy. — Emma sentou-se na banqueta defronte à Annie, com a

saia volumosa formando um círculo ao redor dela. Com olhar terno, tomou a mão

delicada entre as suas. — Não se deixe abater, querida.

Annie suspirou, resignada. Mais cedo ou mais tarde, as irmãs Darlington lhe

arrancariam a verdade.

— Alfonso acha que nos casarmos é o mais prático a fazer. Ele me pediu em

casamento, mas não mencionou nada relacionado a amor.

— Bastardo! — Emma cobriu a boca com as mãos. — Desculpe pela expressão.

Annie balançou a cabeça, inconformada.

— Não vou me casar com um homem que não me ama.

— Então, isso é um ponto-final nessa história — Betsy falou com pesar.

— É o que veremos — disse Annie com determinação, estendendo o copo de

bebida para Emma, antes de se levantar e seguir para o quarto.

Quando Annie viu o próprio reflexo no largo espelho sobre o toucador, levou um

susto.

— Querida, você se parece mesmo com um gambá de ressaca — murmurou,

plagiando Emma.

Despiu o vestido longo e o deixou caído no chão. Apenas com a roupa de baixo,

atirou-se na imensa cama no centro do aposento e fixou o olhar no urso de pelúcia

marrom, apoiado no travesseiro.

Havia comprado o ursinho numa loja em Williamsburg, uma semana depois de ter

conhecido o irmão de sua melhor amiga. Grande, com uma expressão severa, ele a

fizera se lembrar de Alfonso, a tal ponto, que não se importar em gastar uma pequena

fortuna para adquiri-lo.

Desde então, sonhava todas as noites com o dia em que teria o verdadeiro Alfonso

em sua cama, em vez do ursinho Randy.

Tenha cuidado com o que deseja, Annie, ou você pode conseguir, disse para si

mesma.

A verdade era que desejava Alfonso Herrera mais do que tudo. Ao longo dos anos,

sua imaginação romântica havia criado uma persona secreta para ele, de um homem

romântico e doce que se revelaria apenas na intimidade. Em seus sonhos, Alfonso a

amava de maneira apaixonada, escrevia poemas de amor e os declamava à luz do luar...

O problema era que passara muito tempo com um amor imaginário e o homem

real destruíra, num piscar de olhos, seus sonhos românticos. Alfonso havia provado ser o

que aparentava: rude, insensível, estúpido e egoísta.

Como era possível ter se enganado tanto com alguém que conhecia havia oito

anos?, censurou-se. Quase se convencera de que havia um lado profundo e secreto de

Alfonso, nunca revelado a ninguém. Por fim, descobrira que o homem que idealizara não

existia. Ele nunca escreveria poesias de amor, e muito menos se apaixonaria por ela.

O pior era que o amava... Por mais decepcionada e furiosa que estivesse, ainda

era louca por Alfonso. Estava cansada de lutar contra o sentimento que crescia a cada

vez que o olhava. Não queria mais fantasiar com aquele homem deitado em sua cama,

com as mãos grandes e ásperas acariciando lhe a pele em brasa, numa sutil promessa

de êxtase...

Annie fechou os olhos e sorriu a imaginar as palavras maravilhosas que ele

murmuraria em seu o ouvido enquanto suas pernas se entrelaçavam numa dança

sensual.

Um ruído invadiu seus pensamentos, confundindo-se com os murmúrios de seus

devaneios. Annie levou alguns segundos para perceber o som de batidas à porta, e

concluiu que deveria ser Betsy, chamando-a para o jantar.

— Pode entrar, está aberta — gritou, sem se importar em levantar.

Esses dois são bobinhos , um fazendo um plano pro outro kkkkkkk