Fanfic: O Homem dos Meus Sonhos AyA FINALIZADA | Tema: Romance AyA

— Está na hora de cobrar a dívida — Annie sussurrou, desmontando e pensando

que poderia solicitar a Alfonso que lhe retribuísse o favor. A dor que sentia em todo o

corpo serviria como desculpa para pedir a ele que lhe fizesse uma demorada

massagem. Contudo, quando se virou para dizer isso, encontrou-o preocupado com o

animal que carregava.

— Venha, vamos cuidar do Júnior. Marlin levará os cavalos — anunciou Alfonso,

entregando as rédeas para o cavalariço.

Sem dizer mais nada, seguiu para a sala anexa ao escritório, usada como

enfermaria. O cãozinho ainda estava nos braços dele e parecia se divertir com o

passeio.

Annie o seguiu, frustrada. Teve de usar toda a sua concentração para colocar

um pé diante do outro. Os músculos da perna doíam. O quadril latejava, como se

tivesse levado uma surra.

Gemendo, ela se arrastou até a cadeira mais próxima e assistiu enquanto Alfonso

colocava o cão no tanque que usava para dar banho nos animais da fazenda.

— O que você vai fazer?

— O primeiro passo será dar um banho em nosso amigo aqui — ele explicou. —

Tenho de lavar e desinfetar os ferimentos. Por sorte, o pelo dele é curto, o que

facilita a cicatrização.

Enquanto falava, Alfonso colocou as luvas de silicone e começou a trabalhar.

Molhou a pelagem e espalhou xampu em movimentos suaves, ralhando em tom paternal

quando o bichinho tentou pular do tanque.

Annie suspirou, sentindo uma ponta de inveja. Ela própria gostaria de ter

aquelas mãos deslizando por seu corpo...

— Você é muito bom nisso, Alfonso — elogiou com sinceridade.

— Ter feito alguns anos de veterinária ajuda nessas horas.

O comentário a sensibilizou. Maite lhe dissera que o irmão nunca desistira de ser

veterinário, embora a morte do pai o tivesse impedido de terminar os estudos. Era

óbvio que possuía talento.

Será que, no íntimo, ele lamentaria por sua vida não ter tomado o rumo que

desejava? Mesmo se perguntasse, Alfonso jamais lhe diria a verdade, ela concluiu.

Quando ele terminou de cuidar do cão, colocou-o num cercado com comida e água

e retirou as luvas.

— Vou deixá-lo aqui até que recupere as forças. Fraco como está, não conseguirá

competir com os outros pela comida. Aqui, pelo menos, poderá comer e descansar por

alguns dias. — Ele sorriu ao ver o animal atacar a ração com voracidade. — Portanto,

Annie, em breve ele estará pronto para ir para casa com você.

— Mal posso esperar. — Ela gemeu baixinho. No que havia se metido? Emma era

flexível. Por certo não se importaria de ter um cachorro. O mesmo não poderia ser

dito de Betsy.

Quanto a ela, a ideia de ter um cachorro nunca lhe ocorreria se não estivesse

tão apaixonada por Alfonso...

— Estou faminto! — Ele anunciou. — Vamos para casa, comer alguma coisa.

— Está bem. — Annie concordou, mas não se moveu.

— Você não vem? — Alfonso olhou por sobre o ombro, com a mão na maçaneta da

porta. — Vamos, Annie, antes que eu desmaie de fome.

Ela franziu a testa. Deveria fazer menos de duas horas que Alfonso tomara o café

da manhã. Seria impossível ter uma crise de hipoglicemia naquele espaço de tempo.