Fanfic: A Esposa Virgem AyA FINALIZADA | Tema: Romance AyA

Ela o ignorou, forçando-o a persegui-la. Quando a pegasse, jurou ele, a mulher lamentaria ter nascido.

Christopher ajudou Dulce a desmontar. Como sempre, o contato físico com o marido forte deixou-a mais confiante. Na verdade, ela estava meio temerosa por terem vindo a Belvry sem avisar o irmão.

Todavia, ela não conseguira deixar de vir. Sabendo que uma pobre moça havia sido arrancada do convento para ser sacrificada pelo inimigo do tio, ela precisava interferir. Para tanto, havia convencido Christopher a trazê-la, na esperança de que a presença deles surtisse um efeito benéfico no irmão. Olhando em volta, surpreendeu-se por ele não ter vindo recepcioná-los. Alfonso sempre se mantinha alerta a qualquer movimento à entrada do castelo.

E se ele recusasse a recebê-los? Impossível. O irmão não seria tão grosseiro. Ele devia estar ocupado em algum lugar. Juntou-se ao marido à porta do salão e parou estarrecida ao ouvir uma gritaria infernal.

— O que será? — perguntou, virando-se para Christopher.

— Parece a voz de seu irmão — respondeu ele.

— Alfonso? Não. Ele jamais levantou a voz — Dulce disse.

Em sua opinião, quem gritava parecia-se mais com o marido, dado a explosões temperamentais, do que com o irmão frio e indiferente. Onde estaria ele e por que permitia tal alarido?

Determinada a descobrir o que se passava, Dulce entrou no salão, mas ficou atônita com a cena. Não estava enganada. A silhueta alta e de cabelos escuros era a do irmão.

Alfonso perseguia alguém, correndo ao redor da mesa. Uma mulher! Tanto quanto se lembrava, ele nunca tinha sentido nada por uma, exceto desdém. Entretanto, corria atrás daquela como se estivesse possesso. Enquanto olhava, o irmão que jamais tinha levantado a mão, num gesto de raiva ou de afeto, agarrou a mulher e a jogou no ombro como se fosse um saco de cereais.

Ela e Christopher aproximaram-se e, só então, Alfonso os viu. Dulce estranhou-lhe a expressão de surpresa, a primeira emoção, além de ódio, que ele exibia em anos. Na verdade, a presença deles parecia deixá-lo sem fala. A mulher dava-lhe pontapés e o esmurrava nas costas.

— Pare com isso! — Alfonso aconselhou por sobre o ombro.

Voltou a fitá-los e Dulce teve certeza de que ele estava embaraçado. Alfonso, o indiferente? Teve de morder o lábio para não sorrir.— Dulce? Christopher? O que os traz aqui? — indagou ele admirado.

Ao ouvir-lhe a voz, a mulher aquietou-se, mas ele não explicou sua posição.

— Problemas com uma criada insubordinada? — indagou Christopher.

— O que? Ah, não. Esta é minha mulher.

Mais estarrecida do que antes, Dulce viu Alfonso por a mulher no chão. Todavia, ele a segurou pela cintura como se temesse sua fuga. Seria ela capaz? Dulce mal podia acreditar que a criatura furiosa, que ousara enfrentar o irmão, fosse a ex-noviça. Embora considerasse indecorosos seus pontapés, murros e gritos, sentiu-se desarmada ao observar-lhe o rosto rubro e o olhar baixo.

Apesar de alta, era bonita, esguia, tinha curvas graciosas e um porte altivo, digno de uma Herrera. Da touca escapava um caracol de cabelos castanhos, sinal de temperamento forte, mas era uma cor adorável. Sob as sobrancelhas arqueadas, os olhos verdes brilhavam como esmeraldas.

Então, esta era a sobrinha de Portilla? Ela não se parecia nem um pouco com o desgraçado de cabelos pretos. Também não tinha a expressão traiçoeira como a do tio. Mas e quanto a Alfonso? Poderia ele esquecer ódio e admirar a esposa fascinante?

Dulce observou a cunhada mais de perto. Ela não aparentava sinais de maus-tratos e a maneira com que Alfonso a enlaçava pela cintura não era a de um inimigo.