Fanfic: Amante da Fantasia *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

A mão de Anahí tremia enquanto ela tocava as páginas dos livros que seu pai escrevera. Eram insubstituíveis.

Nunca mais ela poderia abri-los e ouvir a voz dele falando com ela sobre o passado. Nem poderia abrir Beleza Negra e escutar a débil lembrança de sua mãe lendo-o para ela. Tudo se fora.

Em um único ato, Rodney Carmichael matara seus pais de novo

Seu olhar recaiu sobre os pedaços retalhados da Ilíada. Lágrimas assomaram aos seus olhos ao recordar a expressão de Alfonso quando vira o livro. Das horas que haviam passado juntos enquanto liam.

Aquelas horas haviam sido especiais. Mágicas. Deitados diante do sofá, perdiam-se nas palavras da história. Era o reino particular deles. O próprio céu.

- Ele dizimou todos eles. - Anahí sussurrou. - Oh, Deus, ele deve ter ficado horas aqui.

- Senhorita, são apenas...

Alfonso agarrou o policial Reynolds pelo braço e puxou-o de volta para o quarto.

- Não são apenas livros para ela. - disse por entre os dentes. - Não zombe da dor que está sentindo.

- Oh - ele falou, embaraçado -, desculpe.

Alfonso retornou até Anahí no closet. Ela soluçava incontrolavelmente, passando a mão pelas páginas rasgadas.

- Por que ele faria isso?

Ele a ergueu e a carregou para fora do closet, deitando-a na cama. Anahí abraçou-o com tanta força que ele mal conseguia respirar, soluçando como se o coração estivesse partindo-se.

Naquele momento, Alfonso desejou matar o homem que lhe fizera aquilo.

O telefone tocou. Anahí gritou e esforçou-se para ficar em pé.

- Calma. - Alfonso falou, enxugando-lhe as lágrimas enquanto a segurava. - Está tudo bem. Estou aqui com você.

O policial entregou-lhe o aparelho.

- Atenda, caso seja ele.

Alfonso encarou o homem.

Como ele podia ser insensível a ponto de pedir a ela que falasse com o cão raivoso?

- Oi, Maite. - Anahí falou, irrompendo de novo em lágrimas ao contar à amiga o que acontecera.

Os pensamentos de Alfonso estavam em um turbilhão, enquanto ele ponderava sobre o homem que invadira a casa de Anahí, magoando-a tão profundamente.

O que mais o preocupava era o fato de o sujeito saber do que ir atrás. Ele conhecia Anahí e tinha consciência do que era importante para ela. Aquilo o tornava ainda mais perigoso do que a polícia imaginava.

Anahí desligou.

- Sinto muito pela explosão. - Ela enxugou as lágrimas. - Foi um dia longo.

- Sim, senhorita, nós entendemos.

Alfonso observou-a recompor-se com uma força de vontade que poucos homens possuíam. Ela conduziu os policiais pelo restante da casa.

- Ele não deve ter visto este livro. - disse um dos homens ao entregar-lhe o livro de Alfonso.

Ele o pegou das mãos de Anahí. Ao contrário do policial, ele não tinha tanta certeza.

Se o bastardo tentara rasgá-lo, tivera uma surpresa desagradável. O livro não podia ser destruído.

Ao longo dos séculos, Alfonso tentara fazer isso incontáveis vezes. Nem mesmo o fogo podia arruiná-lo. Mas o livro servia para lembrá-lo de como as palavras que Anahí lhe dissera mais cedo eram verdadeiras.

Dentro de alguns dias, ele partiria e ela não teria quem a protegesse. Aquele pensamento lhe fazia mal.