Fanfic: Tudo Por Ele *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA
Cosme era um senhor agradável, mulato, com um grande bigode e falador.
Enquanto me levava em seu Gol branco para Realengo, fiquei sabendo de toda sua vida.
Casado e divorciado três vezes, pai de cinco filhos, amante de pagodes e cervejas, adorava noitadas e estava quase a entrar no quarto casamento. Trabalhava para Alfonso há nove anos e só teceu elogios a ele como patrão e como amigo.
Era uma espécie de faz tudo na casa, jardineiro, motorista, levava Dirce para fazer compras e fazia pequenos consertos. Gostei muito dele e nos divertimos durante a viagem.
Quando chegamos, insistiu em me esperar e me levar de novo para casa, mas garanti que Alfonso me daria uma carona. Só então acenou sorridente e se foi.
Entrei no prédio e fui falar com o porteiro, que já tinha combinado tudo com o síndico. Este era educado, me recebeu em uma pequena sala e mostrou os documentos de locação do ano de 1994.
Muitos tinham se perdido com o tempo, o mofo e a umidade. Tudo o que conseguiu encontrar foi uma reunião de condomínio de abril de 1994, com assinatura de alguns moradores sobre infiltração no prédio, onde constava a assinatura da minha mãe. Mais nada.
Observei o papel, vendo sua letra arredondada, bonita, no meio das outras. Catharina Almeida.
Uma emoção forte me engolfou, pois era a primeira coisa dela que eu via. Sua letra, sua assinatura. A prova de que ao menos em 1994 ela ainda morava ali.
Os registros do orfanato diziam que parei lá em outubro daquele ano. Cinco meses entre aquela assinatura ali, em Realengo, e a minha entrada em um orfanato no interior de São Paulo.
Naquela época em que ela morava ali, em abril, eu estaria com ela? Como fui parar no orfanato? Ela me levou, lembro dela se despedindo de mim e chorando. Meu Deus, o que tinha acontecido? Onde ela estaria agora?
- O senhor não tem mais nada aqui com o nome dela?
- Nada. Lamento. Naquela época não havia nada informatizado aqui e, como falei, os documentos ficaram em um local com umidade e mofo. Muitos foram jogados fora há anos. Este estava perdido no meio dos mais novos por sorte.
- E ainda há moradores daquela época aqui?
- Não, a vizinhança é bem mais nova. A não ser... - Ele pensou um pouco. - Só tem uma pessoa que mora aqui há mais de vinte e cinco anos. A dona Leopoldina.
Senti as esperanças renascerem.
- Posso falar com ela?
Ele me olhou meio na dúvida e explicou:
- Poder acho que pode. Ela mora com a neta Steff no primeiro andar. Mas tem um problema.
- Qual?
- É muito idosa. 92 anos. Tem Alzheimer, teve um AVC, na maior parte do tempo está confusa. É bem capaz de não se lembrar.
- Entendo. Mas será que posso ir falar com a neta dela?
- Claro, Steff é muito simpática. Vamos lá, vou levá-la ao apartamento delas e ver se podem conversar com você agora.
- Está bem, obrigada.
Elas moravam no 113. Uma moça pequena, levemente cheinha, com cabelos meio ruivos presos para cima, usando short e camiseta, nos recebeu.
Era naturalmente sorridente e, enquanto o síndico explicava resumidamente meu caso, ela concordava com a cabeça.
Por fim, disse afetuosamente:
- Ah, se Deus quiser vai encontrar sua mãe. Vem, minha avó anda muito esquecida, mas podemos tentar.
- Então, deixo vocês aqui. - Disse o síndico.
- Obrigada por tudo. - Agradeci a ele com um sorriso e um aperto de mão.
Nos despedimos e a moça de uns vinte e quatro anos, me puxou para dentro.
- Fique à vontade e não repare na bagunça.
O apartamento era espaçoso, a sala com móveis antigos e bem cuidados. Sobre a mesa de canto da sala, um monte de roupa íntima e lingerie.
Steff explicou:
- Complemento a renda de casa vendendo roupas, lingeries e fantasias sexuais. Depois, se quiser dar uma olhadinha. - Ela sorriu faceira.
- Ah, tá. Claro. - Sorri também.
- Vem, vovó está no quarto vendo televisão. Adora visita e conversar, mas usa aparelho de surdez e se confunde com as coisas. Não sei se vai poder te ajudar.
- Já agradeço só por tentar.
- Tudo bem.
O quarto era grande, arejado, limpo. Recostado em vários travesseiros, usando uma camisola rosa e com as pernas cobertas por uma colcha branca, estava uma senhora pequena, toda enrugadinha, pela clara com manchas senis e um cabelo totalmente branco caindo em uma trança comprida sobre um dos ombros.
Fitou-me com atentos olhos de um azul clarinho, levemente nublados pela idade. E exclamou com uma voz potente que me pegou de surpresa:
- Porra, Joana! Até que enfim apareceu! Esqueceu que tem irmã?
Autor(a): Mila Puente Herrera ®
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Fiquei sem saber o que dizer e olhei para Steff. Esta sorriu e disse paciente: - Vovó, essa não é tia Joana. É uma amiga minha, a Anahí. E essa é minha vozinha, Leopoldina. - É um prazer conhecê-la. - Falei, com um sorriso. - É o quê? - Ela fez sinal com a mão para que eu fosse perto dela, praticam ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 283
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hadassa04 Postado em 28/11/2015 - 00:41:05
Agora pra encerrar bonitinho com 325... Mila minha diva é sempre uma ler suas adaptações... amo vc
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hadassa04 Postado em 28/11/2015 - 00:38:23
Foi lindo Mila parabéns fic simplesmente perfeita.
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hadassa04 Postado em 28/11/2015 - 00:34:53
Casamentooooooooooo.... ai Gzus....
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hadassa04 Postado em 28/11/2015 - 00:28:52
CARALHO ela se declarou.... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA totalmente surtada agora
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hadassa04 Postado em 28/11/2015 - 00:21:32
Ele foi atrás dela nem acredito.... meu coração vai parar.
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hadassa04 Postado em 28/11/2015 - 00:18:01
Ai meu Deus, ai que raiva merda, ela tá grávida? Ai que lindo...
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hadassa04 Postado em 27/11/2015 - 21:13:49
Muita calmaria é sinal de tempestade...
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hadassa04 Postado em 27/11/2015 - 20:40:27
Que bom que a Maitê está com a Any
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hadassa04 Postado em 27/11/2015 - 20:24:22
Filha de um ladrão é uma mulher sem sentimentos o que isso me torna? CARALHO fiquei impactada com essa frase. Meu coração está sofrendo pela Any
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hadassa04 Postado em 27/11/2015 - 20:21:00
Isso mesmo Any vc viveu a vida toda sem essa cobra não precisa dela agora.