Fanfics Brasil - Capítulo 2 - Caçados Trilo (Os vampiros na vida de Matias e Nina)

Fanfic: Trilo (Os vampiros na vida de Matias e Nina) | Tema: Vampiros


Capítulo: Capítulo 2 - Caçados

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                A chuva caía escassa e nós caminhávamos apressados, dividindo um guarda-chuva azul turquesa, com uma mancha preta bem grande em um dos lados. Um dia desses, enquanto pintava, derrubei um pote de tinta preta sobre o guarda-chuva, que secava ao lado da minha mesa. “Pelo menos agora ele é único”, o Matias disse quando me viu tentando limpar a mancha. Alguns poucos carros cortavam a rua, com faróis que machucavam os olhos e espalhando a água que se acumulava contra o meio-fio. À direita, com uma lâmpada queimada onde deveria haver um “a”, um letreiro que dizia “Delilah’s” se destacava. E foi pra lá que fomos.


                Enquanto Matias ia ao banheiro, observava os pingos que escorriam pelo vidro da janela. Um... por um. Era a quinta vez que celebrávamos mais um ano de namoro. Pode parecer muito, mas tudo passou tão rápido. Quando voltou sentou ao meu lado: o cabelo loiro, agora molhado escorria pela testa e algumas poucas gotinhas de água ainda se abrigavam entre os fios da barba dele.


                Olha, tua barba tá molhada. – Ele então passou o queixo pelo meu ombro e as gotinhas de água se espalharam mundo a fora


                Saiu?


                Íamos tanto àquele restaurante que os garçons já nós conheciam pelo nome. Quando demorávamos muito a ir lá novamente, perguntavam o que havia acontecido. Mas hoje tínhamos um motivo especial: o quinto ano de namoro. Eu já havia dado meu presente pela manhã: um livrinho pequeno, com capa de couro, que eu mesma fiz. Dentro, algumas fotos, poemas, desenhos meus, letras de músicas, recortes. De tudo. Ele amou, mas disse que só iria me dar o meu presente mais tarde. E assim foi. Depois de comermos, tirou uma caixinha de veludo vermelho do bolso. Será que ele ia me pedir em casamento?


                Valentina, você põe cores na minha vida todos os dias. Vi isso e me lembrei de você, porque é linda e colorida que nem você. Espero que use. – uma pulseira. Era apenas uma pulseira, nada de anel. Pulseira. Sorri, mas me pergunto como teria reagido diante de um anel de noivado.


                Era uma pulseira prateada, meio cigana, com pedrinhas de todas as cores. Uma plaquinha de prata pendia, nela nossas iniciais “V e M”. Era linda. Ele amarrou no meu pulso direito e eu o enchi de beijos. Era incrível como ele conseguia me agradar de todas as formas possíveis. Até durante nossas brigas, nos momentos mais difíceis, ele sabia exatamente o que dizer. Sabia exatamente quais presentes me dar, quais palavras usar, que música tocar. Depois de 5 anos convivendo tão próximos, sabia ler cada olhar meu, cada gesto, cada palavra (dita ou não). E eu não tinha nada a fazer, senão amá-lo.


                Terminamos nossa sobremesa, enquanto a chuva ia parando e o musical, já no fim, na TV do restaurante, se tornara audível. Saímos abraçados, enquanto um guarda-chuva azul manchado se sustentava esquecido contra a mesa do restaurante “Delilah’s”, agora com uma lâmpada queimada em seu letreiro e outra, que, de segundo em segundo, ameaçava se apagar.


                Fomos à praia na manhã seguinte. Depois de alguns minutos sentados na areia, voltei para comprar água de coco na calçada. Aquela foi a segunda vez que os vi: em um quiosque, cada um com um coquetel. O loiro com o cabelo bagunçado novamente, com shorts cáqui e uma camisa branco de linho meio aberta, as pernas longas à mostra. O moreno, dessa vez, tinha o cabelo para trás, sustentado por camadas de gel, tenho certeza. Usava calça jeans e uma camisa de botões escura, bem mais formal que o companheiro. Parecia ainda incomodado, revirando os olhos diante de algo que o loiro havia dito.  Ambos usavam óculos de sol novamente. Quantos ambientes em comum nós freqüentávamos? Enquanto observava os dois, um objeto familiar se sustentava apoiado na cadeira do loiro: um guarda-chuva azul turquesa. Era o meu guarda-chuva, eu tinha certeza. Voltei ao Matias, que me esperava ainda sentado.


                Olha, eles tão ali de novo.


                No momento que Matias se virou na direção deles, os dois se levantaram (as bebidas intactas). O loiro abriu o guarda-chuva, abrigando a si e ao companheiro. Uma mancha escura se revelou. Era, com certeza, meu guarda-chuva. Matias se levantou impulsivamente, com a intenção de segui-los e pedir de volta meu guarda-chuva. Talvez questionar porque nos observavam tanto. Segurei-o pelo braço, sem saber bem o porquê.


                Deixa, deve ser um casal gay que se mudou agora.  Vai ver te acharam bonito e tavam te olhando, sei lá. Tem tanto estrangeiro por aqui esses dias.... – falei a primeira coisa que me veio à mente, só queria que ele não fosse até aqueles dois. –Ele riu, mas não estava convencido ainda.


                Mas é teu guarda-chuva, Nina. Eles pegaram.


                A gente deve ter esquecido ontem e eles acharam, deixa.


                Quando olhamos para o quiosque novamente, os dois já haviam sumido, nos deixando apenas com dúvidas  e nenhum guarda-chuva azul manchado.



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Autor(a): vampie

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