Fanfic: Trilo (Os vampiros na vida de Matias e Nina) | Tema: Vampiros

                Matias e eu decidimos que não seríamos mais presas, eles não nos caçariam mais. Não iríamos fugir, mas tornaríamos as coisas mais interessantes para nós também. Tínhamos uma rotina bem estabelecida: sempre os mesmo lugares, mais ou menos na mesma hora, nos mesmos dias da semana. Mudamos nossa rotina completamente. Foi divertido, na verdade. Não me senti fugindo, me senti convidando-os a fazer as coisas do nosso jeito agora. Se quisessem alguma coisa de nós, teriam que dançar a nossa valsa, sob a nossa música. Por quase duas semanas não os vimos mais.

                Até que os vimos pela terceira vez. Sabe-se lá quantas vezes eles já haviam nos visto. O moreno, dessa vez, também tinha o cabelo extremamente liso sobre os ombros. O loiro não parecia muito diferente desde a última vez que o vi. As peles ainda extremamente brancas, o que já era por si só um mistério. Estavam no Brasil por pelo menos um mês e não haviam escurecido um só tom. Embora estivéssemos na praça de alimentação de um shopping, usavam óculos de sol novamente. O primeiro que nos viu foi o moreno. Sussurrou alguma coisa para o loiro, que se virou em nossa direção em menos de um segundo. Eles haviam nos achado novamente, mas, dessa vez, pareciam surpresos. Talvez um pouco satisfeitos? Não sei. Matias os convidou a sentar conosco, apenas um gesto. Os dois trocaram algumas palavras, pareciam estar discutindo. Mas no fim das contas se dirigiram até nós, enquanto o moreno revirava os olhos.

                 – Boa tarde. Seria algum problema se meu irmão e eu sentássemos com vocês? É bom rever alguns rostos conhecidos. – o loiro iniciou a conversa, em um português impecável, sem sotaque algum, a princípio.

                 – Claro.

                 – Meu nome é Aaren. Esse é meu irmão Fredric. – disse o loiro, incrivelmente confortável, enquanto “Fredric” apenas sorria timidamente.

                 –Óculos bonitos. – eu disse, provocando-os.

                 –Sim, mas desnecessários dentro de um shopping, certo, Fred? – então os dois tiraram os óculos. Aaren tinha olhos azuis claros e brilhantes. Já Fredric tinha esses olhos verdes, grandes. Eram os olhos mais lindos que eu já tinha visto em toda minha vida. Irresistíveis... – Então, nos mudamos pro Brasil há quase um mês, e moramos perto de vocês, pelo que percebemos.

                –E já aprenderam português?

                –Somos tão óbvios assim? – Aaren disse e, imediatamente, Fredric olhou para ele como se dissesse “duh”. Eu apenas concordei. – Bem, temos muito tempo livre e gostamos de aprender outras línguas. Quando soubemos da oportunidade aqui no Brasil, tivemos algumas lições rápidas e logo já estávamos quase “fluentes” novamente.

                –Oportunidade? Algum emprego? – Matias falou.

                –Sim, temos alguns negócios espalhados pelo mundo... Mas mais sobre vocês, certo?

                –Acho que vocês já sabem bastante. – Matias os provocou. Fredric apenas movimentou seus ombros, como quem dissesse “eu avisei”.

                – Co...como assim? Vocês sabem?

                – Claro que sabemos. – eu menti. Bem, sabíamos que tinham algum interesse sombrio por nós, mas não exatamente o quê. Os dois se encararam por alguns segundos, sussurrando em alguma língua estranha. Até que Fredric me olhou, com aqueles olhos... Por um momento achei que ele podia ler minha alma. E talvez pudesse mesmo, pois apenas balançou a cabeça negativamente para Aaren.

                – Claro que não sabem. Bem, uma hora teríamos que explicar. Acreditamos que Matias seja um parente nosso. Alguém que perdemos... muitos anos atrás. Procuramos por toda a parte.

                –Que foi tirado de nós. – Fredric acrescentou.

                –Que nível de parentesco estamos falando? – Matias perguntou.

                –Irmãos. – por um momento parei. De fato, havia muita semelhança entre os três. Apesar de Matias ter cabelo loiro escuro, enquanto os dois tinham cabelo castanho e loiro claro, as feições eram muito semelhantes. Apenas os olhos de Aaren e Fredric eram... diferentes. O azul mais azul e o verde mais verde que já tinha visto em minha vida. Já os olhos de Matias eram azuis, com um pouco de verde aqui e ali, mudando sempre, dependendo da luz.

                –Impossível. Sou filho único. – ele disse. Queria concordar com Matias, mas a semelhança entre os três era enorme.

                – De qualquer forma, aqui está meu número. Gostaríamos muito se pudesse nos telefonar. Há muito que gostaríamos de conversar. Sua adorável Nina também está convidada. – e Fredric o entregou um cartão.

                Os dois se levantaram e foram embora, atraindo alguns olhares. Aaren parecia se deleitar com a atenção vinda de todas as partes, enquanto Fredric apenas revirava os olhos.

                – Matias, acho que devia ligar pros teus pais. Eles são... muito parecidos contigo. E parecem ter vindo de muito longe pra te achar. Apesar de não ter gostado deles no começo... Não sei. Apenas liga pros teus pais, tá?

                Naquele mesmo dia Matias ligou para os seus pais, que reagiram com surpresa, mas também estranhamente cautelosos, como se escondessem algo. Depois de muita insistência por parte do Matias, resolveram contar a verdade: Matias fora adotado. Um bebê achado em frente a um abrigo, sem documentos, sem lembrança alguma. Nunca se soube nada sobre os pais biológicos.