Fanfic: Trilo (Os vampiros na vida de Matias e Nina) | Tema: Vampiros
Matias podia ser extremamente insistente e teimoso.
– Mas teus pais vêm te dando tanto amor durante todos esses anos. Não importa que vocês não compartilhem o mesmo sangue, Matias.
– Na verdade, importa sim, Nina. Por mais estranhos que aqueles dois sejam, talvez sejam minha única chance de conhecer minha família biológica. – E eu não podia culpá-lo. Por mais que desconfiasse de Aaren e Fredric, tinham vindo de muito longe para encontrá-lo. Por mais duvidosos que fossem seus métodos, conseguiram se aproximar de Matias e despertar sua curiosidade. – Além disso, Nina, Fredric disse que tinha muito que conversar. E se eles souberem mais sobre mim? Eu quero saber mais sobre minha família biológica.
No fim das contas, aquela era uma decisão que cabia a ele apenas. Por mais que gostasse do misterioso, por mais que até eu tivesse curiosidade, temia um pouco por ele. Naquela tarde Matias ligou para Fredric, que, além de surpreso, parecia muito feliz. Marcaram um jantar no apartamento deles, há algumas ruas da nossa.
– Não vai se arrumar pra ir comigo? Dá pra gente ir andando pra lá...
– Não acha que vou incomodar? Sei lá, vocês vão conversar coisas de família. – brinquei.
– Nina... Aquele teu vestido vermelho é bonito, vai lá pôr, por favor.
– Mas... 10 Coisas que Eu Odeio em Você vai passar na televisão.
– E você já assistiu a esse filme dez vezes. Além do mais, tem no Netflix. Por favor, Nina, vamos.
Sob muitos protestos, resolvi ir. Matias disse que precisava do meu apoio e por isso concordei, mas sabia que me sentiria extremamente deslocada. Chegamos à portaria do prédio e Aaren desceu para nos receber.
– Que maravilha ver os dois aqui! Fred está cozinhando o jantar. Não o culpem se não ficar muito bom, tá? Perdemos um pouco nossa prática na cozinha. – Aaren nos disse enquanto chamava o elevador.
– Vocês só comem fora? – Matias perguntou
– Exatamente.
O apartamento ficava no 23º andar e era – incrivelmente – bem decorado. A sala de estar tinha dois sofás e algumas poltronas vermelhas, que pareciam vir de algum cassino. Cortinas com alguns detalhes dourados cobriam as janelas. Na parede, uma televisão enorme contrastava com o ambiente que haviam criado. Muitos, muitos quadros por toda a casa. A sala de jantar possuía uma mesa longa, com 12 lugares. Um lustre enorme se sustentava sobre ela. Já a cozinha tinha uma decoração moderna, contrastando com o resto do lugar. Parecia até que nunca haviam mexido em coisa algum lá. Não cheguei a ver outros cômodos naquele dia, mas, enquanto me olhava no espelho do banheiro, me arrependi de não ter me arrumado mais. Com a mesa enorme posta, tudo parecia extremamente bem cuidado, cada detalhe: os talheres milimetricamente posicionados, flores em um vaso no centro da mesa, algum vinho antigo aberto especialmente para a ocasião. Eles haviam preparado tudo com muito cuidado. Fredric havia preparado fettuccine com camarão e molho branco. Não sei como ele havia adivinhado, mas era meu prato preferido.
– Fredric acertou no tempero dessa vez, Nina? – Aaren me perguntou.
– Muito! Mesmo, adoro esse prato. – eu disse enquanto engolia mais uma garfada e buscava a taça de vinho.
– E o vinho está bom?
– Na verdade, ela prefere as bebidas com nomes espanhóis. – Matias me denunciou, quando eu estava prestes a confirmar que sim, embora não gostasse muito de vinho. Olhei zangada para ele, que apenas deu com os ombros. – Mojito, tequila, cuba libre, piña colada.
– Bom saber! – Aaren disse enquanto se levantava. – Sabe, Fred é o cozinheiro, mas eu prefiro as bebidas. Já volto.
Após o jantar, sentamos nos sofás da sala de estar, enquanto um programa qualquer passava na televisão. Fredric foi mostrar a Matias o resto do apartamento e ficamos Aaren e eu bebendo o mojito que ele havia preparado.
– Tá muito bom, muito bom mesmo. Eu adoro Mojitos, sabia?
– Dá pra ver. – ele disse sorrindo – Eu também gosto muito, mas não conta pra ninguém, tá? É bebida de menina.
– Então você só toma escondido? O que você toma na frente dos seus amigos?
– Você não iria gostar muito... Acho que mojito é mais saudável. Que tal um Bloody Mary?
– Eca. – eu soltei sem perceber – Não gosto muito.
– Verdade, não tem nada de “bloody” nele mesmo...Vou pegar outro Mojito, tá? – eu sorri e esperei que ele terminasse.
– Nossa, que rápido. Vou acabar bêbada aqui. – brinquei
– Talvez... É um apartamento grande, sabe? Daqui que Fredric termine de mostrar tudo nós já teremos terminado aquela garrafa de rum. – eu apenas dei com os ombros e sorri. – Mas me conta de você, Nina.
– Eu estudo Psicologia, me formo em um ano. Gosto de arte, desenhar, literatura latina, música. Mas não sei tocar nada. Já o Matias toca piano, é lindo. Eu só assisto.
– Fredric também toca piano... E eu só assisto.
Conversamos por uns 45 minutos sobre mim, o que eu fazia, o que eu gostava. Aaren era incrivelmente simpático e compartilhava alguns gostos comigo. Perguntava sobre aquilo que não conhecia, com mais interesse do que achei que fosse ter, tendo em vista que estávamos ali por Matias. Em nenhum momento parecia entediado, embora eu falasse sobre as coisas mais estranhas e bobas. Matias retornou com Fredric e quando nos viram, bêbados, rindo como se já nos conhecêssemos há anos, não conseguiram conter o riso.
– Mas, Aaren, quem diria que essa noite acabaria assim?
– Você, provavelmente. – Aaren respondeu e Fredric fingiu “pensar” sobre o que dissera, concordando ao final.
– É, eu te conheço bem. Mas você, Nina... – eu apenas sorri, meio zonza – Vocês moram perto, mas se quiserem dormir aqui, temos quarto suficiente. Já é mais de meia-noite, talvez não seja muito bom andar por aí essa hora.
– Nós precisamos ir pra casa, temos que dar comida para o coelho amanhã. – Fredric apenas me olhou como se nada do que eu havia dito fizesse sentido.
– Lappie, o coelho de estimação dela. – Matias explicou. Fredric soltou um “ah” e concordou.
– Bem, nós podemos levar vocês para casa. Quer dizer, eu posso. Aaren não está em condições.
Fredric nos levou para casa, em algum carro chique que não sei o nome.
– Quase não conversamos hoje, Nina, mas espero fazê-lo em breve.
– Vocês podem vir jantar amanhã? No nosso apartamento... Não é como o de vocês, mas é aconchegante.
– Claro, Aaren vai adorar. Ah, chegamos... Lembranças ao Lappie, tá?
E nos despedimos.
– Amanhã me conta o que você e Fredric conversaram tanto, tá? – eu disse, enquanto deitava minha cabeça sobre o peito de Matias.
– E você me conta o que conversou tanto com o Aaren, tá?
Estava tão cansada naquela noite, que Matias só precisou afagar meu cabelo algumas vezes e eu já havia dormido.
Autor(a): vampie
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