Fanfic: Uma estranha no ninho. | Tema: Cavaleiros do Zodíaco.

Estava um vento especialmente fresco naquela noite. Gostoso e extremamente agradável já que o calor grego era de matar até seus conterrâneos. O som do cricrilar e as risadas dos bêbados que ocupavam os bares de Rodório eram as únicas coisas que se faziam ouvir. Estava cansado. Muito para dizer a verdade. A missão havia sido cansativa, mesmo que o inimigo em especial não tenha sido lá grandes coisa, ainda mais para alguém como ele. Um dos cavaleiros de ouro mais poderosos que já nascera. Imponente por natureza e o olhar predatório que faziam tremer até mesmo os juízes do submundo. Respirou fundo jogando o resto de seu cigarro em um canto qualquer daquele chão de pedras. As mãos no bolso da calça jeans clara e uma camisa branca, uma jaqueta de couro preto e os cabelos soltos que se moviam de acordo com o vento.

“Por Atena, nunca desejei tanto minha cama como hoje.”, pensou fechando os olhos e soltando o ar de seus pulmões... mas um vento sombrio soprou mais forte. Saga abriu os olhos rapidamente sentindo o clima pesar drasticamente. Olhou em volta e um vulto negro e rápido passou de um beco para o outro. O cavaleiro aprumou-se. O movimento fora tão rápido que quase passou despercebido a seus olhos. Não soube identificar o que poderia ser na realidade. Um homem? Uma mulher? Um inimigo? Era quase certo. Nunca havia sentido aquele ar em toda sua vida de cavaleiro, nem os espectros refletiam um ar tão estranho como aquele.

Um novo movimento rápido fez o cavaleiro virar-se novamente ainda mais atento a tudo. O som de algum metal sendo derrubado, seguido de um rosnado pode ser ouvido. Alguma coisa o estava rondando.

– Seja lá quem você for, acho melhor aparecer. Se pensa que pode me intimidar se escondendo dessa maneira, está muito enganado. – Disse com toda sua imponência. Os olhos mais do que atentos a qualquer movimento. Seus sentidos mais apurados que o normal e a posição de defesa também.

Novamente o som de passos chamou a atenção de Saga que instintivamente virou-se e vendo a sombra esguia começar a se afastar em fuga. Saga rapidamente começou a correr. Entre eles as pequenas casas de Rodório pareciam correr tão rápido quanto ele, mas em direção contrária. A sombra se embrenhou em mais alguns becos com Saga em seu encalço. Não iria deixar aquele inimigo fugir daquela maneira. Era rápido, rápido demais para seu gosto e aquele ar pesado e estranho o deixou mais do que em alerta.

Cortou caminho por uma casa, atravessando pela janela aberta assustando o casal que assistia a um programa na TV. Correu até os fundos e pulando na mesma velocidade novamente para fora quase dando de cara com seu adversário. Saga por alguns centímetros não acertou um soco. O vulto desviou rápido. Saga em reflexo lançou um chute giratório que foi prontamente defendido.

“O que?! Não posso acreditar!”

A sombra girou os pulsos rapidamente, segurando na panturrilha do cavaleiro e o levantando como se fosse uma pluma, girando com ele e o lançando para longe. Saga girou o corpo no ar para não se chocar contra uma parede, em vez disso pegou impulso onde tinha sido arremessando e em contra ataque lançou uma rajada de cosmo que mais pareciam espinhos gigantes. A sombra desviou-se como pode, mas Saga era experiente. Não era à-toa que era um cavaleiro de ouro. Uniu seu punho com as rajadas de cosmo com toda sua velocidade, mas a sombra incrivelmente desviou. Voltando a fugir. Saga não entendeu aquela atitude. Ele não parecia querer lutar e sim...fugir?

– Pare! – Gritou voltando a correr pelo beco ao encalço da sombra. Aquela brincadeira já estava o irritando... demais para ser sincero. – Eu mandei parar! – Berrou lançando mais uma rajada de cosmo, só que bem mais intensa do que a anterior. A sombra se virou, desviando de alguns, mas dessa vez não de todos. O último acertou em cheio, lançando-a contra uma parede de pedras. Sangue espirrou pelas paredes e um ganido quase animalesco pode ser ouvido por toda Rodório. O cavaleiro ofegante, mal podia acreditar que havia recebido uma canseira daquelas. “Talvez pelo desgaste da missão anterior. Preciso de descanso.”, Pensou aproximando-se devagar.

Mais um grunhido pode ser ouvido, quase como um choro ou o lamento de algum animal. Um cão talvez?!

Estava escuro. Saga aproximou-se o máximo que pôde, caminhando devagar e com máxima cautela. Abaixou-se próximo ao corpo inerte tentado distinguir algo, mas estava escuro demais. Uma esfera de cosmo surgiu em sua mão e quando o corpo de seu adversário foi iluminado o cavaleiro mal pode acreditar no que estava diante de seus olhos.

♊ ♊

Os passos apressados ecoavam pelo chão de Virgem. Shaka acordou assustado ao ouvir todo aquele burburinho. A voz de Aiolia e Aldebaran podia ser ouvida, mas sem conseguir distinguir o que diziam.

– Era só o que me faltava. Aiolia e Aldebaran bêbados fazendo algazarras em minha casa outra vez. – Irritou-se ainda mais ao imaginar que os amigos haviam subido até virgem outra vez só para lhe atazanarem. Ahhh mais dessa vez eles iriam dar um belo de um passeio isso sim... para um de seus infernos com direito a passagem só de ida.

O virginiano levantou-se e a voz de Saga gritando seu nome parecia estremeceu as paredes e pilastras majestosas da casa de virgem. Shaka caminhou apressado e extremamente irritado em direção à baderna. Os desgraçados estavam em sua cozinha?! Abriu a porta usando as duas mãos chamando a atenção dos três que pareciam perdidos ali.

– Mas que diabos vocês estão fazendo em minha casa? – Shaka simplesmente odiava ser acordado, ainda mais daquela maneira e àquela hora da madrugada.

– Desculpe Shaka, mas preciso de sua ajuda. – A voz alterada de Saga chamou a atenção de virgem que estancou com o estado do mesmo. Sua camisa branca havia sido tingida de vermelho. Vermelho intenso, assim como seu rosto e suas mãos.

– Isso é sangue? Saga, mas o que houve? – Perguntou sentindo-se aflito. Olhou para Aldebaran que parecia ajeitar algo em sua mesa. Aiolia embebia um pano de prato na pia e voltando exacerbadamente em direção à mesa. O leão também estava sangrando? – Mas...o que está havendo aqui?

– Shaka não dá tempo de explicar agora, mas eu preciso de sua ajuda e rápido. - Saga olhou de Shaka para Aldebaran que em seguida trocou um olhar com Aiolia. O taurino levantou o tronco totalmente e saindo de perto da mesa. Shaka virou o rosto, sentido a presença estranha entre eles. Nunca em sua vida havia sentido aquilo. Engoliu em seco aproximando-se do corpo inerte sobre a mesa. As panelas trepidaram e dois copos estouraram quando Shaka precisou abrir seus olhos para ter a certeza do que estava diante de si. Ele precisava ver com seus próprios olhos o corpo que se esvaia em sangue em cima de sua mesa.

Saga apoiou as duas mãos sobre a mesa e encarando o olhar perplexo do virginiano sobre si. Aldebaran e Aiolia trocaram um olhar com Saga e Shaka que passou as mãos na franja farta e expondo ainda mais seu tilake e voltando a prender seus olhos tão azuis nos verdes de gêmeos.

– Por Buda!

Continua...