Fanfic: Liberdade Para Voar AyA [FINALIZADA] | Tema: AyA / Ponny

Capítulo 13 :

Apenas Me Perdoe (Parte I de II)

3 meses depois

Poncho mal podia acreditar que havia se passado um tempo e as coisas pareciam querer começar a melhorar. Anny conseguiu o ajudar com várias contas e notas fiscais que ele não conseguia de forma alguma entender e isso os aproximou muito, tanto que as encondidas um ficou com mania de sempre dar ou roubar selinhos, principalmente Poncho que se divertia ao ver Anny sem jeito achando que Dona Ivone havia os visto várias vezes ou até mesmo Beatriz.

A pequena cada dia ficava melhor. Poncho conseguiu um ótimo psicólogo para ela e os avanços estavam muito bons. Beatriz começou na nova escola e logo já havia feito duas amiguinhas, deixando Poncho e Anny super animados com o progresso dela.
De vez em quando ela ainda se sentia um pouco sozinha no sítio, então Anny sugeriu que alguns dias nos fins de semana as duas amiguinhas fossem lá passar o dia com Aninha. No começo Poncho ficou preocupado, porém viu o quanto a filha sorria e gargalhava cada vez que brincava por todo sítio junto das outras duas meninas e se sentiu realizado.

Era chegada a hora de ir visitar Clarice o que deixou Poncho bem apreensivo. Anny logo falou a ele que iria junto para apoiar. Clarice havia acordado do coma no mes anterior e estava fazendo certo progresso no tramento, de acordo com os Drs Augusto, que cuidava do caso desde o início, e Dr. Gustavo, que havia entrado depois, tudo estava ocorrendo no tempo certo. Aninha insistiu para ir junto mas Poncho a explicou diversas vezes que hospital não era lugar de criança e ainda mais pacientes em estado grave como no caso de Clarice, iriam impressioná-la demais e poderia a assustar. Beatriz teria de ficar com Dona Ivone, que prontamente aceitou cuidar da menina.

Numa tarde de 3ª feira, depois de chegar mais cedo do plantão, Poncho voltou rapidamente ao sítio para buscar Anny e irem juntos visitar Tia Clarice. O nervosismo dele era grande e sabia o peso da responsabilidade que era ter um parente doente. Poncho estava na sala conversando com Beatriz em quanto esperava por Anny, que demorara um pouco para se arrumar.

-- Já te disse filha ! Não pode ir lá. É um lugar muito triste para uma menina pequena como você. Fique aqui com Dona Ivone que cuidará muito bem de você. -- Poncho dizia novamente a filha que estava num mal humor por não poder ir junto ver a avó.

-- Mas eu quero papai ! Quero saber se ela está bem. Vai que esteja sentindo minha falta ? -- Beatriz dizia chateada pois
sentia saudade da avó, mesmo Clarice não a tratando tão bem.

-- Ela acabou de acordar minha pequena. Não se lembra de muita coisa mas eu digo que tem uma meninha em casa impaciente doida para que fique boa logo. -- sorriu para Aninha bagunçando um pouco os cabelos loiros da pequena que deu uma risadinha

Anny chegou na sala bem esbaforida e pronta para ir ao hospital acompanhar Poncho. Estava vestida de forma simples porém o mais arrumada que conseguiu. Usava uma calça jeans azul escura, camiseta branca de alcinha, sandálias baixa no pés e os cabelos soltos. Poncho a olhou sorrindo deixando a mesma envergonhada. Beatriz apenas observou os dois sorrindo.

-- Está linda. -- ele disse a olhando de perto

-- Que nada ! Esta roupa é antiga e a melhor que eu tenho. -- Anny respondeu sincera

-- Bom, então vamos logo. E você sua apressadinha, -- falou apertando o nariz de Beatriz, -- se comporta e obedeça a Dona Ivone. Eu e Anahí não vamos demorar. -- Poncho deu um beijinho na cabeça da filha e Anny fez o mesmo depois de dar um abraço apertado na pequena.

Os dois saíram da casa, foram em direção ao carro de Poncho e rapidamente entraram. Poncho deu partida e logo estavam
na rua a caminho do hospital. Tentaram ao máximo conversar um pouco para distrairem, pois a tensão de ambos era grande.

-- Como a Dona Clarice está ? -- Anny perguntou após muitos minutos calada.

-- Pelo que o Dr. Gustavo, que é um exelente neurologista, disse ela saiu do coma mas permanece com tramento bem intensivo. Na realidade não poderia estar recebendo visitas, abriram uma execessão para mim por ser um dos chefes. Não gostaria de estar passando por isso. A saúde dela sempre foi ótima e agora acontece isso. -- Poncho disse bem decepcionado. Imaginava o quanto a tia poderia estar sofrendo totalmente impotente entregue a um câncer.

-- Não fique assim Poncho. Ela vai melhorar. -- Anny disse o olhando com o melhor sorriso que tinha esperando que
suas palavras o ajudassem de alguma forma.

-- Brigado por estar vindo comigo. Sozinho eu não iria conseguir enfrentar isso tudo. -- Poncho a olhou depois de parar em um sinal.

-- Faço isso pra te ajudar a tirar esse peso de dentro de você. Sei o quanto é difícil ter parente doente. -- ela falou se lembrando do pai que morrera novo quando ela era praticamente um criança.

Poncho percebeu o olhar dela triste e colocando a mão em seu rosto falou :

-- Sinto muito por sua perda. Se pra mim que já sou adulto tá sendo difícil, imagina pra você. Quantos anos tinha quando isso aconteceu ? Foi seu pai ? -- Poncho perguntou receoso com medo que ela chorasse. Voltou a dirigir em quanto Anny explicava o ocorrido.

-- Foi meu pai sim. Eu tinha 14 anos. Chorei por dias. Minha mãe não sabia mais o que fazia para me tirar daquela tristeza. Nisso ter começado a trabalhar pouco tempo depois serviu de estímulo, assim não ficava em casa sozinha, já que minha mãe sempre trabalhou muito, e ainda conseguia um dinheiro a mais que ajudava muito o nosso orçamento reduzido. -- Anny falou como se tivesse falando para um amigo muito próximo. Jamais conseguira falar desse assunto com ninguém, nem sua própria mãe que sofrera muito com a perda do marido.

-- Me desculpe te fazer lembrar disso tudo. -- Poncho se desculpou

-- Não tem problema. Confio em você. -- Anny sorriu

Haviam chegado ao hospital, estacionaram na vaga que Poncho sempre usava e foram direto para a entrada de funcionários onde
Poncho se identificou e foi autorizada a entrada de Anny.

No caminho para o elevador encontraram o Dr. Augusto que os acompanhou até o andar onde Clarice estava internada. Precisavam
entrar logo, pois o tempo de visita era reduzido devido ao grau da doença dela.

Ao entrarem no quarto de Clarice, Poncho ficou bem preocupado já que a aparência da tia ainda era muito debilitada. Sentiu Anny segurar firme sua mão e entrou junto com ela. Ficaram a uma distância curta da cama. Clarice permanecia dormindo porém sentiu a presença de Poncho ao lado, abriu os olhos o olhando um pouco confusa.

Anny apenas assentiu para ele não perder a coragem e o mesmo foi para o lado da cama da tia.

-- Como a senhora está ? -- Poncho perguntou com voz baixa

-- Meu sobrinho ? -- Clarice tinha a voz baixa devido aos aparelhos que ainda estavam ligados a si

-- Sou eu sim Tia. -- Poncho sentiu as lágrimas quererem vir porém as segurou

De repente Clarice segurou a mão do sobrinho dizendo uma única frase curta que fez até Anny, que foi para o lado de Poncho,
se surpreender também.

-- Apenas me perdoe... -- Clarice disse com lágrimas nos olhos