- Alfonso! - Gritou o treinador Gastón com a voz excessivamente irritada - Passe a merda da bola!
O moreno olhou para a linha do gol, imaginando que, se pudesse ignorar a voz demasiada alta do treinador, poderia fazer o touchdown da vitória. A bola em suas mãos parecia queimar, como que alertando que precisava ser passada, mas correu mesmo assim, sendo encoberto por mais dois colegas a fim de protegê-lo.
Foi atacado e saltou por cima do outro jogador quando o mesmo caiu, e, por mais que a voz de Gastón lhe tirasse do sério a ponto de querer amarrar uma corda em seu pescoço, passou pela linha do gol marcando os 6 pontos da vitória.
O alarme soou mostrando o fim do jogo, enquanto metade da platéia gritava: Go! Bull! Dogs! , o "hino" do time.
- O treinador vai te matar - Cristian zombou dele batendo em seu ombro - Só não sei se por não ter ouvido ele ou por ter feito o ponto da vitória.
O moreno riu - Qualquer motivo é bom para ele me matar.
O outro riu, puxando o capacete mostrando a testa molhada pelo suor - Vai na festa dos calouros? Soube que algumas meninas da Educação física são lindas.
Alfonso gargalhou, sabendo que assim que pisasse lá sentiria apenas o cheiro de álcool e sexo.
Outros rapazes do time bateram em seu ombro soltando elogios pelo bom jogo, sendo o último, Gastón.
- Da próxima vez que não me ouvir, vou te colocar no banco! - falou alto como se ainda estivesse em campo.
- Se eu estiver no banco, quem vai fazer os pontos da vitória? - Zombou, sabendo que era um pedido só de ida para o inferno pessoal do treinador.
O outro não lhe respondeu, apenas acenou para o resto do time e saiu.
- Você é louco - Tomás gargalhou. Seu colega mais baixo e mais novo do time, estudava Odontologia juntamente com Nico, outro jogador, e grande amigo de Alfonso.
- Talvez - Alfonso sorriu e puxou a camisa com o número 11, levando também os protetores até estar apenas de cueca como os outros ali.
Pegou a toalha e seguiu para a ducha, onde encontrou os colegas de time conversando sobre as calouras.
- Poncho! Uma gata entrou na medicina agora, já chegou no quarto período, linda de morrer, o que acha? - Ofereceu um dos meninos que mais ficava no banco do que jogava. Mal sabia seu nome...
- Como sabe disso? - Questionou já molhado da ducha.
- Assim que olhar pra ela, vai querer saber até mesmo quando ela espirra.
Os rapazes gargalharam com a resposta do outro, mas sabendo que ele não era de exagerar quando se tratava de mulheres.
- Depois olhamos o material - Cristian brincou.
Apesar do assunto ser mais interessante agora, a garota já fazia sucesso há uma semana por lá, assim que chegou, quase duas semanas após o início das aulas.
Após uma longa hora, Alfonso estava junto com Cristian chegando na festa da fraternidade Sigma Delta onde seria a festa dos calouros, e, assim que colocou os pés ali, sentiu o cheiro forte de vodka e sexo no ar.
Aquele cheiro poderia ser um perfume para muitos, mas não para ele. Gostava dos dois, mas preferia manter para si mesmo.
- Vamos procurar a novata na medicina - A voz do menino que contou da novata que fora transferida soou em seus ouvidos.
Alfonso se virou para ele, ainda sem lembrar-se de seu nome - Por que está tão fascinado por essa garota?
O menino deu de ombros com um sorriso - Vai ver. Posso conseguir ela se quiser.
Ele bufou, irritado pela oferta - Posso conseguir por mim mesmo, não se preocupe. - E saiu, sendo acompanhado pelo amigo Nico.
- Poncho, sabe que ele só quer sua aceitação ne? - O amigo lhe tocou o ombro enquanto bebia uma garrafa de cerveja.
- Não me importa, sabe que não gosto quando me oferecem mulheres assim como se fossem prostitutas. - Desabafou tomando uma das garrafas da mesa.
- Relaxa cara, vai conhecer as novatas lá fora. Fiquei sabendo que elas estão fazendo luta na gelatina. - Sorriu malicioso.
Obviamente sabia que Alfonso gostava de ver as lutas de brincadeira entre as calouras da faculdade na piscina de plástico cobertas por gelatina ainda não endurecida.
Seguiam para o lado de fora da enorme casa, chegando ao quintal gigantesco, perfeito para uma festa de fraternidade, e logo avistaram o amontoado de pessoas vendo a briga das calouras.
- Poncho, já te aviso. Não vou dormir na fraternidade hoje - Nico avisou, olhando para frente sorrindo.
Só quando Alfonso seguiu seu olhar viu a morena olhando.
- O nome dela é Maitê. - Falou bobo, fazendo Poncho rir.
- Vamos lá então - Puxou Nico e seguiu para o grupo de três meninas.
As ouviu murmurar e pararem de conversar para olhá-los.
- Boa noite garotas - Alfonso abriu seu melhor sorriso soltando o braço do amigo - Sou Alfonso Herrera.
- Sabemos - A ruiva comentou simpática.
Arqueou uma sombrancelha - Como?
- Digamos que é famoso não só em toda a faculdade, mas principalmente entre as mulheres - Comentou uma loira de cabelos curtos e de um loiro quase branco - Sou Victória, mas me chame de Vick.
Ele riu - Prazer Vick, me chame de Poncho.
- Essas são Dulce - Apontou para a de cabelos ruivos de um vermelho vivo - E Maite - Apontou para a morena que Nico babava.
- Muito prazer, e esse é meu amigo Nico. Está solteiro se quiser saber - Falou olhando descaradamente para Maitê, fazendo Dulce cuspir a cerveja que tomava para rir.
- Viu Mai, falamos que ele era solteiro. Pode pegar agora amiga - Dulce gargalhou zombando a outra, enquanto Victoria se preocupava em puxar assunto com Alfonso.
- Então Poncho. Faz direito ne?
- Sim, quinto período. E vocês? - Se escorou numa árvore ao lado delas
- Faço estética - Comentou Vitória - Maitê faz Odontologia, está no segundo período. Já Dul faz medicina, está no quarto.
- Ah! Verdade que entrou uma aluna nova na sua sala? - Nico disparou, ainda curioso pelo interesse de boa parte do time sobre ela.
Dulce riu - As notícias espalham, mas ela é mesmo linda. Mas por que?
- Digamos que todo o time está de olho nela - Alfonso falou sorrindo, intrigado com a tal caloura.
Não só pelo fato da transferência, coisa que era bem difícil naquela faculdade. Mas também por que muitos dos jogadores de fato falavam dela.
- Pois diga que não estou interessada - Surgiu a voz doce e meiga de trás dos meninos, entregando um copo a Dulce - Perdi algo?
Dulce sorriu, dizendo que contaria depois e apresentou os dois recém-conhecidos, chamando-a de Anahi, ou apenas Any.
- É um prazer Any, finalmente conhecer você.
- Por que? - Perguntou fazendo uma cara de confusa bebericando o suco que pegara.
- Pode-se dizer que chamou muita atenção desde que chegou. - Nico respondeu, iniciando um bom assunto sobre os colegas do futebol e seus comentários sobre ela.
Já Alfonso havia se perdido. Que mulher era aquela? Os cabelos loiros acobreados que desciam em uma cascata de cachos até o meio de suas costas, contrastando com os olhos cor de safira e um sorriso de derreter o coração de qualquer um, enquanto o corpo mantinha qualquer homem ereto.
De fato, Anahí era um colírio para os olhos.