Jay, algum dia você ainda vai me matar com seus comentários kkkk "deixa eu lavar minhas calcinhas?" kkkk. Mas quanto ao seu incômodo com os selinhos, sinto informar, mas eu os adoro :p
Ela estava sentada na garupa, ainda com sua jaqueta que mais parecia uma camisola e o tronco inclinado para trás, apoiada nas mãos.
- Pronto? - Sua voz o despertou.
Ele balançou a cabeça e deu a sacola com o sorvete para que ela o segurasse.
- Já pode me dizer onde vamos ir?
- Ainda não - Ele sorriu e novamente arrancou com a moto, fazendo-a se agarrar a ele com mais força.
Seguiram alguns minutos até uma praça no centro da cidade. Havia algumas barracas de lanches rápidos e pessoas vendendo balões. Alfonso parou a moto numa parte mais afastada, com alguns bancos espalhados.
- Posso saber se esse era seu plano inicial? - Ela perguntou divertida com o sorvete nas mãos.
- Não, na verdade meu plano inicial era te deixar em segurança em casa - Alfonso sorriu para ela e lhe estendeu uma colher de plástico que pegara na sorveteria, para depois guiá-la até um dos bancos.
- Ah, típico bom moço. Por que será que tenho a impressão de que você só se finge de bom menino?
- Talvez esteja certa, talvez não - Pegou uma das mechas do cabelo acobreado e brincou entre os dedos, enquanto a via comer a primeira colherada do sorvete.
Ela arqueou uma sobrancelha e lhe ofereceu uma colherada do sorvete na boca, a qual ele aceitou.
- Só trouxe uma colher?
Alfonso assentiu, deixando o creme derreter em sua boca.
- Foi mais um plano seu, ou realmente esqueceu?
Ele riu - Nem um nem outro, só havia uma colher no balcão.
A outra apenas riu e concordou com a cabeça, tornando sua atenção ao pote em suas mãos.
Alfonso passou o braço por trás dela, apoiando no banco e jogou a cabeça para trás, olhando o céu.
Anahi aproveitou e o fitou um pouco. Como um cara poderia ser tão sexy e nem parecer saber, ou ligar para isso?
Adorava a maneira como maxilar era proeminente, combinando com a boca fina e as sobrancelhas grossas. Tudo isso sem contar no peitoral, as pernas musculosas e um belo traseiro.
"Por Deus Anahi, quando se tornou uma tarada?" Praguejou mentalmente, agradecendo por ele não estar olhando-a naquela hora.
- Quer mais? - Ela ofereceu.
- Vai me dar na boca outra vez? - Um canto de sua boca se levantou, num sorriso com fundo malicioso.
Ela pressionou os labios formando uma linha e estendeu a colher na direção da boca dele, com um pouco de sorvete.
Assim que ele fechou a boca com a colher dentro, ela puxou o plástico para cima sujando seu nariz.
Alfonso gargalhou - Agora você vai limpar.
- Você não trouxe guardanapos - Tentou se explicar ainda rindo da cara do moreno.
- Ah sim, permita-me então - Ele afundou um dedo no sorvete e passou no nariz dela.
Ela riu - Sabe que posso limpar na sua jaqueta ne?
- Então eh limpo na sua blusa - Retrucou, tomando a colher e comendo mais um pouco do sorvete.
- Ok, arrumamos um pouco de água numa dessas barraquinhas - Ela deu de ombros.
Alfonso a fitou alguns segundos, o suficiente para pensar numa deliciosa loucura.
- Ou posso fazer isso - Se inclinou sobre ela e lhe lambeu a ponta do nariz com cuidado, pronto para então levar uma bronca ou um tapa.
Ao invés disso, aqueles olhos azuis faiscavam num brilho insinuante e logo a viu inclinada sobre ele e lhe acariciando o nariz com a língua.
Oh sim, aquela foi a coisa mais deliciosa que já experimentara.
- Achei que os bonzinhos não lambiam as pessoas - Brincou voltando para o sorvete.
- Talvez eu seja um desviante - Deixou o braço tombar pelos ombros dela - Ou você só não me conhece muito bem.
A loira apenas o olhou e sorriu. Era uma pena não poder beijar a boca rosada dela... Pensou.
Subitamente, o celular da loira toca.
- È Ucker - Disse vendo a foto dele na tela - Oi bebê! - Deu uma pausa para que ele falasse - Não, estou numa pracinha com Alfonso tomando sorvete - Cristopher novamente tomou alguns segundos para falar - Pare com isso Ucker, Alfonso só me trouxe para tomar sorvete. Não tentou me agarrar e nem me levar para a cama - Explicou enrolando um cacho nos dedos deixando que o amigo falasse - Vou dormir em casa, relaxe - Bufou brava e desligou.
- Você conta pra ele quando vai sair com algum homem?
Ela deu de ombros - As vezes. Na maior parte ele quer ir conosco.
Alfonso riu. O cara era realmente um super protetor.
- Mas tento marcar meus encontros quando ele vai sair também - Sorriu sapeca, deixando o pote vazio do sorvete de lado.
- Olha só, confessando seus pecados a mim - Caçoou.
Ela suspirou olhando para o nada - Se eu fosse confessar todos os meus pecados, teria que te matar - Por fim sorriu
- Acho que seria ao contrário - Piscou para ela, e a mesma gargalhou.
Ela tinha uma risada gostosa, o suficiente para fazê-lo rir com ela.
- Já está tarde, vou te levar pra sua casa - Verificou seu relógio e se levantou, acompanhado dela.
Anahi limpou a calça com as mãos e o seguiu até a moto, montando em sua garupa e vendo-o arrancar com ela pela rua.
A loira deixou os cabelos soltos, depois de se lamentar por não pararem num coque, devido a alta velocidade, e deitou a cabeça nas costas do moreno. Não fazia ideia de que horas eram, mas também não fez questão de perguntar. Estava com uma boa sensação. Não aquelas de que algo bom vai acontecer, mas aquelas de que nada está errado. Como quando se senta ao lado dos pais na mesa de jantar, todos sorrindo e se tratando bem.
Infelizmente, a moto parou em frente ao seu apartamento, e ela teve a súbita vontade de pedir para dar mais uma volta. Mas engoliu.
- Obrigada Alfonso. Pelo passeio, e a conversa. - Sorriu.
Ele retribuiu o sorriso, sem descer da moto, e pegou sua mão, beijando seus dedos - Eu que agradeço. Podemos repetir qualquer dia.
- Claro, mas na próxima eu piloto, e será na minha moto - Piscou e entrou no prédio, acenando.
Alfonso passou a mão pelos cabelos negros, ainda com um sorriso bobo nos lábios.
Anahi é uma mulher e tanto.