Capítulo 022
Maite mordia os lábios apreensiva do lado de fora do imenso prédio de vinte pavimentos, a duas quadras do seu, no lado oposto ao Central Park. Ela vestia um casaco grosso de lã e usava uma touca cor de ametista, mas mesmo assim sentia o gritante vento que fazia ali.
Desde que saira do conforto de sua casa e decidira encarar aquele frio todo para resolver definitivamente sua situação com Levy, ela sentia-se insegura. Seria tão mais fácil se não houvesse uma terceira vida envolvida em toda aquela confusão.
Ela conhecera Levy ainda em Harvard, no tempo da faculdade. Ele apesar de ser considerado por todos um verdadeiro Lord, era tímido, quieto e bastante reservado. Já ela, era intensamente o oposto, e não fora difícil para os dois aquela aproximação já que Christian morava com Maite, e os dois eram primos de segundo grau. E toda aquela história que começara com um flerte dela em uma festa universitária, estava ali em sua frente, acrescida de um bebê, uma festa de casamento prevista e duas pessoas que não tinham mais certeza sequer dos próprios sentimentos.
Ela pensou muito antes daquela saída repentina até o apartamento do noivo. Não poderia dizer que havia sido uma decisão fácil, ou simples. Estava longe disso, sem dúvidas. Mas ela resolveria tudo, ela estava disposta a aquilo. E se não o fisesse por ela, faria por aquela criança que carregava consigo. Para uma pessoa extrovertida e excêntrica como ela adotar uma postura séria como aquela era completamente estranho. Mas ela o faria, estava certa disso.
Ela seguiu a passos lentos pela calçada estreita, como se quisesse adiar ao máximo aquele momento. Passou o tag pela grande porta de vidro escura que dava acesso ao prédio de Levy. Subiu alguns degraus de escada e se deparou com uma música, um pouco alta e risadas. Bastante nítidas. Poderia estar enganada, mas tinha certeza de que vinham do apartamento dele. E foi isso que comprovou assim que a porta se abriu com um Levy alegre demais para tanto tempo afastados, que carregava uma taça de champanhe em uma das mãos enquanto a outra estava pendurada sobre a porta pesada de madeira. Ele tinha um sorriso débil no rosto, que tirou Maite ainda mais do sério.
- Parece que não fui convidada pra sua - fingiu pensar - Festa particular - ela disse, com o sarcasmo quase cortando sua voz. Levy deu um suspiro nervoso.
- Escuta Mai, eu posso - ela o cortou, assim que percebeu ter mais alguém com ele no apartamento. Mais precisamente uma mulher. Mais precisamente ainda Júlia Fox. A amiga caridosa que ele arrumara nos últimos meses.
- Pra começar o assunto - o empurrou com a mão - A partir de agora, pra você, sou Maite. E não - olhou ao redor por toda aquela cena pronta de filme de quinta categoria - Você não precisa explicar nada. Está tudo mais do que claro por aqui.
- Julia, será que você poderia - ele sinalizou, mas Maite o interrompeu novamente. Ela estava disposta a ir até ali esclarecer as coisas e não ouvir desculpas esfarrapadas sobre algo que estava nítido aos seus olhos. E ela não ficaria ali para aquilo. Não mesmo.
- Levy, não se dê ao trabalho de dispensar sua amiga por conta da minha visita - ela ajeitou a bolsa sobre o ombro esquerdo - Juro que não foi a minha intenção atrapalhar. Aliás, eu já estou de saída - virou-se de costas caminhando até o elevador enquanto Levy a seguiu encostando a porta do próprio apartamento.
- Me deixe explicar - ele segurou-a pelo braço - Eu estava carente, estamos separados a tanto tempo e - ela riu ironicamente.
- São quinze dias. Quinze dias e você não consegue segurar essa droga quieta ai dentro das suas calças - ela apertava o botão do elevado impaciente.
- Eu sei que estou errado, mas você precisa entender que eu sou homem e que sinto mais vontade de certas coisas que você. Eu a amo Mai, por favor, me perdoa, deixa eu te explicar.
- Merda - ela murmurou com a demora, sem se quer dar ouvidos ao que ele falava.
- Você realmente vai deixar as coisas terminarem assim? - ela arqueou uma sobrancelha. Quet dizer que ele ainda sentia-se no direito de cumpa-la por aquilo acabar?
- Você realmente acha que eu me importo depois de tudo que acabei de presenciar? Você realmente acha que está em posição de me culpar por alguma coisa? - ela respo deu com o tom de voz alterado enquanto tinha o dedo indicador apontado para o rosto dele. Alguns vizinhos abriram as portas dos apartamentos afim de ver o que acontecia. Maite agradeceu mentalmente quando o elevador chegou. Mais alguns segundos com Levy ali e ela seria capaz de fazer um escândalo ainda maior. Ele era um cretino, e era só nisso que conseguia pensar. Teria um filho de um cretino.
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Poderiam dizer o que quisessem sobre Dulce, menos que ela não estava de quatro por Christopher, mesmo se fazendo parecer indiferente as investidas dele dos últimos dias. As idas a sala da equipe médica por conta dele haviam aumentado significativamente, e Muhaad podia jurar ter percebido isso. Sem contar no fato dos encontros entre os dois terem se tornado mais escassos e até mesmo um pouco frios. Quando ela pediu a Muhaad que conversassem em um lugar mais reservado, ele logo entendeu o que aquelas palavras significavam. Ela terminaria com ele e voltaria com Uckermann, como ele deveria ter previsto desde o começo. Ele a havia subestimado, e certa forma.
Assim que chegaram ao restaurante, uns dos preferidos dela por servirem simplesmente o melhor camarão de Manhattan, ele puxou a cadeira para que ela se sentasse, tentando parecer o menos ciente possível do que eatava por vir. Os dois fizeram os pedidos e Dulce resolveu tomar a dianteira da conversa.
- Muhaad, eu pedi que tivéssemos essa conversa pois é importante pra mim - ele concordou com a cabeça, atento a aquilo que ela dizia - Eu sei que estávamos bastante próximos nos últimos dias, e confesso que foi bastante divertido e - ele a interrompeu.
- Divertido? Realmente deve ter sido, afinal foi você quem riu as minhas custas - Dulce pareceu surpresa. Ele estava visivelmente irritado.
- Eu não entendo o que quer dizer? - ele soltou um riso abafado pela taça de vinho que elevava aos lábios.
- Eu entendi seu plano Dulce - ele disse simplesmente - Sempre deixei claro que sou um homem, e não um moleque. Você se divertia com Uckermann enquanto me fazia de otário, foi uma jogada inteligente - ele estava magoado, e ela terrivelmente encomodada com aquelas palavras. Não chegavam a ser verdades absolutas, mas também não eram completas mentiras. Era preciso admitir que ela o usara.
- Escute Muhaad - pediu - Christopher não tem absolutamente nada a ver com isso, e eu agradeceria se pudéssemos deixá-lo fora dessa conversa.
- É impossível! - ele exclamou certa feita irritado - Você é completamente apaixonada por ele. A forma como você fala dele, seu olhar sobre ele - confessou - Ele te feriu profundamente, será que não consegue perceber isso? Ele vai fazer o mesmo com você outra vez.
- Eu e ele não temos absolutamente nada - disse séria - E o fato de eu ter aberto minha vida pra você e ter contado coisas tão íntimas, não te dão o direito de tirar julgamentos precipitados sobre o que eu faço ou deixo de fazer - ele rolou os olhos - Eu e Crhistopher conversamos, nos acertamos e foi isso. Eu não tenho nada com ele, e pra ser sincera não pretendo ter. Você está sendo muito atrevido de acreditar que pode definir como as coisas devem ser.
- Que seja Dulce - ele disse bebendo o resto do vinho em sua taça e colocando o guardanapo que anteriormente estava em seu colo sobre a mesa, levantando-se em seguida - Eu estou de saída. Aproveite seu jantar.
E sem proferir mais nenhuma palavra, Muhaad seguiu até o caixa afim de pagar a conta, e Dulce o viu sumir pela porta principal do restaurante. Maite, agora ele. Será que todos acreditavam que Christopher a faria sofrer outra vez?
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Aquela ligação, aquelas flores, tudo era capaz de deixar Anahí instável, e porque não com medo. É, ela estava com medo. A opção de não comentar nada com ninguém fora dela, e até agradeu por Alfonso não ter lembrado da história das flores. Caso ele lembrasse ela arranjados alguma desculpa qualquer.
A verdade é que ela estava inquieta. Eram muito acontecimentos para um curto espaço de tempo, e ainda agora Christian com aquela idéia fixa de levá-la com ele ao orfanato afim de fazer uma visita, já que ele e BJ ja haviam entrado com os papéis pro pedido de adoção.
- Vamos comigo Gio? Por favor! - ele a chamava por aquele apelido desde que descobrira seu nome do meio, por acidente. Era a enésima vez que ele insistia com aquilo.
- Porque tem que ser eu? Dulce por exemplo, adora crianças - suspirou - Porque você não a leva? Vai ser uma companhia bem mais interessante, posso apostar - Christian rolou os olhos.
- Porque você vai ser a madrinha - ele reafirmou - Vamos Anahi, o que custa pra você?
- Eu realmente ando sem tempo...
- Engraçado que pra dar uns pegas no Herrera na sala de diagnóstico você bem que arranja tempo - ela arregalou os olhos - E não olhe assim pra mim. Quem me contou foi a Maite.
- As vezes eu esqueço como vocês são, parecem ter um radar.
- Você vai mesmo fazer isso com o seu melhor amigo? Aquele que - ela o interrompeu, Chris era ótimo com chantagem emocional.
- Tudo bem Christian, eu acompanho você. Basta me dizer em que dia vai ser.
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Escrevi esse Cap pelo smartphone, então se tiverem erros me desculpem amores!
Vou tentar escrever mais um no fim do dia pra me redimir pelo fds hahahahaha
Espero que gostem, em breve tem revelação, não deixem de acompanhar *-*
Obrigada pelos comentários e pela presença de vocês...las amoooo <3