Capítulo 025
Dois meses haviam se passado para o pessoal do New York Hospital, o inverno parecia ter chegado em definitivo e a neve ja tomava conta de boa parte da cidade. Era novembro, mês das provas finais da residência. Anahí remexia as mãos e mordia os lábios impaciente, Muhaad havia ficado de entregar-le o relatório avaliativo ainda naquela tarde. Ela estava insegura. Tivera uma pequena discussão com Alfonso na noite anterior por trabalho e ela sabia que não era certo os dois estarem misturando as coisas daquela forma.
- E ai, alguma notícia? - Maite, acompanhada de Dulce pediu vendo a aflição dela. E ela negou com a cabeça. A doutora Chloe, tutora de Dulce apenas faria as provas no mês seguinte. Sorte a dela, pensou Anahí.
Na verdade Dulce a invejava por ja ter feito a prova e conseguido se livrar daquela pressão toda. Ela sempre brincava que invejava Anahí por tudo o que fosse. Por ela ter olhos incríveis, por sempre achar as melhores peças nas liquidações da Gucci, por ter uma irmã mais velha, por ganhar suéteres lindos no Natal.
Já Maite tinha a barriga mais saliente e estava certa quanto a conseguir descobrir o sexo de seu bebê. Seria uma menina, e ela é Anahí já haviam escolhido o nome, se chamaria Katherine em homenagem a avó paterna de Maite, na qual ela adorava. Ela e Mane também haviam se encontrado algumas vezes, e por mais que a companhia dele a agradasse não poderia se envolver naquele momento. Não esperando um filho de outro homem.
Christopher continuava a investir em Dulce, ela dessa vez mais relaxada e se deixando levar pelos flertes dele. Ela tentava confiar mais nas palavras ditas por ele, precisava arriscar ou talvez nunca se perdoaria por perder aquela oportunidade. Ela o amava. Céus, como amava!
Christian estava bastante empolgado. A dois dias atrás a assistente social telefonara a fim de marcar a visita final do processo de adoção, que seria no apartamento em que ele, agora, dividia com BJ. Ele resolvera aceitar as sugestões de Anahí e ir morar com BJ de uma vez por todas. Além de ter tempo para se adaptar até a chegada de Alice, Maite também precisaria de mais espaço com a pequena Kathe.
Sobre Ísis, era completamente difícil falar. O tratamento por via oral do Dr. Max não havia surtido o efeito esperado e imediatamente tivera de ser instalado um cateter para o início do tratamento intravenoso. As primeiras mexas se cabelo começavam a cair, e ela sentia-se constantemente enjoada. Dr. Max avisara que aquilo aconteceria. Anahí tentava mante-la sempre tranquila, pela parte da tarde mesmo as duas marcaram de ir ao shopping comprar alguns lenços para Ísis usar no cabelo.
- Essa ansiedade está me matando, definitivamente - ela suspirou ainda na sala da equipe médica. Parecia até que Muhaad estava fazendo aquilo de propósito com ela.
Alfonso apareceu na porta da sala pedindo-lhe alguns minutos. Ela ponderou o pedido e resolveu atender.
- Eu quero me desculpar com você - ele disse sincero - Sei que muitas vezes tenho sido um idiota, mas estou muito preocupado com Ísis.
- Está tudo bem Poncho - ela suspirou - Eu só não quero que o fato de trabalharmos juntos possa nos atrapalhar, você sabe - ela mordeu o lábio inferior - No que temos.
- Nem eu quero isso - ele confessou - Já recebeu a nota da avaliação? - ela negou com a cabeça.
- Muhaad está me torturando, provavelmente porque Dulce o dispensou - Alfonso riu.
- Ele é extremamente profissional Annie, não iria fazer isso com você.
- Eu sei disso, mas preciso descontrair de alguma forma antes que eu enlouqueça - disse sincera e ele acariciou sua bochecha.
- Você não precisa ficar assim, sabe que vai ser aprovada
- Queria ter toda essa sua certeza - ele sorriu selando os lábios com os dela.
- Não tem porque se preocupar, você é uma ótima profissional, não tenho dúvidas de que se saiu bem - ele piscou pra ela que avistou seu tutor de longe no corredor. Então os dois se afastaram e ela foi ao encontro dele.
Muhaad sorria misteriosamente como se quisesse causar algum tipo de suspense, o que Anahí julgou ser totalmente desnecessário ao julgar pelo seu estado de nervos.
- Qual é Muhaad, eu estou desesperada, será que pode me dar esse envelope logo? - ela se referia ao envelope branco que ele tinha entre os dedos. Então ele o estendeu a ela.
- Calma - ele brincou - Você foi minha melhor residente até agora, não entendo o porque de tanta insegurança.
Então ela abriu e lá estava o dez na qual ela tanto aguardava e uma mensagem de seu tutor em caneta vermelha logo abaixo que dizia "muito bem doutora, bem vinda ao clube, estou muito orgulhoso de você".
Anahí o abraçou e ele retribuiu com muito carinho. Apesar da pouca diferença de idade, já que Muhaad era o tutor mais jovem da residência, os dois nutriam uma relação de confiança e cumplicidade muito intensa. Ele sempre enchera a boca para falar de Anahí, a melhor residente que ele já havia tido. Anahí era muito dedicada, concentrada, e ele sabia que acompanhá-la em uma cirurgia era simplesmente cumprir o protocolo, porque ela sabia exatamente o que fazer e como agir mesmo diante dos casos mais complicados. Quando escreveu estar orgulhoso no exame dela não era um simples elogio. Muhaad realmente estava orgulhoso por ter transmitido conhecimento a ela e Anahí estava muito agradecida por ele ter feito isso.
- Você não brinca em serviço! - ele brincou assim que se separaram. Anahí tinha os olhos mareados devido a emoção - Eu imaginei um oito, um nove, mas um dez? Garota, você é realmente boa - ele disse orgulhoso e ela observou que Alfonso os observava, escorado no batente da porta onde eles conversavam antes - O que você acha Herrera?
- Eu acho mais do que justo - ele concordou - Você fez por merecer esse dez, Dr. Portilla.
- Como você sabe que - Muhaad a interrompeu.
- Alfonso me auxiliou na correção da sua prova - explicou - É o procedimento. O chefe da equipe médica tem que participar da correção, torna a avaliação mais idônea.
- Quer dizer que - ela o olhou furiosa dando-lhe um tapinha leve no braço - Quer dizer que você já sabia que eu havia passado e não me disse nada? Me deixou passar por toda essa aflição? - ele riu.
- Achei justo que o seu tutor lhe desse a notícia, vocês passaram três anos juntos, eu não iria estragar esse momento - confessou.
Ela então olhou encantada ainda incrédula para a nota em sua frente. Muhaad se despediu, depois de verificar que seu bip tocava. Então assim que se fizeram solitários, Alfonso a tomou pela cintura sem lhe dar tempo para recusar. Segurou-a firmemente e colou os lábios com os dela que imediatamente deu espaço para que a língua dele iniciasse um beijo calmo e muito bem saboreado.
- Hollywood foi transferida pra cá agora? - Maite brincou assim que se deparou com os dois, no lado de fora da sala da equipe médica. Os dois então interromperam o beijo olhando para ela que comia um pacote de jujubas. Anahí rolou os olhos para ela ignorando a brincadeira.
- Você ja pode me parabenizar - sorriu - Agora sou oficialmente cardiologista - balançou o envelope com as mãos.
Maite então a abraçou, um abraço terno e carinhoso de quem também sentia muito orgulho daquela conquista.
- Ai Annie - ela disse com os olhos úmidos - Eu e Kathe estamos muito orgulhosas de você, de verdade - A encarou - Eu sempre soube que conseguiria. Você batalhou e mereceu muito isso.
- Você é uma amiga incrível - sussurrou no ouvido dela enquanto as duas se abraçavam novamente. Anahí levou uma das mãos a barriga dela fazendo um pequeno carinho - Já estou anciosa pela nossa princesa.
Então ela contou a novidade a Dulce, que ficou completamente eufórica por ela ter conseguido. Ligou para Christian que aguardava a assistente social em casa e para seus pais, que ficaram extremamente felizes com a notícia.
Os Portilla a tinham como o exemplo a ser seguido. Marichello nunca se interessara pelos estudos e até hoje Anahí se perguntava como ela conseguira terminar o colegial. A vida da irmã mais velha se resumia a festas da alta sociedade, roupas de grife e inúmeros casos. Sabia o porque de elas serem diferentes. Anahí nunca fora acostumada a aquele luxo todo, enquanto Marichello nascera naquele ambiente cheio de caprichos e ostentação. Era completamente compreensível.
Então Alfonso praticamente a obrigou a almoçar com ele, em uma pequena comemoração, em um restaurante japonês próximo ao hospital, pro caso de ele precisar se deslocar até lá, por uma emergência. Os dois trocaram assuntos cotidianos, fizeram planos para o final de semana e Anahí seguiu até o Upper East Side buscar Ísis para que fossem até o shopping center.
Ela enfrentou um engarrafamento terrível perto do Central Park devido a neve vasta e rigorosa. Logo conseguiu avistar Ísis em frente ao prédio, com botas de cano baixo, uma toca escura e um sobretudo de lã preto. Ela entrou no carro de Anahi e as duas foram o caminho inteiro conversando sobre as novidades. Anahí contou sobre a aprovação na residência, enquanto Ísis falava sobre ter entrado pro clube de propaganda da escola.
Assim que chegaram ao shopping, as duas escolheram alguns lenços, Anahí comprou um suéter lindo de cashmere, e decidiram ir até a praça de alimentação ja que Ísis insistia em comerem hambúrguer com batatas fritas. Então a garota a esperou sentada em uma das mesas enquanto ela se dirigia ao balcão afim de pegar os lanches. Assim que chegou ao meio do caminho, Anahí sentiu um mal estar que a desequilibrou, não fora mãos firmes que trataram de segura-la pelo braço e pela cintura, teria caído diretamente de encontro ao chão.
- Você está bem? - o homem pediu olhando fixamente para ela. Ela o olhou por alguns segundos a fim de tentar reconhecê-lo. Sim, era o homem que a olhava de maneira estranha no hospital, no dia em que Ísis tivera a emorragia.
- Está - ela respondeu meio confusa - Sim, está tudo bem eu só - pausou - Só tive um mal estar, não foi nada demais.
- Acho que já vi você em algum lugar - ele fingiu pensar - É claro, você estava no hospital, a uns dias atrás.
- Sim eu estava e bem - tentou fugir dali, aquele homem era estranho e lhe causava arrepios - Eu preciso mesmo ir. Obrigada.
- Tudo bem - ele concordou a vendo se afastar - Se eu fosse você teria mais cuidado Dr. Portilla - ele murmurou entre os dentes para sim.
Definitivamente ele não estava para brincadeiras.
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Genteeeee cadê vocês, sumidas? Saudades dos comentários de todas!
Quero agradecer a quem continua lendo a fic e abandonou!
Devo informar que essa primeira fase vai até o capítulo 30. Então algumas coisas vão ser reveladas até o 30 e vai haver uma passagem de tempo, pra um momento mais futuro. Pra quem gosta de Vondy prometo que o próximo capítulo vai ser exclusivamente dedicado a vocês.
Não deixem de acompanhar e de comentar, vocês sabem que a opinião de vocês é muito importante pra mim....beijoooooos las amo