Segunda fase - Farsa
Capítulo 031
- Você pode fechar o zíper pra mim? - Anahí dava as costas para que Manuel o fizesse.
- Claro querida - seguiu até ela pousando as mãos sob sua pele macia e intensamente perfumada pelos óleos essenciais que ela ainda usava.
- Acho que podemos ir - pegou a bolsa dourada que estava sobre a penteadeira que combinava perfeitamente com o Valentino vermelho que usava.
Manuel beijocou-lhe o pescoço lentamente e ela de forma instintiva jogou os cabelos para trás. Ele era um político da alta cúpula republicana e os dois tinham um compromisso naquela noite. Um jantar de anúncio da candidatura Hilary Clinton a presidência.
Muitas coisas haviam mudado nesses quatro anos, principalmente no que diz respeito a sua relação com Alfonso. Depois da descoberta da gravidez os dois se casaram. Foi uma linda cerimônia na casa de praia dos pais dele em Miami. Ela deslumbrante com a barriga saliente, eram apenas as recordações que Anahí guardava junto ao closet em uma caixa de veludo salmão. No entanto, depois de dois anos de casados, tudo mudou de proporções, os dois discutiam diariamente, principalmente por ciúmes dele sobre ela. Alfonso se tornou um homem completamente possessivo e até mesmo grosseiro com ela. A gota d'água se deu quando ele começou a chegar tarde do hospital sem nenhuma justificativa aparente. Então depois de três meses constantemente assim, em uma bela manhã de sábado ele lhe pediu o divórcio.
Não fora nem um pouco fácil lidar com tudo aquilo. Anahí ficou na casa em que moravam com a filha menor e Ísis, que com toda aquela proximidade ja a chamava de mãe e a considerava como tal. Alfonso ficou uns dois ou três dias sem dar as caras, ela não sabia precisar. Até que em uma noite de chuva foi até la em busca de alguns pertences e em busca de Ísis, que depois de muito custo, aceitara ir embora com ele.
Um ano depois, em um coquetel de uma das instituições de caridade que ela ajudava conheceu Manuel Velasco. Um homem relativamente jovem, bem instruído, formado em ciência política pela renomadíssima Universidade de Yale. Bastaram alguns minutos de conversa para que Anahí percebesse que os dois encaravam as coisas da mesma forma e que as intenções dele como Senador eram as melhores possíveis. E então ela largou a medicina, o hospital na qual trabalhara por anos e se juntara a ele na batalha de ajudar aos menos afortunados. Em quatro meses, os dois estavam casados.
Maite era a principal mente contrária a aquele envolvimento. Ela talvez não soubesse explicar detalhadamente, mas o que via em Velasco lhe causava estranheza, e porque não repulsa? Ele fazia de Anahí um fantoche em suas mãos, e logo ela que sempre fora decidida e independente estava ali, refém de uma farsa. Porque era isso que aquele casamento significava para a morena.
- Mamãe! - a pequena de cabelos lisos castanhos e olhos azuis corria em direção a ela com o pijama rosa de borboletas - A Dinda Mai já está atrasada - apontava o relógio com autoridade e os braços cruzados, o que arrancou um riso alto de Anahí.
- Ela deve ter se atrasado meu amor - lhe acariciou o rosto - Mas a Maria vai ficar aqui e ver um filme bem legal com você enquanto esperam, o que você acha?
- Eu queria tanto ir com você! - fez um bico que a mãe quase teve vontade de morder.
- Já expliquei pra você que é um evento de adultos.
- Mas eu não gosto de ficar longe - aconchegou-se mais ao colo dela - Eu gosto de ficar sempre assim, juntinhas - explicou. Se Anahí ficasse mais alguns minutos ali era capaz de esquecer do compromisso que tinha.
- Anciosa pra noite do pijama na casa da sua madrinha? - Vellasco pediu a Isadora que o olhou de cenho fechado. A relação entre os dois era difícil, e Anahí tentava a todo custo mudar isso.
- Pode ser - ela deu de ombros sem dar muita importância.
- Bom, vamos? - ele pediu parado proximo a porta de saída.
- Vamos - respondeu a ele - Você vai se comportar direitinho? - pediu beijocando o rosto da filha que lhe sorriu com as cossegas que isso causara.
- Eu sempre me comporto mamãe - disse como se fosse óbvio. Anahí riu novamente, parecia Ísis. Talvez tivesse errado isso de Alfonso.
Os dois foram o caminho todo praticamente em silêncio, o motorista abriu a porta em frente ao Hilton, onde seria o evento. Os dois selaram os lábios após descer da limusine e posaram para algumas fotos. A mão dele sempre possessivamente sobre a cintura dela. Logo entraram e Anahí agradeceu novamente. As têmporas chegavam a doer de tanto sorrir. Então pegou um champanhe sobre a bandeija de prata que o garçom trazia e não demorou muito a encontrar com Maite e Mane. Os dois os cumprimentaram com um aceno e se juntaram a eles em seguida. Maite vestia um belo vestido azul marinho, e Mane estava elegantemente dentro de um terno Armani.
Mane tinha uma relação apesar de recente, bastante amigável com Manuel. Ele era um dos advogados de campanha de Hillary e Manuel o mais cotado a sua sucessão. Sem falar que ele era o atual marido da melhor amiga de sua mulher. Por mais que adorasse Alfonso não podia deixar de tratar Manuel com cordialidade.
- Olá - Maite os cumprimentou gentilmente.
- Olá - Velasco sorriu enquanto entornava o líquido dentro da taça de cristal. Anahí rolou os olhos. Os dois definitivamente não sabiam disfarçar o quanto a presença um do outro os incomodava.
- Que tal irmos conversar com Jhon e deixarmos as garotas mais a voltade - sugeriu Mane - Elas provavelmente tenham assuntos para fofocar - Anahí riu.
- Nós não fofocamos - Maite olhou pra ele segurando o riso.
- Podemos imaginar que não - Manuel complementou e os dois saíram dali em alguns segundos indo até o lobby onde enganaram uma conversa com John Bass, um dos homens mais influentes quando o assunto em questão era política. Anahí voltou sua atenção para o saguão em busca do garçom, precisava de uma taça de champanhe pra conseguir aguentar todo aquele protocolo de eventos políticos.
- O que você comprou pra ele? - Maite pediu com um sorriso irônico brincando pelos lábios.
- Do que está falando? - ela pediu com o cenho franzido.
- Como do que estou falando - rolou os olhos - Amanhã é aniversário do Poncho. Você não esqueceu né?
- Ah, é disso que está falando - disse sem dar muita importância. Era óbvio que Maite a provocaria com aquela história - Ísis levou Isa pra comprar o presente, não faço ideia do que elas escolheram - explicou.
- Hmmmm - murmurou bebendo um pouco do champanhe - E você não se sente nem um pouco incomodada com isso?
- Porque o aniversário do Poncho deveria me incomodar? - levantou uma sobrancelha. Maite se deliciou com a confusão que se formava no rosto dela. Então preferiu mudar de assunto.
- Kathe e a Dorinha estavam terríveis - contou entre risos - Lucy com certeza vai ter trabalho e as noite.
- Vocês deixam elas fazerem o que querem, depois eu tenho um trabalho gigantesco pra colocar tudo em ordem outra vez. Aliás, vocês e Ísis.
- E como ela está? - deu outro gole secando de vez à taça.
- Feliz - Anahí sorriu - Semana passada ela ficou uns dias la em casa. Confessou que está amando a faculdade.
E o assunto entre as duas seguiu até o momento em que precisaram se sentar. Os pronunciamentos iniciaram e o jantar logo seria servido.
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Comentem e não me matem! JURO que tudo tem um motivo de acontecer e que no fim das contas vocês vão entender.