Capítulo 034
- Espera, você o que? - Dulce pedia perplexa enquanto amamentava Patrício. Ela, Maite e Christian estavam conversando na sala da casa de Maite, enquanto Kathe, Alice, Isadora e Joaquim brincavam no tapete.
- Eu e Poncho - pareceu pensar na melhor forma de dizer aquilo. Não podia falar sobre sexo na frente das crianças - Nós colorimos ontem a noite.
- E pela sua cara foi um livro de colorir de muitas páginas - Maite disse irônica enquanto Dulce alcançava o bebê a ela para que o fisesse arrotar.
- Tudo o que eu não preciso é desses olhares de recriminação sobre mim - suspirou - Já estou me sentindo culpada o suficiente.
- Mas pudera, colorir com o ex-marido, já deve ser doloroso por si só - Christian comentou.
- Eu achei foi bom - Maite disse enquanto batia suavemente nas costas do afilhado - Talvez assim você esqueça essa história ridícula que está tendo com Manuel - Patrício resmungou no colo dela manifestando um choro e ela o devolveu para Dulce que o ninou.
- Manuel é uma pessoa boa - disse séria - Sem falar que quer você queira quer não ele é meu marido. O que eu fiz com o Poncho ontem foi muito errado.
- Foi ruim er - Christian corrigiu antes de falar bobagem - Colorir com ele?
- Christian! - ralhou com ele corada.
- Que pergunta Christian - Maite rolou os olhos - Você ja olhou para o Poncho? Tem como ser ruim?
- Ei - Anahí se manifestou - Da pra você parar de falar dos atributos do meu ex marido? - Maite riu.
- Ele é seu ex marido Anahí, que problema tem falarmos dele? - arqueou uma sobrancelha irônica - Você mesma disse que é uma mulher casada, que coisa feia fazer esse tipos de comentário.
- Até o fim da sua vida eu ainda vou quebrar a sua cara - ela disse sussurrando para a morena e Christian que ouviu acabou rindo.
- Isso que ela é madrinha dos seus filhos - ele brincou.
- Eu heim - Maite se fez de desentendida - Você é quem se contradiz e eu quem sou a errada? Você bem que gostou de trans - Dulce levou a mão a boca dela - De colorir com o seu ex. Todos nós aqui sabemos.
- Eu disse em algum momento que não gostei? Só disse que isso tudo me deixou confusa - suspirou.
- O que foi que ele disse, exatamente? - Dulce pediu.
- Que ainda me amava e que só pediu o divórcio porque era preciso, porque iríamos magoar as meninas e estávamos em uma situação insustentável - contou.
- Engraçado que colorir com você não tem problema - Dulce comentou alfinetando.
- O que você quer dizer com isso? - Anahí pediu com uma sobrancelha arqueada.
- Simples, ele só queria dar uma boa colorida - disse simplesmente.
- Ele não te procurou so pra isso - Maite garantiu.
- Deixando claro que ele não te procurou e sim foi uma coincidência do destino - argumentou Dulce - Eu acredito sim que tenha sido só uma colorida.
- Poxa, vocês podiam ter arranjado um termo menos estranho - Christian brincou.
- O que importa é que não vai se repetir - Anahí disse convicta - Foi bom, mas chega. Eu tenho um marido ao qual devo o mínimo de respeito.
- É bom você controlar bem sua amiguinha ai no meio das suas pernas então, porque eu tenho certeza que Poncho vai querer te pegar outra vez, pra vocês colorirem de novo - Maite mexeu com ela que fechou a cara.
- Eu já disse que não vai se repetir.
- Tá bom, e eu sou o coelho da Páscoa.
- Eu já disse o que acho - Dulce repetiu.
- E eu acho que quem está precisando colorir aqui é você Maria - Maite a cutucou.
- Que fique claro que eu e o meu marido colorimos frequentemente - Christian riu achando graça.
- Ao julgar pelo número de filhos podemos claramente perceber isso.
E a tarde passou num piscar de olhos com todas aquelas inúmera pautas que haviam para ser colocadas em dia. Como Anahí ainda estaria sozinha por essa noite, Isadora resolveu convidar Alice para uma noite do pijama.
Anahí preparou brigadeiro e arrumou a sala. A seleção de filmes tinha Frozen e Enrolados, os dois preferidos das meninas. Deitaram na sala com Anahí entre as duas. Vez ou outra a menor chamava a atenção da mãe para si e Anahí logo sabia o porque. Ela certamente estava com ciúme.
Não demorou até Isadora dormir, então Anahí a levou para o quarto, a cobriu, beijou e voltou para a sala com a afilhada.
- Você não vai deixar nem um pouco de brigadeiro pra mim? - fingiu estar chateada e Alice riu entregando uma colher a ela.
- Toma dinda - Anahí pegou - Mas só porque você está boazinha - a madrinha enxeu-a de cosquinhas e beijos.
- Percebi que você está muito quieta hoje - indagou - Esta acontecendo alguma coisa?
- Ah, não foi nada - tentou desconversar. Anahí tocou o queixo dela a fazendo olha-la.
- Você sabe que eu amo você e que pode me contar qualquer coisa não é? - a menina olhou pra ela com os olhos úmidos - Pode confiar em mim Lili.
- É que - suspirou - É que esses dias meus pais estavam brigando, e eu ouvi o meu pai Christian pedir para o BJ ir embora - algumas lágrimas recorreram pelos olhos amendoados - Não é justo que agora que eu finalmente tenho uma família eles se separem.
Anahí suspirou frustrada. Ela sabia bem o que um divórcio envolvia, principalmente em referência aos filhos.
- Lili, não vamos nos precipitar ok? - enxugou as lágrimas do rosto dela - Nós adultos, muitas vezes, dizemos coisas quando estamos zangados que não é realmente aquilo que gostaríamos de dizer. As vezes eles estavam apenas discutindo - sugeriu.
- Mas eu ouvi quando ele disse dinda - ela suspirou triste - Eu não quero que meus pais se separem como você é o dindo Poncho.
- Se por um acaso isso vier a acontecer nada vai mudar, você vai continuar tendo uma família - explicou - Eu e o seu dindo apenas não estamos mais morando juntos, mas ele continua sendo pai da Isadora, e ela continua saindo com ele, fazendo coisas que pai e filha fazem. Você não precisa se preocupar com isso meu amor - Anahí a abraçou.
- Eu tenho medo - confessou - A Dorinha disse que é triste quando o tio Poncho não dá boa noite pra ela e que ela sente saudades de quando vocês contavam histórias juntos pra ela dormir - para Anahí aquelas palavras eram bem dolorosas. Saber que a filha sofria com seu divórcio era bastante cruel.
- O que mais ela disse? - Anahí tentou descobrir mais alguma coisa.
- Que o tio Poncho dormiu aqui ontem, com você - Anahí arregalou os olhos - E ai ela achou que ele ia voltar a morar aqui, mas que vocês explicaram que não.
Anahí sabia que teria que ter uma conversa com a filha antes que ela a colocasse em maus lençóis.
- Boa noite - Manuel entrou largando as malas na porta de casa enquanto tirava o casaco molhado pela chuva. Agosto era um mês extremamente chuvoso em Nova York. Anahí franziu o cenho.
- Ué, você não ia voltar só na terça? - ele estranhou.
- O que houve querida? - brincou - Até parece que não gostou de me ver.
- Não é nada disso, é só que - ele a interrompeu, dando um beijo em Alice.
- Oi princesa - ela abraçou-o pelo pescoço.
- Oi tio.
- Eu vou tomar um banho, a viagem foi muito cansativa - explicou enquanto secava os lábios com os dela.
- Tudo bem, vou colocar Alice pra dormir e ai conversamos sobre a viagem - ele assentiu.
Enquanto subia a escada Manuel encontrou algo atrás da folhagem que lhe chamou a atenção. Um cinto, masculino. E o detalhe principal: não era dele.
Coisas haviam acontecido na sua ausencia, e algo lhe dizia que se chamavam Alfonso Herrera.