Capítulo 037
Os balões dourados, as velas brancas sobre a piscina, a música calma e aconchegante denunciava as Bodas de Ouro de Ruth e Armando. O Jardim de imensa casa de Orange County estava repleto de mesas brancas com toalhas de tecido fino e cadeiras decoradas com belos laços de seda.
OC era conhecido como um dos condados da Califórnia, popular pelas quadras de tênis, as freways que cortavam a cidade e as belas mansões semelhantes a de grandes sucessos hollywoodianos. A casa dos Herrera não ficava muito atrás. Era uma bela propriedade com pé direito elevado, de dois pavimentos e um jardim impecavelmente cuidado.
Assim que avistou a avó, Isadora que andava pelo caminho de pedras acompanhada da mãe e se soltou e correu até ela. Ruth imediatamente a abraçou beijando seu rosto e o avô prontamente a pegou no colo, apoiando-a no braço esquerdo.
- O que a mamãe falou sobre correr, heim mocinha? - olhou feio para a pequena que pareceu pouco ligar, então sorriu aos ex-sogros, os felicitando.
- Uma pena Manuel não poder acompanhá-la - Ruth disse ironicamente e Armando a cutucou com o cotovelo - O que foi? - olhou para o marido - Estou sendo sincera!
- Manuel teve um compromisso - explicou - Ele está presidindo um congresso de ciência política, em Princeton.
- De qualquer forma obrigada por ter vindo - eles sorriam - Você e seus pais.
- Independente de eu e Poncho não estarmos mais juntos, vocês fizeram parte da minha vida - lhe sorriu - São avós das minhas filhas, uma que saiu de mim e outra que aprendi a amar como se tivesse saído - confessou - Impossível não prestigiar esse momento incrível - Ruth abracou-a, emocionada.
- Sinto muito que Poncho não tenha valorizado a mulher incrível que você é - elogiou - É meu filho, mas tenho que admitir que essa foi a maior burrisse que ele ja cometeu.
- Ruth - ela riu - Deixa isso pra lá, é passado - desconversou enquanto observava a filha brincando com o avô paterno. Os dois se adoravam, principalmente quando Armando fazia um antigo e manjado truque de mágica e tirava uma moeda de trás da orelha dela. Isadora simplesmente adorava.
Logo o protocolo iniciou. Anahí sentou-se junto aos pais, enquanto as filhas acompanhavam Alfonso e o irmão Alejandro em uma bela homenagem aos pais, pelos 50 anos de casamento. Algumas fotos passavam pela grande tela disposta no jardim relembrando a vida dos dois como casal, pais e avós. Anahí sorriu ao ver uma foto dela com os dois ali. Lembrava-se bem daquele churrasco que fizeram juntos. Precisava admitir que, as vezes, sentia falta de fazer parte daquela família. Então assim que as homenagem cessaram, e todos haviam jantado, ela pegou uma taça de champanhe e sentou-se próximo ao chafariz afim de observar a filha brincar. Ísis e Diego trocavam alguns beijos discretos proximos dali. A concunhada Iliana se aproximou dela sorrindo.
- Incrível como você gosta tanto desse lugar - brincou com um sorriso nos lábios enquanto bebia um pouco do líquido da taça que carregava. Anahí sorriu para ela.
- Esse barulho da água caindo sobre o mármore é realmente incrível - explicou - Adoro a sensação que isso me trás.
- Eu no seu lugar já teria caído no sono - a loira brincou. Iliana era casada com Alejandro, ela é Anahí davam-se muito bem na época em que ela é Alfonso eram casados.
- E quando terei a honra de ver você com um barrigão? Já passou da hora de aumentar a família - riu.
- Vamos ter que esperar mais um pouquinho, estamos com planos de comprar uma casa nova agora - justificou.
- Quero ficar sabendo quando isso acontecer - bebeu o resto da champanhe - Sabe que adoro vocês dois e que torço muito pra que de tudo certo.
- Eu sei que sim Annie - sorriu a puxando pela mão - Agora vamos, estão te chamando, já vamos começar a dançar.
E as duas seguiram pelo jardim até a pista de dança. Ísis e as primas distantes ja dançavam animadamente sobre o tablado quadriculado. Então chamaram Anahí e Iliana que as acompanharam. Isadora já dormia nos braços do avô Henrique e ele e Marichello preferiram voltar para o Hotel, não eram muito chegados a festas. Despediram-se de todos e seguiram para o Palace, onde eles e Anahí estavam hospedados.
A brincadeira começou a ficar mais animada, e alguns garçons distribuíam shots de tequila entre uma dança ou outra. Anahí não fazia ideia de onde aquilo tudo acabaria, mas estava gostando daquela sensação de liberdade que o álcool a ausência do marido estavam lhe proporcionando.
Poncho por outro lado estava a ponto de explodir. Viviana enfiara-se no carro dele assim que o mesmo comentou que visitaria os pais para uma comemoração familiar. Aos olhos dela, seria uma oportunidade de marcar presença entre os Herrera, ainda mais depois que Ísis lhe jogará na cara que Anahí também estaria lá.
- Será que você pode soltar meu braço? - Poncho a olhou com cara de poucos amigos e ela estranhou. Alguns minutos depois descobriu do que se tratava. Ele olhava para a ex-mulher que dançava uma música sensual com o restante das convidadas. Bufou com aquilo.
- Vai mesmo continuar olhando pra ela? Na minha frente? - Arqueou uma sobrancelha e ele suspirou, soltando o ar devagar como se quisesse buscar a paciência que estava perdendo com aquela discussão infantil.
- Porque é que você não vai lá dentro buscar um pedaço de bolo pra mim? - sugeriu - Você não quer me agradar? Então, estou afim de comer bolo.
- Mas eu - ele a cortou.
- Estou te dando a oportunidade de me deixar feliz.
E então ele suspirou vendo-a sumir do seu campo de visão. Anahí estava tão linda. Ela usava um vestido azul royal justo ao corpo com comprimento um palmo mais abaixo do meio das coxas torneadas. Usava sandálias altíssimas douradas e os cabelos estavam soltos e ondulados, que pareciam dar chicotadas na brisa que fazia, toda vez que se mexia no ritmo da música. Então a trilha sonora deixou de lado o ritmo caribenho e uma música mais lenta começou a tocar. Ela já estava pronta a se sentar novamente, mas ele foi mais rápido, a pegando pela cintura e sugerindo que dançassem juntos.
- Você vai arranjar confusão - ela observou, enquanto apoiava uma das mãos sobre o ombro dele. Ele riu.
- Eu definitivamente não estou preocupado com isso.
Ouçam:
[When I Was Your Man - Bruno Mars]
A mesma cama, mas ela parece um pouco maior agora,
nossa canção no rádio, mas ela não soa como antes.
Anahí tinha uma das mãos sobre seu ombro enquanto a outra era segurada por ele próximo ao peito. Os dois estavam próximos demais. Sedentos demais por aquele momento. Aquela música, aquela atmosfera, era como se fossem feitos para estar ali agora como de fato estavam.
Quando nossos amigos falam sobre você tudo isso me faz é me arruinar,
porque meu coração se parte um pouco quando ouço seu nome.
Os dois moviam-se lentamente ao ritmo da música, e Poncho sorriu ao vê-la fechar os olhos, completamente entregue a aquilo. Era como se não existissem mais convidados, nem comemoração ali. Eram apenas os dois. Os dois e aquele eterno laço que os ligaria para sempre chamado amor.
E tudo soa como, uh, uh, uh, uh, uh.
Hmm, jovem demais, tolo demais para perceber.
Por um segundo ele se pegou pensando o que seria se não tivesse pedido o divórcio a Anahí e os dois ainda estivessem juntos. Se haveriam tido mais filhos, ou teriam comprado o filhote de Golden Retriever que ela tanto queria no dia em que foram a feira de animais do Central Park. Tudo podia ter sido tão diferente!
Que eu deveria ter lhe comprado flores e segurado sua mão,
deveria ter lhe dado as minhas horas quando eu tive a chance.
Já Anahí, de olhos fechado, só conseguia desejar que aquele momento nunca mais terminasse. Ela sabia que Poncho era o grande amor da sua vida e que Manuel era apenas uma válvula de escape para toda aquela solidão e rejeição que ela sentia. Ela não o amava, mas amava Poncho e os dois estavam tão próximos, o perfume, a barba por fazer, tudo era tão real. Não queria acordar.
Ter levado você a todas as festas, porque tudo o que queria fazer era dançar.
Agora minha garota está dançando, mas está dançando com um outro homem.
E a letra daquela canção que os dois estavam dançando talvez fosse tudo o que ele queria dizer a ela, de coração aberto e completamente arrependido por ter a deixado. Fora preciso, isso era um fato, mas sempre que se pegava acordando pela manhã com a cama vazia ou ocupada por uma mulher que não fosse ela sentia a dor das escolhas mau feitas. Talvez ele merecesse sofrer naquelas proporções.
Meu orgulho, meu ego, minhas necessidades e meu jeito egoísta
fizeram uma mulher boa e forte como você sair da minha vida.
Ela nunca queria que ele a tivesse deixado. Céus, como queria gritar aos quatro ventos que o queria de volta e que não podia esperar mais um minuto se quer para que aquilo acontecesse. Eram seus mais íntimos desejos. Ela abriu superficialmente os olhos e ele estava ali, sorrindo para ela com aquele sorriso bobo nos lábios. Ele era o homem mais lindo do mundo todo.
Agora eu nunca, nunca conseguirei limpar a confusao que eu fiz,
e isso me assombra toda vez em que fecho meus olhos.
E nos últimos versos da letra ele sabia, talvez nunca conseguiria limpar aquela confusão realmente, mas ele precisava dela, dos lábios rosados que estavam livres e sedentos ali na frente dele. Assim que observou que Viviana o procurava com os olhos, ele puxou Anahí pela mão levando-a a uma parte mais afastada do evento. Ela a princípio assustou-se, puxando a mão novamente para si.
- O que você está fa - ele a interrompeu selando os lábios com os dela.
- Apenas confie em mim.
_________
Subindo no ranking *-*
Obrigada a todos pelos comentários, estou muuuuito feliz com vocês.
Não deixem de acompanhar, os momentos que comentei estão quase chegando!
Beijooooos
Las amo