Capítulo 038
E mais uma vez eles estavam lá. Os corpos suados, ela tentando regularizar a respiração enquanto tinha os cabelos colados ao corpo dele. As roupas espalhadas pelo chão em uma completa bagunça. Haviam se amado ali mesmo, na sauna da mansão Herrera, numa busca desenfreada por serem um só.
- Eu não quero ter que voltar a realidade - ele disse sincero enquanto mantinha os olhos fechados e acariciava os cabelos castanhos dela.
- Foi você quem preferiu as coisas assim - ela disse simplesmente sem muito entusiasmo.
- Você nunca entenderia os motivos - suspirou fechando pausadamente os olhos.
- Se talvez você se esforçasse um pouco e tentasse me explicar - ela sugeriu.
- Eu estava confuso - confessou - Nós não conseguíamos mais trocar duas palavras sem que chegássemos a acusações infundadas, sem que tudo o que havíamos vivido não mais existisse. Você não confiava mais em mim.
- Você chegava tarde mesmo sem nenhum motivo aparente, eu estava cansada de tomar conta sozinha das meninas, estava cansada de simplesmente você me tratar como um nada - Poncho pode ver a mágoa no olhar dela, se recriminou por isso - Lembra do que me prometeu quando descobri que estava grávida?
- Até hoje me esforço pra cumprir, por mais que não estejamos mais casados.
- Eu nunca tive dúvidas de que você seria um bom pai.
- Uma pena que não tive o mesmo sucesso como marido - os dois silenciaram. Ele a abraçou repentinamente e Anahí sentiu todo o corpo arrepiar. Era algo diferente, terno, amoroso - Eu sinto muito a sua falta - sussurrou baixinho no ouvido dela que sorriu, involuntariamente.
- Eu também saindo sua falta Poncho - suspirou enquanto os dois de desvincilhavam - Mas agora temos outras vidas, vidas que talvez não venham mais a se cruzar.
- Nunca diga isso - ele levou o indicador aos lábios dela - Temos muito tempo, e quero muito te reconquistar - ela o olhou surpresa.
- Quer mesmo? - levantou uma sobrancelha e ele sorriu. Ela ficava tão linda quando fazia aquilo.
- Quero - disse firme com uma das mãos sobre o lado esquerdo do rosto dela, acariciando-lhe as têmporas - Como nunca quis algo antes na vida. Quando vi você, tão livre, dançando com a minha filha - ela o corrigiu.
- Nossa.
- Com a nossa filha - ele arrumou com um sorriso - Era aquela Anahí que conheci a quatro anos atrás. Aquela que não tinha medo do que os outros fossem pensar, que não se deixava intimidar por nada nem por ninguém. Aquela que escolhi pra viver todos os dias da minha vida ao meu lado.
- Poncho - disse pausadamente - Você está falando sério? Eu não quero mais me enganar com promessas que não possam ser cumpridas - suspirou olhando-o nos olhos - Não estou mais em condição de sofrer como a dois anos atrás, preciso que jogue limpo comigo.
- E eu jogarei - o silêncio se fez presente mais uma vez - Quero ser por inteiro dessa vez. Quero que não haja segredos nem mistérios entre nós - ela assentiu.
- Quero que comesse me contando o porque de pedir o divórcio - direta - Você sabe que durante todo esse tempo nunca perguntei, mas se vamos realmente recomeçar eu exijo que me conte o porque de ter me deixado.
Poncho suspirou olhando as próprias mãos, era difícil falar sobre aquilo. Falar sobre a primeira vez em que havia sido fraco em toda a vida.
- Primeiro tem que me prometer que nada que eu venha a te contar vai mudar tudo o que acabei de dizer - olhou-a, ela mordia o lábio inferior. Sempre fazia isso quando se sentia insegura - Eu quero muito que você me compreenda.
- Eu vou me esforçar.
- Tudo bem - ele tomou ar - Eu pedi o divórcio porque não podia mais fingir pra mim mesmo que nada havia acontecido - a olhou - Eu te traí Annie. Fui um cretino com você.
Ela tentava absorver aquela informação que havia acabado de receber. Seu cérebro parecia não querer realizar o trabalho tão bem, já o coração sentia perfeitamente o peso do verbo trair. Ele não teria coragem de fazer aquilo teria? Só podia ser uma espécie de brincadeira.
Diante do silêncio dela, Poncho continuou.
- Estava me sentindo confuso, você estava distante, sempre que eu me aproximava tínhamos uma discussão e isso estava me torturando - explicou - Eu queria ficar com você, queria que passassemos mais tempo juntos, mas eu não percebia que estava sendo egoísta. Você tomava conta da nossa filha o dia todo, e eu simplesmente queria te exigir algo que talvez não fosse necessário.
- Com - suspirou trêmula - Com quem foi Poncho?
- Ester - Anahí o olhou, um olhar que misturava perplexidade e tristeza. Ester era sua residente. Depois que Muhaad recebera uma proposta em Nova Jersey ela assumira o posto de Chefe da Cardiologia, mesmo com pouca experiência, tinha dois residentes, um deles uma garota baixinha de cabelos longos escuros e um belo corpo. A confissão de Poncho soava cruel demais naquele momento.
- Como você pode? - olhou-o enquanto ele mantinha a cabeça baixa, olhando pras próprias mãos.
- Eu fui fraco - a olhou novamente, tinha os olhos levemente úmidos - Eu sentia sua falta. Em uma das noites, naquela em que tive uma crise de choro na sala assim que cheguei - ela fechou os olhos tentando recordar - Fui a um bar com Christopher, nos bebemos um pouco a mais. Ele pegou um táxi e foi para casa, eu continuei ali. Ela chegou, começou a se insinuar, e eu a levei a um motel.
Ela então iniciou um choro baixinho, por todas as noites em que havia parado para cogitar os motivos que o fizeram deixá-la muita coisa havia se passado por sua cabeça: que ele havia enjoado dela, que não mais a amava, mas traição? Poncho não tinha o perfil de quem a enganaria, e constatar aquilo doeu tanto.
- Você não tinha o direito de fazer isso comigo - levou as mãos ao rosto tentando conter as lágrimas que agora caíam livremente, sem medo.
- Não, eu não tinha - disse sério - E só Deus sabe o quanto me arrependo de ter feito isso.
- Porque você não me contou antes? - pateticamente gritou enquanto chorava - Porque deixou com que eu me iludisse dessa forma?
- Porque eu tinha medo da sua reação, tinha medo que agisse como está agindo agora.
- Você me enganou - murmurou para si.
- Annie, por favor - tocou o rosto dela banhado pelas lágrimas, o coração dele parecia morrer ali ao vê-la daquela forma - Eu sempre amei você, nunca menti em relação a isso, por favor, você tem que me perdoar.
- Eu não sei - suspirou caindo em prantos novamente - Meu coração está tão machucado agora.
- Eu nunca quis te deixar assim - disse em meio ao choro que estava em seu rosto como no dela.
- Mas você deixou - disse seca - E você não sabe o quanto esta doendo.
- E tudo o que eu disse? - tocou-lhe os cabelos - Eu preciso que me perdoe, eu preciso ter você de volta.
- Eu - suspirou tentando se acalmar, mas a verdade é que estava difícil controlar - Eu preciso pensar.
- Annie, por favor - a voz quase não saía, entrecortada pelo choro.
- Eu estou confusa, eu realmente preciso pensar, preciso assimilar - levantou procurando as roupas na confusão que havia se formado - Eu não estou em condições de responder nada nesse momento.
O silêncio permaneceu, acompanhado pelo choro quieto dos dois. Ela colocou o vestido, arrumou os cabelos em um coque frouxo e buscou a bolsa, quando a encontrou percebeu mais de doze chamadas da irmã em seu telefone, o que a deixou preocupada, mas e seguida o celular começou a tocar novamente. Ela rapidamente o atendeu.
- Annie - ela disse desesperada - Graças a Deus você atendeu.
- Aconteceu alguma coisa? - sentou-se enquanto tentava inutilmente calçar as sandálias.
- Eu acabei de chegar, alguém entrou na sua casa - explicou - Esta tudo revirado, parece que entraram no seu closet e levaram roupas suas - desesperada - Eu estou com medo de ficar aqui sozinha, você precisa vir pra cá.
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Gentemmmmmm obrigada pelos comentários e pela participação de vocês *-*
Capítulo que falei ta chegando, faltam só doisssss!! NÃO PERCAMMM
Beijooooocas, las amo