Capítulo 039
Maite estava sentada sobre a poltrona branca da sala enquanto lia um livro grosso de doenças gástricas que havia ganho de presente no último aniversário. Os óculos estavam bem posicionados e ela tomava um capuccino. Kathe ja dormia e o marido, Mane, viajava com a comitiva de campanha de Hillary Clinton. Ela não via a hora das eleições terminarem, era difícil tomar conta fa filha sozinha.
Cada dia mais, Kathe se parecia com o pai. Os olhos esverdeados e o cabelo mescla entre o castanho e o loiro deixavam evidentes as semelhanças entre os dois e aquilo, em partes, preocupava Maite. Parou de passar os olhos pelo livro assim que ouviu a campainha soar. Ela não esperava visitas, mas para o porteiro deixar subir sem prévia comunicação só poderia ser alguem conhecido. Ela entao segurou o livro com uma única mão enquanto girava as chaves com a outra. A figura ali parada a surpreendeu tanto que ela deixou o livro cair sobre o laminado do piso, fazendo o som ecoar.
- O que você está fazendo aqui? - olhou-o assustada. Levy tinha as mãos no bolso das calças, parecendo até desinteressado e despretensioso.
- Você não vai me convidar para entrar? Acho que os vizinhos não estão muito interessados no que tenho pra dizer - ela então concordou, dando espaço a ele.
Levy então entrou, e Maite ainda absorta juntou o livro que havia derrubado, o colocando no aparador. Ela estava muito assustada com aquela situação. Que diabos ele queria ali depois de quatro anos?
- Deculpe a indelicadeza - ela o olhou por alguns segundos cruzando os braços na altura do peito - Mas não estou entendendo o motivo para essa visita, digamos, repentina.
- Gostaria de conversar com você, temos alguns assuntos pendentes - disse simplesmente, sem perder a seriedade.
- Olha, eu francamente não creio ter mais assuntos em comum com você.
- Você sabe muito bem do que eu estou falando - disse enquanto circulava a sala com o olhar concentrado.
- Não, eu não sei, e ficaria grata se você pudesse explicar - ela bufou, odiava aquela espécie de joguinhos.
- Simples - estendeu a ela um porta-retrato que continha a foto da filha, a um ano atrás - Kathe. Ela é nosso assunto em comum.
Maite gelou, como ele podia ter descobrindo?
- Você não precisa fazer essa cara de espanto - a encarou - Eu as vi na saída da escola, quando fui levar meu sobrinho - explicou - Sou um homem inteligente, Maite. Uma pena você ter me subestimado dessa maneira.
- Eu tive uma filha, até ai tudo bem - tentou parecer tranquila, mas na verdade estava quase tropeçando nas palavras - Mas não entendo em que parte da história você está incluído.
Levy soltou uma risada recheada de sarcasmo. Será que Maite estava mesmo achando que ele era um tolo ou idiota?
- Vamos poupar tempo Maite.
- Eu sou uma mulher casada Levy - mostrou-lhe a aliança grossa dourada no anelar esquerdo - Ter filhos é algo comum a casais que se amam.
- Por Deus - ele rolou os olhos - A garota é a minha cara, vai mesmo continuar mentindo?
- Em primeiro lugar, eu nem sei como o porteiro te deixou subir.
- Dei cem dólares a ele - confessou - Vocês deveriam escolher melhor o pessoal que colocam pra trabalhar aqui - ela preferiu ignorar o comentário dele, continuando.
- Em segundo lugar, Katherine é minha filha e de Mane.
- Como você explica os olhos dela serem iguais aos meus? - ele arqueou as sobrancelhas irônico.
- Minha mãe era hispânica, loira de olhos verdes, você sabe disso - Ela rolou os olhos.
- Kathe tem a mesma idade da época em que terminamos, a conta fecha incrivelmente - argumentou e ela tratou logo de pensar em uma saída.
- Eu e Mane ja estávamos juntos - mentiu.
- Quer dizer agora que você tinha um caso? - cruzou os braços rindo, faziam quatro anos que ele não a via, mas sabia muito bem quando Maite estava mentindo - Você nunca foi boa no quesito mentir.
- Você no entanto - olhou-o sugestiva.
- Eu não vim aqui pra falar do que aconteceu no passado, vim para falar da nossa filha.
- Nossa filha? - ela riu - Espera, que droga você andou ingerindo?
- Você já foi mais engraçada - cutucou.
- Olha Levy, eu já suportei você demais aqui, se não for pedir muito, eu gostaria que você fosse embora.
- Eu não vou embora daqui até que você admita que tudo o que disse aqui é verdade - sério.
- Kathe não é sua filha, se é isso que você quer saber - ela estava completamente nervosa, sentia que explodiria a qualquer momento.
- Você poderia simplificar as coisas e evitar desentendimentos desnecessários - sugeriu.
- O que você quer dizer com desentendimentos desnecessários? - levantou uma sobrancelha o encarando.
- É simples - deu de ombros - Uma disputa judicial.
- Você não seria capaz disso.
- Ah sim, eu seria - disse sério.
- É muita pretensão a sua achar que - ele a interrompeu. Maite estava indignada com tudo aquilo.
- Se você está tão convicta da paternidade da Kathe, não se importaria de fazermos um exame de DNA.
- Eu não vou deixar que você submeta a minha filha a uma exposição como essa - as veias do pescoço quase saltavam enquanto ela falava, Levy tinha que admitir, nunca a havia visto dessa forma.
- Tudo será discreto, também não quero expor meu nome em um escândalo - explicou - Tenho negócios muito importantes aqui em Nova York.
- Você mais uma vez agindo com arrogância - bufou - Não cansa de achar que é o centro do mundo?
- Escuta Maite, eu vim aqui na melhor das intenções conversar com você sobre a nossa filha.
- Eu já disse que ela não é sua filha - quase gritou.
- Bom, você é quem preferiu assim - levantou da poltrona onde antes estava sentado - Até o fim da semana meu advogado irá entrar em contato com você para agendarmos o exame de DNA - chegou a porta e virou-se novamente para ela que o observava sair - Tente facilitar as coisas Maite, vai ser melhor pra você, pra Kathe e pra mim.
E antes que pudesse ser atingido pelo vaso que ela lhe jogara a porta se fechou.
- Cretino - Maite murmurou enquanto sentia o sangue subir para a cabeça.
Alguns segundo se passaram e a companhia soou novamente. Ela então foi a passos largos até a porta afim de dar uns bons bofetões em Levy por ousar falar com ela daquela forma.
- Que diabos você est - e as palavras morreram em sua boca assim que percebeu a pistola apontada sobre sua cabeça e o braço masculino que segurava seu punho com força.
- Você vai me dizer agora onde está a desgraçada da sua amiga - apertou mais o braço dela que gemeu de dor - É melhor ser boazinha ou sou capaz de estourar os seus miolos em dois segundos.
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Amores desculpem os posts menores mas to com um problema nos polegares que tá me impossibilitando de usar muito o celular, e vocês sabem que escrevo pelo smartphone.
Espero que tenham gostado dos dois últimos posts.. esperem ansiosamente pelo 40 pois ele vai revelar muita coisa.
Beijoooos las amo