Capítulo 043
As mãos de Christopher tremiam, Alfonso estava na sua frente com uma bala no tórax sem nenhum sinal vital. Logo a enfermeira chegou carregando o desfibrilador, precisava primeiro reanima-lo para que depois pudesse constatar se a bala estava alojada e se necessário fazer a retirada do projétil.
Christopher verificou novamente a frequência cardíaca de Alfonso. Não obtendo resultado empregou 200 J ao desfibrilador e posicionou as pás sobre o peito do amigo.
- Afastem-se - ordenou, aplicando o choque em Alfonso que pareceu não reagir.
Então ele ajustou o aparelho em 300 J. Estava seguindo o roteiro da Cardiologia. Ele não era cardiologista, mas Anahí era e passara a ele as instruções antes que entrassem na sala da emergência. Johan, o cardiologista chefe, já preparava a equipe para a cirurgia de Alfonso na hemodinâmica.
- Afastem-se - pediu novamente com autoridade. Alfonso sequer respondeu ao estímulo.
Ele sabia que segundo as orientações de Anahí 360 J era o máximo que poderia chocar. Suas mãos já tremiam. Alfonso precisava reagir, por Deus! Ele e Anahí teriam um filho e Ísis estava em um leito de hospital lutando contra um câncer maligno. Ajustou então o desfibrilador novamente, desta vez em 360 J. Olhou para o amigo e sussurrou.
- Você não pode ir agora Poncho - colocou as pás sobre seu peito - Você precisa me ajudar - suspirou - Afastem-se - ordenou, e como se suas orações fossem atendidas os batimentos de Alfonso foram reestabelecidos.
A enfermeira então, levou a máscara do balão respiratório até o rosto dele, Christopher largou o desfibrilador satisfeito. Agora era a hora de avaliar o tamanho do trauma. Era difícil com todo aquele sangramento intenso. Provavelmente alguma artéria havia se rompido, deduziu ele. Ao que tudo indicava Johan teria bastante trabalho.
Nesses casos involvendo projéteis, Christopher sabia, em sua experiência com trauma, que existiam duas hipóteses claras: ou ocorria apenas a lesão da pele, gordura e músculos o que podia considerar uma situação simples, ou então, caminho, ele faz uma lesão de um tronco arterial e uma fratura, provavelmente uma hemorragia, caso bem mais difícil e complicado. Infelizmente o caso de Alfonso era o segundo.
A ideia momentânea era conter o sangramento ao máximo, estabilizar os batimentos, anestesia-lo e subi-lo para a cirurgia. Demorou um pouco até que Christopher conseguisse fazer a primeira etapa: o sangramento era realmente abundante. Ele então contatou o banco de sangue pedindo reposição, enquanto Dr. Chad Muller o anestesiava. Assim que tudo estava pronto, Christopher subiu com ele até a hemodinâmica. Ao julgar pela situação em que o amigo se encontrava, era necessário que um milagre acontecesse.
Maite levara Anahí para tomar um banho no banheiro de sua sala. Emprestou a ela uma calça de moleton e uma blusa que estavam em seu armário. Depois de muita insistência, as duas foram até a ginecologista de plantão, Dr. Fox, afim de realizar o exame pré-natal. Anahí mal trocava algumas palavras, e apenas quando a experiente médica lhe fazia alguma pergunta. A imagem que tinha em sua cabeça era Alfonso, caído aos pés dela com uma bala enfiada no peito. E se ele não sobrevivesse? O que ela faria com aquele bebê que carregava?
- Tudo bem mamãe - Dr.Fox tentou descontrair, mas pareceu não obter muito sucesso - Pronta para ver esse bebê? - Diante do silêncio dela, Maite tomou a dianteira.
- Estamos sim doutora, ansiosas para saber se está tudo bem.
- Muito bem - disse encarando a tela pacientemente - Ao que tudo indica trata-se de um menino - lhe sorriu e Anahí sentiu os olhos úmidos. Alfonso havia falado várias vezes que queria ter um filho homem - Você quer ouvi-lo?
- Eu.eu.posso? - pediu embargada pelas lagrimas.
- E claro que sim - sorriu.
Logo foi ouvido um coração em ritmo completamente perfeito. Para uma cardiologista aquele devia ser algo ainda mais especial. E era. Se a circunstância fosse outra, e Poncho estivesse ali segurando sua mão, ao invez de Maite, tudo seria ainda mais incrível.
Faziam extras duas horas que a cirurgia de Alfonso havia começado. Johan ja havia conseguido cauterizar a artéria que havia rompido e dava origem ao sangramento, mas mesmo que pequeno, ainda havia um sangramento significativo, provavelmente pela bala alojada, uma vez que não havia ferimento se saída do projétil.
Christopher monitorava os batimentos e a respiração do amigo. Alfonso tivera mais uma parada cardíaca e fora necessário interromper o procedimento cirúrgico a fim de reanima-lo. Após uma incisão maior, Johan conseguiu chegar ao projétil, retirou-o delicadamente com uma pinça colocando-o em uma embalagem destinada a investigação forense. Então higienizou o local onde a bala se encontrava, afim de retirar qualquer resquício de chumbo que pudesse restar ali e vir a causar uma infeção posteriormente.
Quando fechavam três horas de cirurgia, Johan conseguiu controlar o sangramento, fazendo-a cessar. Então começou a suturar o peito de Poncho com maestria, sempre sobre os olhos atentos de Christopher. Assim que o processo chegou ao final, e Johan ja finalizada os curativos antes de mandá-lo pra o pós cirúrgico, Christopher foi até a recepção, Anahí ja deveria estar enlouquecendo sem notícias de Alfonso.
- Como ele está Christopher? - foi até ele assim que o viu surgir no corredor, já sem as luvas.
- Olha, ele nos deu muito trabalho. Johan quase não deu conta - suspirou com um meio sorriso - Mas ele está bem Annie, o estado de saúde é estável. Johan estava terminando de sutura-lo e em alguns minutos ja estará no pós cirúrgico.
- Ai meu Deus - ela se abraçou a Christopher que retribuiu, surpreso - Obrigada Ucker - ela sussurrou sentindo ele afagar seus cabelos. Anahí chorava baixinho - Eu tive tanto medo - confessou.
- Eu posso imaginar - disse sincero - Se o mesmo acontecesse com Dulce, não sei o que faria. Mas agora você tem que cuidar desse bebê - sorriu passando a mão pela barriga dela com carinho.
- É um menino - contou feliz - Poncho vai amar.
- Sempre foi o sonho dele - os dois riram.
- Eu tenho uma coisa pra te contar - suspirou abaixando a cabeça - Não sei se é o momento certo pra isso, mas eu simplesmente não consigo mais esconder - ele olhou-a com o cenho franzido.
- Aconteceu alguma coisa? - ela fitou as mãos insegura e depois olhou para ele.
- Nos somos irmãos - o silêncio se fez.
- Espera, o que você disse? - arqueou uma sobrancelha incrédulo.
- Você é meu irmão. Eu sou filha do seu pai, Thomas.
- Annie, como assim? Você é filha da Marichello e do Henrique e - ela o interrompeu.
- Eu sou adotada Chris - suspirou - Olha, é uma longa história - Será que podemos ir até a cantina?
- Claro que sim - disse apressadamente - Mas antes bem - ele a olhou pensando se era o momento correto para contar aquilo.
- O que foi? - ela o olhou curiosa.
- Enquanto você estava desaparecida, bem - sem graça - Ísis voltou a ficar doente, e ela está internada aqui no hospital.
- Ai meu Deus - ela disse exasperada - O que aconteceu?
- Calma Annie, você já sofreu emoções suficientes por hoje ok? Isis teve uma alteração nos exames de rotina. Max ja está tomando conta dela - tranquilizou-a.
- Você se importa se tivermos nossa conversa mais tarde? Eu quero muito ir vê-la - Christopher concordou de pronto.
- Claro que não me importo - lhe sorriu - Ela está no quarto 42.
________
O QUE FORAM AS AMECAS QUE SOFRI? LOGO EU!!! hahahahahaha
Viu garotas, não há necessidade para vocês me matarem, Pobchito está são e salvo para a alegria de vocês. Vou avisa-las que a fic vai até o capítulo 60 *-* então podemos dizer que estamos na reta final. Ainda tem umas maldadezinhas, mas prometo pegar leve e fazer um final feliz para vocês <3
Obrigada pelos comentários, adoro todaaass...beijossss