Capítulo 044
Assim que o sol brotou em Nova York e Anahí enfim se remexeu sobre a cama fofa de lençóis egípcios do quarto de hóspedes do apartamento de Dulce e Christopher, sentiu uma sensação indescritível. Faziam mais de dois meses que ela dormia sobre o colchão fino rente ao chão naquele galpão de chão batito.
Então, se espreguicou, vislumbrando a vista a sua frente. Havia um belo parque que dava de frente para a janela. Ela escavou os dentes, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e pegou o corredor, rumo a cozinha, na intenção de ver o que tinha para o café da manhã. Já estava quase na sala quando viu as pequenas mãos e o pequeno corpo de quem sentira tanta falta se chocarem contra ela.
- Mamãe! - a pequena exclamou - Você voltou.
A emoção tomou conta de Anahí de uma forma avassaladora. Só Deus sabe o quanto ansiava por aquele momento. Sua filha estava ali agarrada a ela. Acariciou-lhe com carinho os longos e lisos cabelos castanhos, enquanto o rosto ja era banhado pelas lágrimas. Joaquim fez menção a se aproximar delas, mas Dulce o conteve. Era um momento mãe e filha e não era certo interrompe-las.
- Porque você está chorando mamãe? - olhou para Anahí com o cenho franzido.
- Eu estou chorando de felicidade - sorriu enxugando a bochecha com as costas da mão - Senti muita saudade de você, princesa - a pequena sorriu para a mãe que derreteu-se.
- Você demorou muito - comentou manhosa com um bico. Anahi riu sentando-a sobre seu colo.
- É que a mamãe tinha muito trabalho por la - mentiu mas Isadora não se deu por satisfeita com a resposta.
- Mas você não me ligou - disse triste, o coração da mãe se partia em mil pedaços ao vê-la assim - Eu achei que você não queria mais saber de mim.
- Nunca mais diga isso - Anahí apertou-a sobre seu peito a abraçando - Eu nunca vou deixar você, você e sua irmã são a minha vida.
- Au mamãe - murmurou - Você tá me esmagando - Anahí riu a soltando
- É que eu quero ficar com você assim, juntinhas - explicou a beijocando. Só então Isadora percebeu a barriga dela. Anahi estava com um moletom de Christopher que ficava folgado.
- O que aconteceu? - pediu assustada - Você também engoliu um bebê como a tia Dul engoliu o Pato? - arregalou os olhos assustada, lembrando a história que o padrinho inventara para ela. Anahí riu da inocência da filha.
- A mamãe não engoliu bebê nenhum - explicou ternamente - É seu irmãozinho que está aqui dentro, olha! - A mãe colocou a mão dela sobre sua barriga. Logo o bebê se movimentou arrancando um olhar apavorado de Isadora - O que foi Dorinha? - pediu risonha.
- Alguma coisa mexeu ai - apontou a barriga dela enquanto a outra mão estava na boquinha, fazendo pose de assustada.
- Quem mexeu foi o seu irmão. É normal ele mexer quando está na barriga da mamãe - lhe sorriu - Você também mexia - explicou e ela achou graça.
- Como ele foi parar ai? - Anahí quase engasgou com a pergunta. Era a primeira vez que a filha fazia um questionamento como aquele.
- Você sabe que o papai e a mamãe se amam, não sabe? - a menina balançou a cabeça concordando - Então, quando duas pessoas se amam tanto, mas tanto que não cabe mais nelas o papai do céu manda uma nova vida, entendeu? - Isadora parou para pensar uns segundos.
- Quer dizer que se eu amar muito você e você me amar muito vai aparecer um bebê na minha barriguinha? - arregalou os olhos e Anahí riu.
- Não meu amor - passou a mão pelo rosto dela - Isso só acontece com casais. Quando você crescer vai entender - a mãe suspirou aliviada quando ela pareceu encerrar as perguntas.
- Eu posso escolher o nome do meu irmãozinho? - pediu empolgada - Deixa? Por favor, por favor - juntou as mãozinhas e Anahí teve vontade de mordê-la.
- E como você gostaria que ele se chamasse? - pediu.
- Matheus - deu uma risadinha.
- E porque Matheus? Posso saber danadinha? - cutucou a barriga dela que riu.
- Au mamãe, faz cóssegas - comentou enquanto ria - Porque lá na minha escola tinha um menino que era meu amigo, mas ele foi embora pra longe e não é mais meu coleguinha - explicou meio cabisbaixa - E o nome dele era Matheus.
- Hmmmmm é uma ótima história - sorriu - E Matheus é um nome lindo - a sentiu subir em seu colo - Que filha mais inteligente eu tenho, gente - ali sou seus cabelos e Isadora adorou ser elogiada pela mãe.
- Você sabia que a Sisi está doente? Eu bem vi ela no hospital com a dinda Mai. Ela fez um furinho aqui ó - apontou o próprio braço - E ela estava com um caninho esquesito no nariz - fez uma careta - Mas a dinda disse que não dói não, que é pra Sisi respirar melhor.
Ao ver a carinha triste da filha Anahi preferiu ocultar o atual estado de Alfonso. Era melhor esperar com que ele estivesse em condições de receber visitas para não assusta-la.
- Eu também vi o furinho dela - a mãe ajeitou a franja sobre a testa dela que ainda estava sentada em seu colo - Quando nós estamos doentes ficamos tristes sabia? - Isadora a observou atenta - Que tal se nós fizéssemos uma surpresa para a sua irmã?
- Que tipo de surpresa? - ela pediu curiosa.
- Um desenho bem lindo - sugeriu - Ai você pode contar que vão ter um irmãozinho, o que você acha? - a pequena adorou a idéia.
- Você vai me ajudar mamãe? - sorriu empolgada e a mãe concordou.
- Mas primeiro mocinha, nós vamos ver se a tia Dulce está precisando de ajuda lá na cozinha - a beijocou e ela se pendurou em seu pescoço fazendo menção de que Anahí a levasse no colo.
- A mamãe não pode amor, pode fazer mal para o seu irmão - explicou e ela logo concordou. Então as duas foram de mãos dadas até a cozinha.
- Apareceu a Margarida? - Dulce brincou com ela enquanto dava a papinha ao filho sentado na cadeirinha.
- Finalmente - ela suspirou indo até Joaquim e o enchendo de beijos - E você príncipe? Já esqueceu da sua dinda? - se fez de ofendida e ele esboçou um sorriso bangela - Meu Deus, você já perdeu outro dente? - olhou-o espantada.
- E já ganhei dois dólares da fada do dente - comentou orgulhoso enquanto mostrava dois dedos com as mãos.
- Porque os meus dentes não caem? - Isadora pediu curiosa - Eu também queria ganhar um dólar da fada do dente como o Joca.
- Porque ainda não está na hora - Dulce explicou a ela - Daqui alguns dias já caem - ela pareceu não dar muita importância.
- Sabia que meu irmão vai se chamar Matheus? Fui eu quem escolhi.
- Primeiro nós vamos falar com o papai - Anahí interrompeu.
- E aonde ele está? - franziu o cenho confusa. Se bem recordava não via o pai desde a última noite.
- Seu pai está ajudando o tio Chris a arrumar algumas coisas na casa dele, amanhã ele volta - Dulce ajudou Anahí, sabia que ela não contaria a verdade agora.
- E porque ele está ajudando o tio Chris?
- Porque a casa dele estava cheinha de formigas - fez uma careta - Seu pai foi lá pra ajudá-lo a mandar todas elas embora.
- E quando nós vamos para casa? Eu quero ir brincar com as minhas bonecas - bebeu um pouco do nescau que a madrinha havia colocado no copinho - O Joca só tem carrinho, e é brincadeira de menino.
- Amanhã nos vamos pra casa - Anahí disse - Mas primeiro vamos esperar o papai voltar, ta bem?
- O papai vai morar com a gente? - ela arregalou os olhos.
- Talvez - preferiu não dar esperanças a ela - Primeiro nos vamos conversar.
- Ai, vocês adultos são tão complicados - ela rolou os olhos arrancando risos da mãe e da madrinha.
- Com quem você aprendeu isso? - Anahí a olhou com a sobrancelha arqueada.
- A tia Mai disse outro dia - deu de ombros. Era óbvio que só poderia ter aprendido aquilo com Maite. Ela era mestre em ensinar besteira para asa crianças.
O café-da-manhã transcorreu na mais perfeita tranquilidade. Dulce e Anahí conversaram sobre o bebê enquanto lavavam a louça e as crianças brincavam na sala. Depois Dulce emprestou uma roupa a ela para que as duas fossem até o hospital visitar Ísis, Christopher prometera que assim que o plantão terminasse iria com ela até a antiga casa afim de buscar suas roupas. Isadora estava empolgada com o desenho que havia feito com a ajuda da mãe e com a novidade que tinha para contar a irmã. Dulce as levou até la e seguiu com Joaquim afim de levá-lo para a escola.
Anahí abriu a porta devagar. Ruth estava sentada sobre uma cadeira grande de couro e Ísis estava deitada sobre a cama com ela levemente reclinada. Deu um pequeno sorriso assim que as viu entrar, na noite anterior quando Anahí fora a seu quarto ela estava dormindo e não percebera sua presença. Mas agora era real, a mãe definitivamente estava de volta e mesmo com toda aquela situação em que ela se encontrava conseguia pela primeira vez sentir-se feliz.
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Podem comemorar, fase feliz a vista ❤
Obrigada pelos comentários gatissimas...que bom que estão gostando, so estou meio triste porque duas pessoas desfavoritaram a fic :(
Continuarei postando aqui ate o fim da fic em consideração a vocês que não abandonaram e estão sempre aqui, mas minha próxima fic, substituta dessa vai se chamar "O Antídoto" e só vou postar no whatppad. Se alguém quiser o link do tópico de espera basta me pedir que envio!
beijocaaas