Capítulo 046
Maite e Mane subiam receosos a escadaria do tribunal da corte de Nova York. Assim que a poeira do sequestro de Anahí baixou, Levy cumpriu a promessa e ingressou com a ação judicial pedindo que Kathe fosse reconhecida como sua filha e que ele tivesse direitos legais sobre ela e, por conseguinte, solicitando que a guarda da menina fosse dada a ele.
Maite quase não acreditou quando se deparou com o envelope marrom deixado pelo oficial de justiça na recepção do prédio. Era uma quinta-feira, e ela é Anahi haviam acabado de fazer compras para o bebê que a amiga teria. Ligou para Mane desesperada afim de algum consolo. Agora estava ali, em frente ao juiz sem qualquer certeza de que tudo ficaria bem outra vez. No fundo ela sabia que Levy tinha razão, ele era o pai de Kathe, e ela não deveria ter escondido isso. Mas quem cuidou dela quem a traiu, quem aceitou amar a filha dela como se fosse sua, mesmo sendo filha de outro pai foi Mane, e se havia uma pessoa ali sendo injustiçado, Maite não tinha dúvidas de que era ele.
- Vai ficar tudo bem - o marido lhe sorriu enquanto massageava as mãos dela sobre a fria mesa.
- Eu tenho tanto medo - confessou baixinho e ele beijou-lhe as costas das mãos.
- Não precisa ter - sorriu-lhe confiante - Eu estou aqui com você e nos vamos fazer isso juntos, eu ja lhe disse.
O assunto cessou assim que a a audiência fora iniciada e Mane precisou sentar-se nas cadeiras que haviam atrás de Maite. O Advogado de Maite, amigo de Mane, explicara a ela que aquela de tratava de uma audiência conciliatória onde seria tentado um acordo, de consentimento mútuo, entre ela é Levy. Inexistindo acordo, ai sim eles iniciaram a fase de instrução com a investigação de provas e a interrogação de testemunhas, ai, ao fim, haveria o julgamento pelo juiz.
- Bom dia - o juiz disse aos dois. Na audiência de conciliação o juiz não necessariamente era um juiz devidamente concursado. No caso era apenas um bacharel em ciência política que visava acelerar o curso das ações, ou seja, fazer com que não houvesse tanta demora para que aquelas disputas fossem solucionadas. Mane lhe explicou que era apenas o começo do processo, que nada seria decidido ali e que era apenas um encontro amistoso entre as duas partes - Vejamos - levou os olhos ao processo de pasta rosa em sua frente - Maite Perroni de La Parra? - ela ergueu a mão a fim de certificar sua presença - Ótimo. Willian Levy Gutierrez? - repetiu o gesto de Maite - Excelente. Então, visando uma solução desse conflito, alguma das partes gostaria de propor um acordo?
- Sim - O advogado de Levy pronunciou-se - Nós gostaríamos de propor a senhora De la Parra que reconheça a paternidade do meu cliente, senhor Gutierrez, bem como o permita a aproximação do mesmo com a filha, senhorita Katherine, dentro do permitido e amparado na lei americana, ou seja, que tenha, igualmente a senhora De la Parra, quinze dias de convívio com o pai. Assim estabeleceriamos um segundo acordo, de guarda compartilhada - explicou.
Maite bufou. Querer que ela o incluísse na certidão de nascimento da filha era completamente compreensível, ele era de fato o pai de Kate, mas daí a querer afasta-las por quinze dias todos os meses? Levy só podia estar fe brincadeira. Seu advogado, Dr. Harrys, e ela conversaram em um tom mais baixos por alguns segundos afim de chegarem a um consenso.
- E então, doutores? - pediu o juiz. Harrys se pronunciou.
- Minha cliente rejeita o acordo e prefere dar sequência ao processo.
Harrys sabia que era uma escolha arriscada, uma vez que na fase de julgamento o juiz poderia fixar a guarda compartilhada como sendo de carater permanente, mas mesmo assim, era mais vantajoso para Maite e Mane que o chegassem a fase de instrução pois la ele poderia produzir provas e desenrolar testemunhas que comprovassem que o melhor para a menina era que continuasse com a mãe e assim, limitar as visitas de Levy a apenas alguns finais de semana. Era perigoso, mas o pior que poderia acontecer era que a decisão do juiz fosse pela proposta que eles já estavam fazendo, então ele correria o risco.
- Veja bem Harry - o advogado de Levy dirigiu-se a ele - Tente ser razoável. Sua cliente omitiu a paternidade da menor, privando meu cliente da convivência com ela por quase cinco anos, acha que o juiz vai decidir a seu favor? Vamos fazer o acordo e tentar solucionar isso aqui - sugeriu - Sem a necessidade de expor a menos dessa maneira sem que haja necessidade.
Harrys quase riu, Thompson deveria ganha um oscar por suas atuações. Ele era sempre muito persuasivo, uma pena que não o suficiente para convencê-lo. Não era a primeira vez que os dois se enfrentavam em uma audiência, e provavelmente não seria a última, mas técnica dele era sempre a mesma: extremamente apelativa.
- Nós rejeitamos o acordo - disse ao Juiz - Deixaremos que o processo siga até a instrução.
Thompson rolou os olhos. Por um momento acreditou que os dois fechariam o acordo. Mas já que queriam seguir com a disputa, ele seguiria, com todas as armas possíveis e impossíveis.
Assim que o termo de audiência foi assinado pelas partes e essas deixaram a sala de conciliação, Maite e Mane foram buscar Kathe na escola. Enquanto aguardavam se depararam com Anahí, que comia um pacote de balas de cocô enquanto esperava Isadora. Então se aproximaram dela que lhes sorriu lambuzada.
- Desde quando você gosta de bala de cocô? - Maite riu enquanto roubava uma do pacote que ela tinha nas mãos. Anahí olhou-a de cara feia e Mane achou graça das duas.
- Desde que eu acordei com uma vontade inexplicável de comer - deu de ombros - E como foi na audiência? - disse de boca cheia.
- Rejeitamos o acordo - Mane explicou.
- Levy veio com a sugestão absurda de que Kathe ficasse quinze dias do mês com ele, era óbvio que eu não aceitaria.
- Realmente ele forçou um pouco - Anahí concordou - Mas você sabia que mentir sobre isso ia dar problema desde o começo. Eu disse isso a você.
- Eu sei - ela suspirou - Não quero perdê-la.
- E como Poncho está? - disse Mane tentando mudar o rumo da conversa, já que via Maite incomodada com o assunto.
- Quase cem por cento - soltou um sorriso feliz - Estamos olhando algumas casas pela Internet, acho que vamos nos mudar - contou.
- Nada de ir pra longe - a amiga acariciou a barriga dela sobre o vestido floral que ela usava - Já estou babando nesse garoto.
- Nós não vamos pra longe - sorriu - Você vai ter que trocar muitas fraldas dele ainda - brincou.
- Trocarei com muito gosto - riu - E essa barriga gigante não devia estar em casa descansando?
- Não quando você tem um marido recém operado em casa e uma filha doente no hospital - disse cansada - Sério, Ruth está sendo uma mão na roda. Não sei como daria conta de tudo sozinha - suspirou.
Os três voltaram os olhos para a saída da escola. Por lá três crianças corriam desesperadas em direção a eles.
- Ei - Anahí tentou conter Isadora que ofegava com a corrida - Ficou maluca foi? A mamae já não disse que não é pra correr desse jeito? Já pensou se você tropeça e se machuca? - A menina entregou a mochila pra ela.
- Desculpa mamãe, mas é que o Joca disse que quem chegasse por último era a mulher do papa - Joaquim a interrompeu.
- Do padre, Dorinha - os adultos riram.
- E eu obviamente ganhei - Kathe se gabou. Anahí riu, tinha mesmo que ser filha de Maite.
- Tia, você bem podia levar a gente pra tomar sorvete - disse Joaquim.
- A tia Annie tem que ir pra casa tomar conta do tio Poncho - explicou - Hoje não vai dar Joca.
- Se você deixar nós levamos os dois pra tomar sorvete - sugeriu Maite - Assim você tem uma folguinha pra descansar, depois eu levo Joca pra casa e a Dorinha pode dormir com a Kathe, se ela quiser.
- A Mai, sério que você faria isso? - agradeceu mentalmente quando a amiga assentiu - Tudo bem - se referiu a Isadora - Trate de se comportar tudo bem mocinha?
- Eu sempre me comporto Anahí - rolou os olhos e a mãe riu assustada da pretensão dela. Parece que não era só Kathe que havia herdado a modéstia da mãe.