Capítulo 004
Era manhã de sábado e pela primeira vez depois de muito tempo Anahí enfim conseguira uma folga. O sol adentrava o Upper East Side, o vento fazia com que as cortinas do quarto balançassem e tudo parecia perfeito para um bom sono matinal não fora o IPhone que insistia em tocar sobre o criado mudo quebrando toda aquela atmosfera propicia.
- Oi mãe - murmurou extremamente irritada.
- Oi querida? Eu acordei você? Desculpa, achei que você estava no hospital - lamentou e Anahí suspirou recostando-se na cabeceira da cama.
- Tudo bem mãe, estava na hora de acordar - confortou-a.
- Eu liguei pra te lembrar do jantar de noivado da sua irmã hoje, no Freds Madison, não vá esquecer - Anahí riu.
- Como se fosse possível - brincou - Mac lotou minha caixa de mensagens lembrando-me disso todos os dias.
- Ela está anciosa, dê um desconto.
- Também pudera, pra ficar noiva de um dos caras mais ricos da cidade, qualquer uma estaria ansiosa - ironizou.
- Você sabe que não tem nada a ver com isso é que - Anahí a interrompeu.
- Mãe, definitivamente você não sabe a filha que tem - Marichello preferiu mudar de assunto.
- O que acha de nos arrumarmos juntas? Não seria ótimo?
Não, não seria pensou Anahí de imediato. Primeiro porque seus pais tem o dom de constrangê-la desde os trabalhos do colegial sobre teias alimentares e teoremas de Pitágoras. Segundo porque assim que seu pai soubesse que Christian é gay vai dar o maior piti do século com direito a doutrina religiosa e tudo. E terceiro porque ela realmente já tinha planos.
- Já combinei de ir a Barneys com o Chris, depois subimos - os dois já haviam planejado uma vez que o Fred Madison fica no nono andar da Barneys.
- Tudo bem, nos vemos la então - a mãe despediu-se - E vê se não se atrase Anahí.
- Já entendi mãe, estarei lá pontualmente.
Ela tinha um dia todo de folga pela frente e para uma médica residente que vive em um hospital isolada do mundo não há muita criatividade na hora de ocupar o tempo. Então ligou para Maite e depois de muito, leia-se muito esforço ela conseguirá arrastar a amiga para uma caminhada no Central Park.
- E qual foi com o Levy? - Anahí perguntou enquanto bebia um pouco de água.
- Ah, nada né - Maite deu de ombros - Continua tudo na mesma.
- E você ainda acha que ele pode estar te traindo? Mesmo assim, tão perto do casamento de vocês? - arqueou uma sobrancelha.
- Olha depois do que o Axel fez com você eu não me permito a duvidar de mais nada.
- Não acredito que Levy seria capaz disso, e ele e Axel são perfis bem diferentes - ponderou - Axel é um ator de cinema hollywoodiano, é normal ser assediado e pode ter certeza que as probabilidades de uma zinha se oferecer são bem maiores.
- Eu não sei se comento isso com você mas - Anahí a interrompeu.
- Até parece que eu vou deixar você optar por não me contar - rolou os olhos.
- Eu encontrei um bilhete no bolso da calça do Levy - Anahí olhou-a surpresa - É eu fiz essa mesma cara. Mas não era um bilhete muito revelador. A letra era de mulher e tinha um número de telefone.
- E o que você fez?
- Você sabe que eu não iria aguentar - riu - Eu acabei ligando no tal número do bilhete, e você não vai acreditar!
- O que você descobriu?
- O número é de uma clínica, mais precisamente de um consultório de psicologia - Anahí franziu o cenho - Eu achei engraçado, mas a não ser que Levy esteja tendo um caso com uma psicóloga não vejo outra opção.
- Estranho - confusa - Você chegou a comentar algo com ele?
- Não, e você também não vai comentar nada - ordenou - Se Levy sonha que andei bisbilhotando as coisas dele vai enlouquecer comigo.
- Mai você realmente acredita que ele possa estar te traindo? - Maite maneou a cabeça.
- Sinceramente não sei o que pensar. O comportamento dele aponta todas as flechas para uma única conclusão, não sei o que pensar - suspirou enquanto as duas sentavam em um banco por ali - Eu amo Levy mais do que tudo, mas não posso aceitar uma traição de um homem que quer ter um laço conjugal comigo, construir uma família, ter filhos. Se for pra descobrir que seja antes de tudo isso acontecer.
- É uma situação complicada...
- Será que você poderia me ajudar a averiguar essa história? Eu juro que vou morrer se continuar tão confusa dessa maneira - choramingou.
- O que você quer que eu faça exatamente?
- Será que você pode marcar uma consulta com a essa psicóloga? Sei lá se ele é paciente ou amante já deve ter dito algo sobre mim, você sabe como os homens são cachorros. Mas você não tem vínculo nenhum - Anahí rolou os olhos.
- E o que eu vou fazer em uma psicóloga? Olha, minha amiga está desconfiada que o noivo está colocando enfeites na cabecinha dela e me pediu pra vir aqui pra comprovar - Maite fechou a cara - Isso não faz sentido algum.
- E o que você sugere? Porque não vejo outra solução - cruzou os braços.
- Podemos investigar, mas temos que ser sutis, eu vou te ajudar - Maite assentiu - Mas tem que ser discreto, se você começar de marcação cerrada encima dele vai ficar tudo muito evidente.
- Tudo bem, e o que posso ir fazendo?
- Começa agindo com indiferença, veja se ele vai reparar nisso, se ele vai sentir falta e se não sentir aí sim teremos evidências suficientes pra partir pra segunda parte do plano.
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Já eram 18:00 quando Anahí resolveu pegar um táxi para encontrar Christian na Barneys. Ele já estava lá esperando. Anahí fez as unhas, o cabelo estava em cachos soltos, e a maquiagem um pouco marcada. Acabou comprando um Dolce & Gabbana preto, básico e um Louis Vuitton da mesma cor. Christian vestia uma calça social em tom de cinza e uma camisa coral clara da Armani. Perto das 20:00 os dois subiram até o Fred Madison onde família de Anahí ja estava.
O restaurante era bastante sofisticado, assim que chegaram os dois foram até o lobby e pediram um dry martini. Depois Anahí cumprimentou os pais, a irmã e o futuro cunhado e voltou a se sentar com Christian próximo ao bar do restaurante.
- Pega leve que amanhã nós dois temos ronda as 7 e meia - ela riu.
- Você e essa mania desagradável de me lembrar o que eu quero esquecer - o cenho de Christian franziu.
- Desculpa Annie, mas vou ter que ser mais desagradável ainda porque você não faz ideia de quem está aqui e não tira os olhos de você - ela bufou.
- Eu não posso acreditar que a vadia da minha irmã convidou o Axel só pra me irritar e - ele a interrompeu.
- Antes fosse o Axel - ela arqueou uma sobrancelha confusa - Quem está aqui é o Dr. Herrera, em carne osso e terno Armani.
- Ninguém merece - ela suspirou irritada - Você não sabe da última que ele me aprontou semana passada.
- Você me contou do constrangimento na frente dos pais do paciente - sinalizou.
- Eu não sei qual é o problema dele e o porque dessa marcação cerrada comigo.
- Você sabe muito bem porque. Você é competente e ele no fundo tem medo de um dia perder o posto pra você, a pesar de ter chegado a pouco.
- Fala sério Christian, até Maite é mais cotada pra isso do que eu, e você Sá e minhas reais intenções dentro do hospital e não tem nada a ver com status ou posições de destaque - deu um gole na bebida.
- Nunca entendi como você e Mac podem ser filhas dos mesmos pais - Anahí riu.
- Você nunca ouviu falar que toda história tem uma gêmea boa e outra Má? É como se eu fosse a Paulina e ela a Paola Bracho - ele gargalhou.
- Definitivamente você precisa parar com a bebida - tirou a taça das mãos dela de brincadeira.
- Também concordo Dr. Chávez - disse em tom de brincadeira, bem diferente do homem rude que tirava Anahí do sério no trabalho - Afinal amanhã você estará sob minha responsabilidade - pronto concluíram os dois. O todo poderoso estava de volta.
- Relaxa Dr. Herrera, sei dos meus limites e não faria nada que pudesse prejudicar meus pacientes, sou bem consciente - piscou pra ele.
- Acredito em você Dra. Portilla - sorriu sarcástico - Aliás acabo de conhecer sua irmã, Arturo realmente fizera uma excelente escolha.
- Há controvérsias - murmurei baixo e Chrsitian riu.
- Conhece o Arturo a muito tempo? - Christian engatou uma conversa com Alfonso e eu que estava louca pra beber mais um dry martini tive que me contentar com um refrigerante sem açúcar.
- Há alguns anos, nós estudamos juntos em Orange County, nossas famílias eram muito amigas - ele explicou.
- Puxa que coincidência incrível - fingi entusiasmo, Christian continha o riso.
- Bom se vocês me dão licença, já estou de saída, deixar uma filha adolescente sozinha em Nova York em pelo sábado é algo meio arriscado - riu - Até amanhã, às sete e meia - ele fez questão de frisar.
- Estaremos lá doutor - acenei com o sorriso mais falso do mundo.
Se Alfonso Herrera tinha um objetivo na vida com toda certeza era o de me deixar irritada a cada aparição.
