Fanfic: A Substituta (Adaptada AyA) | Tema: Ponny

- A cegueira do “Poncho” é resultado de um acidente - Nikos explicou a Anahí.

Já fazia algum tempo que ela havia deixado o escritório de Alfonso Herrera. Para dizer a verdade, ele praticamente a chutara para fora , depois de ter deixado bem claro que não simpatizava nem um pouco com ela, e que só sentia desprezo por Belinda.

- O grande amor da vida do “Poncho” eram as corridas de carros – Nikos disse com tristeza. – Elas eram o antídoto contra as restrições que as infindáveis reuniões com os diretores de suas empresas impunham à sua liberdade pessoal. Como a senhorita deve saber, essas reuniões fazem parte da vida dos grandes homens de negócios. – O criado fez uma pequena pausa , depois continuou: - Quando o “Poncho” se sentava atrás da direção de um possante carro de corrida, pronto para competir contra corredores tão bons quanto ele , todas as suas preocupações e tensões se acabavam , e ele relaxava. Era como se cada corrida fosse um verdadeiro tônico para o seu organismo , capaz de fazê-lo rejuvenescer mental e fisicamente , dando-lhe novas forças para voltar ao mundo dos negócios...

- Como foi que aconteceu o acidente? – Anahí murmurou, estremecendo. O choque causado pela revelação de Alfonso deixou-a gelada até os ossos.

Nikos fez um gesto de zanga.

- Da maneira como os acidentes acontecem, nesses esportes perigosos – disse com raiva. - Não é suficiente um homem ser ótimo piloto, ter nervos de aço, ou ser dono do melhor carro que o dinheiro pode comprar, porque invariavelmente é o piloto pior, dirigindo o pior carro, que causa tudo... como aconteceu neste caso. Um piloto jovem e inexperiente perdeu a direção e provocou um engavetamento. O carro do “Poncho” não foi envolvido , mas ele parou para ir ajudar o rapaz, que tinha ficado preso nas ferragens. Estava a poucos metros quando o carro do rapazinho explodiu, e foi só por milagre que não morreu. A única lesão que ele sofreu foi nos olhos. Se pelo menos o “Poncho” tivesse ouvido os meus conselhos! – A infelicidade de Nikos era tão grande, que ele se deixou cair em uma cadeira, enterrando o rosto nas mãos . – Para qualquer pessoa, ficar cego é ruim; mas para uma pessoa com a inteligência do “Poncho”, é demais!

Anahí estava com tanta pena, que sentiu vontade de chorar junto com ele. Mas precisava fazer uma pergunta ainda, para esclarecer a dúvida cruel que havia se insinuado em sua mente.

- Quando...quando foi que aconteceu o acidente? Foi antes ou depois que minha irmã esteve em Karios?

- Depois, é claro! – o criado levantou a cabeça, mostrando o rosto surpreso e confuso. - A notícia foi dada em todos os jornais, com um destaque especial, porque todos sabiam que o piloto cego acabara de ficar noivo.

O choque deixou Anahí horrorizada. Muito depois de Nikos ter ido embora, ela continuava sentada na mesma cadeira, olhando pela janela, sem ver, abismada com o egoísmo e a total falta de consciência de Belinda. Ela tinha usado Anahí como um escudo, para se proteger da ira mais do que justificada do homem que abandonara, justamente na hora em que ele mais precisava de sua presença.

De vez em quando, as lágrimas interrompiam o seu transe. Lágrimas de vergonha por Belinda, lágrimas de pena pelo homem ambicioso e viril, preso na armadilha representada pela cegueira! Um homem que agora tateava onde antes segurava sem hesitar; que tinha que aceitar ajuda, quando antes costumava dá-la; que havia deixado de percorrer o mundo, para viver encarcerado dentro de uma vila, onde o sol não podia ferir os seus olhos...