Fanfic: A Substituta (Adaptada AyA) | Tema: Ponny
- Alfonso, será que não podemos entrar um pouquinho? – perguntou, ainda sorrindo. – Não precisamos demorar muito...
Acabaram sentando-se num agradável terraço, sentindo o sol acariciar lhes o rosto, com um copo de delicioso café na mão e ouvindo o som romântico do “bousouki” misturar-se aos gritos que vinham do colorido mercado em volta. E isso foi um verdadeiro desastre para o horário que haviam planejado. No início, sentiram-se felizes por se sentarem lado a lado, num silêncio amigável, mas, quando Alfonso começou a falar deixou-a completamente fascinada pelas palavras que revelavam a solidão que ele escondia por trás de uma fachada de independência e arrogância.
- Eu costumava ficar horas e horas sentando, quando ainda não era cego, vendo a vida passar. Quando era jovem e pobre esse era o meu passatempo favorito. Eu acabava o trabalho do dia, jantava, comprava um jornal e saía à procura de um café, desses que ficam na calçada, onde me sentava na última fileira, geralmente perto de uma janela. Muitas vezes, depois de ler o jornal de cabo a rabo, eu puxava conversa com as pessoas em volta, para passar o tempo. Mas na maioria das vezes ficava sentado em silêncio, observando a beleza das garotas, rindo das peraltices dos garotos que brincavam na rua, ouvindo as conversas em volta, irritando-me com as risadas estridentes. Era sempre muito divertido. Posso contar nos dedos de uma mão as vezes em que me aborreci...
- E você estava sempre sozinho, quando era rapaz? – Anahí perguntou, com voz meiga. – Não sentia falta de alguém para lhe fazer companhia?
- Às vezes, sim – ele reconheceu com seriedade. – E isso sempre acontecia quando, em vez de ser o observador, eu me transformava na pessoa que era observada. Nós, os gregos, somos uma raça amistosa, que gosta de companhia e desconfia de todos os que preferem a solidão. Além disso – seus dentes muitos brancos brilharam, num sorriso auto caçoísta - somos muito inquisitivos. É por isso que, na Grécia, você nunca vai encontrar uma casa isolada das outras, como acontece com tanta frequência em seu país.
- Mesmo assim, não consigo acreditar que você vivesse sozinho por escolha própria! Principalmente depois que você me mostrou, com tanta clareza, quanto gosta de companhia feminina!
- Ah, mas eu era muito pobre naquela época. Mulheres são um divertimento caro, e cada dracma que eu ganhava estava sendo investido cuidadosamente em coisas que pudessem me trazer lucro.
- Nem todas as mulheres são interesseiras – ela protestou, sem conseguir se conter. – A maioria fica contente tendo amor e sentindo-se querida.
- Então, diga-me por que as mulheres mais lindas do mundo estão casadas com os homens que têm mais dinheiro? – ele perguntou zombeteiramente. – Caso você não saiba, as mulheres bonitas se vendem mais caro do que as feias, e são, portanto, mais difíceis de serem conseguidas. Como faz parte da natureza do homem cobiçar as coisas que estão mais fora de seu alcance...
- É isso o que o casamento significa para você? – Anahí quis saber. – Não espera nada de uma esposa, a não ser que ela seja suficientemente bonita para ser encarada como um troféu, como um prêmio? E você se considera um... competidor desclassificado, só porque foi privado desse tipo de amor? O amor que se compra com um talão de cheques? - Anahí imaginava que Alfonso não poderia magoá-la mais do que já tinha magoado, mas as palavras que ele disse mostraram que ela estava errada.
- Não tem sentido competir numa corrida, se a gente não pode ver a fita de chegada. Do mesmo modo, a vontade de se ter uma bela esposa diminui, quando só se pode fazer amor em braile. – Ele fez uma pequena pausa, depois continuou: - Sabe, eu não posso contradizê-la, quando diz que o rosto que os meus dedos acham tão perfeito quanto um camafeu é feioso, mas estou começando a desconfiar que o que lhe falta em beleza é plenamente compensado pela sua inteligência, que foi tão bem desenvolvida pelas escolas que você frequentou, pelo seu tato, pela sua diplomacia, e por uma qualidade rara, que não pode ser comprada por dinheiro algum: uma pose e um refinamento que só podem ser definidos como classe. Para mim, é uma novidade estar na companhia de uma mulher que não toma nada por garantido, que nunca está aborrecida, que não tem a cabeça completamente vazia, e que não considera uma carteira cheia de dinheiro um passaporte para o paraíso. Ainda não consegui descobrir, “Annie”, qual o tipo de recompensa que você realmente quer. Já que as coisas materiais não a atraem, diga-me que tipo de presente a deixaria feliz, para que eu possa comprá-lo para você.
- A felicidade não pode ser comprada numa loja – Anahí respondeu com voz abafada, chocada pela profundidade do cinismo do marido, arrasada pelo conhecimento de que, para ele, ela não era mais do que uma voz, um aroma, uma criatura tímida, com um corpo imaturo que ele podia incendiar de paixão com um simples toque; e que, mentalmente, impressionava-o menos do que um ponto na página de um livro escrito em braile. De repente, todo o prazer que ela vinha sentindo foi engolido por uma onda de saudade de casa, uma vontade enorme de se sentir querida e amada, em vez de ser apenas uma intrusa indesejada na ilha onde Herrera e Rhodon tinham se apaixonado.
Como se estivesse consciente do estado de espírito de Anahí, Alfonso tocou com a ponta de um dos dedos o ponteiro de seu relógio braile. Mais que depressa ela aproveitou a deixa e se levantou, empurrando a cadeira para trás com ruído.
- Acho melhor nos apressarmos – disse cerimoniosamente. – Nikos deve estar ansioso para chegar a Karios antes do anoitecer.
- Nikos é feliz – ele replicou, de um modo estranhamente evasivo – pois é mais capaz do que eu de navegar no misterioso desconhecido. Além disso – continuou, voltando à arrogância costumeira – ele descobriu logo que o tempo tem muito pouco significado para as pessoas para as pessoas como eu, que vivem numa escuridão total. Este relógio é útil, mas seu grande mal é que nunca se sabe se a hora que ele indica é do dia ou da noite.
Autor(a): Besos de Fuego
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Já estavam quase no portão de saída da Cidade Velha quando Alfonso parou e levantou a cabeça, enchendo os pulmões de ar. - Christos! – ele exclamou, um sorriso vagaroso quebrando o ar solene de sua fisionomia. – Tinha quase me esquecido de sua existência. Obviamente guiado por seu desenvolvido sentido olfativo, Alfonso g ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 65
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maridamis Postado em 09/07/2016 - 03:11:45
Quase morri com o final!!!
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maridamis Postado em 09/07/2016 - 03:11:17
Maravilhosa!!!! Apaixonada por essa fic!!!!! Quero maiiis!
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foryouvondy👻 Postado em 06/05/2016 - 15:56:19
Confesso que fiquei com um gostinho de quero mais kkk fanfic simplesmente linda!
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michaelle_rbd Postado em 21/02/2016 - 16:12:13
Amo rosas, que fofo ele as palavras ditas por Alfonso. Perfeito <3<3<3
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franmarmentini♥ Postado em 18/11/2015 - 14:07:11
ai que lindooooooooooooooo amei amei de mais essa fic*
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franmarmentini♥ Postado em 18/11/2015 - 14:01:15
HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ELE TA VENDOOOOOOOOOOOOOO
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franmarmentini♥ Postado em 18/11/2015 - 12:41:02
ODEIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO ESSA VACA DA BELINDA
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franmarmentini♥ Postado em 18/11/2015 - 11:56:30
CREDO PQ ELE É CRUEL ASSIM COM A ANY TADINHA...
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franmarmentini♥ Postado em 18/11/2015 - 10:32:46
ELES VÃO CASARRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
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franmarmentini♥ Postado em 17/11/2015 - 21:29:55
Poncho é apaixonado por belindaaaa ecaaa