Fanfic: Amigos, amigos. Amantes a parte? | Tema: AyA

Ajoelhada na manta do chão, Annie se sentia mais selvagem e louca que jamais esteve. Tinha desenvolvido o gosto pela aventura de jogar com seus irmãos e com o Poncho e ultimamente tinha sentido falta da adrenalina.

Apoiou os braços no assento e a cabeça neles. Tinha duas opções, ou olhar para a porta ou para a coxa de Poncho a sua direita. Com a sensação de aventura que a embargava, olhou à direita.

A musculosa perna do Poncho se flexionou ao apertar o acelerador fazendo que o tecido de seu jeans se apertasse de forma tentadora justo ao lado onde estava o borde do ziper.

Acelerou-lhe o pulso ao pensar as conseqüências de sua decisão. É obvio que se descobrissem que não funcionava, teriam que interromper todo o programa.

Poncho ligou a rádio e uma suave música country invadiu a cabine. Any tinha saido centenas de vezes com ele escutando música e inclusive cantando a todo volume para despertar os vizinhos quando eram adolescentes. Agora compreendia que se sentia sempre mais viva ao lado de Poncho.

- vamos entrar em uma estrada de terra em um momento - advertiu Poncho - Assim que tenhamos saído dela, provavelmente possa te sentar outra vez.

- Aonde vamos?

- Tem uma pequena estrada que descobri faz um par de anos. Vai até o borde de uma pequena planicie onde há uma vista maravilhosa do pico Anvil. Aqui esta o cruzamento.

Apertou o freio e o tecido dos jeans se esticou de novo.

Contemplar a Poncho conduzir desde aquele ponto de vista avantajado era uma experiência bastante erótica, decidiu Annie.

Poncho sujeitou o volante com uma mão e a Any pelo ombro com a outra enquanto olhava para trás. Quando apartou a mão, ela desejou que não o tivesse feito. Possivelmente seu abraço não fora a lhe resultar tão inquietante como tinha temido.

- Certo. Acho que você já pode se sentar. Por aqui nunca vem ninguém.

-Exceto você. Parece conhecer muito bem o lugar -disse Annie enquanto se incorporava e ajeitava o vestido.

-estive aqui umas quantas vezes.

- Com uma garota?

-Não comece a me fazer perguntas desse tipo, Annie. Vai quebrar o clima.

-Ou seja, que com uma garota. -concluiu ela.

Poncho suspirou e acendeu os faróis.

-Bom, não sou tão tola, sabe? Sei por que os meninos procuram estradas solitárias -olhou a seu redor. Certamente, não havia nem rastro da civilização. Ao outro lado do vale verde, o pico Anvil se recortava contra um céu de cor escarlate- Aqui é muito bonito.

- Também acho.

-Então, quem você trouxe aqui?

-Annie! Quando duas pessoas estão juntas, devem concentrar-se uma na outra.

-A menos que queiram explorar o lado da fantasia.

-Pode esquecer das fantasias por um momento? Pelo que eu sei, estar aqui contigo é minha fantasia.

-De verdade?

-Não. Não sei o que me fez dizer isso. Esquece.

Mas Annie não podia esquecer. E a fez lembrar de um sonho que ele tinha tido com ela fazia cinco anos.

-Você sonhou outra vez comigo?

-É obvio que sonhei contigo. Nos vemos todo o tempo e eu sonho com gente que está em minha vida. Todo mundo o faz.

-Não, me refiro a sonhos eróticos.

Poncho engasgou e fingiu tossir.

-Sim. Uma vez.

-Eu também. Contigo.

-Isso deve ser normal.

-Eu não disse que não seja. O que você sonhou?

-Eu... não me lembro...

-Não acredito. Vai me dizer o que era?

-Não.

Quer saber o que eu sonhei? - como ele não respondeu, Annie sorriu- Tomarei como um sim. Tínhamos ido uma noite de verão a comprar um sorvete no Creamy Cone. O meu  estava derretendo pelo caminho e você tinha esquecido os guardanapos como sempre.

-Não sempre.

-Quase sempre. De todas as formas, eu me sujei e não queria ir pra casa assim. E você decidiu que a única solução era que me lambesse o sorvete. Como por arte de magia aparecemos na borda do rio e estávamos sentados na areia de nosso lugar favorito. Você começou a me limpar como um gato e então... começou a me beijar e me chupar e... tirou minha roupa... - perguntou-se quantos detalhes mais deveria incluir, mas se sentia desonesta se não contava tudo- Beijou os meus seios e eu te disse que me surpreendia que quisesse fazer isso. E então, quando por fim íamos... bom, acordei.

Tinha o coração acelerado quando terminou de contar o sonho e recordou exatamente o que tinha sentido naquele sonho, toda ardente e derretida como o próprio sorvete. Certamente, estava com o estado de ânimo adequado para um beijo. E para mais de um beijo. Poncho parou a caminhonete e apagou as luzes e o motor.

- Que sonho!

-Agora me conte o seu

-Talvez mais tarde.

-parecia em algo ao meu?

-Não.

O silêncio foi se fazendo mais intenso. O ar condicionado estava desligado, mas o calor exterior não tinha penetrado no carro. O calor que Annie sentia vinha de dentro dela e estava a ponto de fazer algo, mas não sabia se devia ser Poncho que desse o primeiro passo. Pela extremidade do olho o viu olhando ao vazio. Parecia hipnotizado. Ao final decidiu dizer algo.

-E agora o que fazemos?

-me dê um minuto. Depois, poremos a manta na parte traseira.

-Se sente mau ou algo assim?

-Não, me sinto excitado.

-De verdade? -olhou a suas calças, mas estava muito escuro-. Bem. foi meu sonho que te excitou?

-Claro. Mas provavelmente você já sabia o que aconteceria pelo que tem lido sobre as fantasias.

-Não, não sabia –sentia-se encantado consigo mesma-. Me perguntava se você riria.

Poncho deu um gemido.

-Suponho que não me conhece tão bem como pensa, então.

-Então... realmente me deseja agora?

Poncho olhou para ela.

-Sim. De verdade. Está surpresa, não é verdade?

 -Poncho - levou a mão ao coração-. Isso me faz sentir tão bem!

Ele esboçou um lento sorriso.

-Suponho que isto não vai ser tão difícil como pensávamos.

 Devolveu-lhe o sorriso.

-Suponho que não. Quer que ponha a manta na parte traseira e te espere?

Poncho inspirou com força.

-Já estou bem. Espera aqui.

-Sairei pra te ajudar.

-Não quero que pise em uma serpente com essas sandálias.

-vivi aqui toda minha vida, Poncho! -disse agarrando a manta-. Certamente sei olhar bem antes de sair de um veículo de noite no meio do nada.

- Eu sei -Poncho se voltou para olhá-la - Você não pode se fingir de dama amedrontada por uns minutos para dar a um menino a oportunidade de ser o macho valente? É bom para meu ego.

-ah! É claro. -sorriu e fechou a porta de novo. - mas acho que é uma tolice.

Ele sacudiu a cabeça.