Fanfic: Amigos, amigos. Amantes a parte? | Tema: AyA

-Também me dá a sensação de que esta vez poderia ser uma namorada a sério.

Poncho não gostou de ouvir aquilo.

-Não. Não estou preparado para sentar a cabeça ainda.
-Pois eu acredito que sim. Vi como olha os Puente e a suas famílias. O que acontece é você que é muito seletivo, e isso é bom. Mas nunca tinha te visto tão distraído. Assim, se a mulher a que leva todo o dia ligando está preparada para formar um lar e uma família, sugiro que vá em frente.
-Não está.
-Ah -olhou seu filho um momento-. Quer tomar um cachorro quente e uma cerveja fria e falamos disso?
-O cachorro quente e a cerveja me parecem bem, mas não há nada de que falar.
-Se você diz... mas a oferta fica aberta para quando quiser.
-Já sei, papai. E lhe agradeço isso -Poncho passou o braço pelos ombros de seu pai-. vamos comer. Estou morrendo de fome.

A caminhonete de envios chegou à casa de Annie na manhã seguinte. Enquanto assinava o recibo, fixou-se no selo de Flagstaff. Bom, ao menos não tinha mandado outro buquê de flores, uma segunda vez teria custado muito explicar.
Assim que se despediu do condutor, fechou a porta e rasgou o papel do pacote. Dentro havia um par de luvas de uma pele incrivelmente suave. Os pôs e notou que eram muito grandes para ela, mas dentro de uma das luvas encontrou uma nota.

Querida Annie
Vi isso em umas ofertas. Poderia ter levado no sábado de noite, mas decidi mandar isso para que passe as próximas trinta e seis horas imaginando o que sentirá quando me puser isso e percorrer todo seu corpo com minhas mãos. Enquanto isso, disfruta das margaridas.
P.

Com um grito de frustração, as levou ao peito. Que homem tão diabólico! Que maravilhoso e provocador. Sorriu para si mesma. Aquilo era por tê-lo torturado por telefone. Vestiu uma luva e o deslizou pelo braço nu. Oh, Deus.
-Olá, olá. Posso passar?
Annie se levantou justo quando sua mãe abriu a porta principal, que sempre estava aberta. Era um costume que não tinha tido sentido mudar. Até o momento... Com o coração acelerado como se tivesse sido pega com o frasco da geléia, meteu a nota de Poncho no bolso e esboçou um sorriso de bem-vinda.
-Olá, mamãe. Como vai?
-Faz dias que não sei nada de você, assim que decidi passar para averiguar como andam as coisas. Filha, tem uma cara mais culpada que um pecado. O que é o que está havendo?
-Nada, mamãe.
Debbie Puente era uma mulher baixa, gordinha e bonachona. Annie não queria que perdesse nem um grama de peso, mas sim um pouco de sua sagacidade.
Debbie olhou a mesa com os restos do pacote e depois as luvas, um na mão de Any e outro contra seu peito.
-O que é isto, uma brincadeira? Luvas em meio de uma onda de calor?
Annie pensou com rapidez.
-Isso. Poncho me enviou isso de Flagstaff para me dizer: “olhe que frio passamos aqui enquanto aí estão assando”.
Debbie lançou uma gargalhada.
-Muito típico de Poncho. E se não te conheço mau, já está planejando se vingar neste mesmo instante. Só espero que não volte a colocar formigas na cama dele. Norah passou uma semana para tirá-las da casa do rancho.
-Não, não serão formigas. Acredito que lhe soldarei as botas aos estribos ou algo assim.
-Bom, prometo não contá-lo. Quer comer?
-Sim, claro.
Tinha pensado passar o dia transformando o quarto, mas o atrasaria para depois do almoço.
-Bem, estava pensando que dentro de pouco já não poderei passar por aqui e te convidar para almoçar, assim aproveitarei o tempo que fique.
Annie se aproximou e deu um abraço a sua mãe.
-Voltarei cada vez que puder. E papai e você têm que ir a Nova Iorque me visitar.
-Oh, iremos..., mas não será o mesmo. Deus, que suaves são essas luvas!
Annie tinha se esquecido de que ainda levava uma colocada.
-Hum, sim. Pode ser que as use em Nova Iorque.
-Não são um pouco grandes para você?
-Sim, bom, mas é o que conta é a intenção.
Sem dúvida, Poncho queria te torturar enquanto ele disfrutava do ar fresco das montanhas e nem se incomodou em ver se te serviam ou não. Homens!
-São umas sanguessugas todos eles.
-Mas não poderíamos viver sem eles.
-Suponho que não.
Era o que Annie estava descobrindo. Aqueles estavam se convertendo nos três dias mais compridos de sua vida.
-Se me der licença, me refrescarei em seu banheiro antes de irmos.
-Claro.
Annie deu graças a Deus por não ter começado a renovação de seu quarto. Os lençóis de cetim seriam muito difíceis de explicar, por não falar dos espelhos nos cantos que pensava instalar.
-Ah, essas são as flores que te mandou sua diretora! -disse Debbie ao passar pelo quarto a caminho do banheiro- por que não as põe na sala?
-Queria olhá-las ontem antes de ir para a cama.
Os rumores corriam rapidamente naquele povoado. Poncho e ela teriam que ter muito cuidado, mas tinham prática na conspiração. Possivelmente esse projeto do verão fosse uma extensão de todos os segredos que tinham compartilhado durante anos.
Mas então olhou às luvas. Não, não acreditava.