Fanfic: Amigos, amigos. Amantes a parte? | Tema: AyA

Com certo esforço, Poncho conseguiu introduzir a bordo do Cessna uma pequena geladeira sem que seus pais notassem. Dentro, estavam as margaridas que tinha comprado em Flagstaff e gelo do hotel para as manter frescas. O gelo nunca tinha sido para ele uma substância erótica, mas desde que Annie tinha mencionado esfregá-lo contra certas partes de sua anatomia, agora não podia olhar um cubo sem excitar-se.

E agora, por fim, estava pilotando o avião de pequeno porte de volta a Copperville com seus pais. Seu encontro com Annie seria dentro de poucas horas e, mesmo assim, muitas para seus nervos. Não tinha se atrevido a ligar de novo, considerando o estado em que o tinha deixado na outra vez, mas não a tinha tirado da cabeça nem um instante.

Quando chegaram em casa, Poncho e seu pai descarregaram as malas enquanto sua mãe entrava para escutar as mensagens. Quando Poncho entrou na cozinha escutou a voz de Annie.

-Esta mensagem é para Poncho -disse com a voz da Annie de sempre- Poncho, não se incomode em jantar antes de vir para minha casa. Eu farei o jantar. Algo simples, provavelmente. Ah, não se incomode pelo gelo. Tenho um montão. Pode ser que eu esteja no jardim traseiro ou algo assim quando você chegar, pode entrar direto.

 A Poncho quase lhe caíram as malas que levava na mão.

Sua mãe se deu a volta para olhá-lo com um sorriso.

-Vai ver Annie esta noite?

-Sim -tentou soar normal, mas era difícil enquanto pensava em Annie lhe dando de comer algum manjar exótico com os dedos vestida com uma sensual lingerie. E aquela sutil referência ao gelo e o fato de que quisesse que entrasse direto. Apostaria um milhão de dólares que sabia onde a encontraria e não era precisamente no jardim traseiro-. Prometi passar a lhe contar como tinha ido a viagem.

Norah o olhou com gesto especulativo.

-Você não gosta da ideia de que se vá do povoado, não é verdade?

-A verdade é que não. Estou contente por ela. É o que sempre quis.

-Eu sei, e todos estamos contentes por ela, mas você está nervoso. Noto isso na sua cara. Está um tom mais avermelhado. Acredito que está aborrecido por que se vai e te deixe aqui.

-Certamente que não -Poncho posou as malas e agarrou a sua mãe pelos ombros-. Tem uma imaginação fertil, mamãe -então, deu-lhe um beijo na bochecha e notou o cansaço ao redor de seus olhos. Três dias sem parar eram muito para seus pais, que tinham já quase setenta anos-. Acredito que irei revisar o tanque de comida pelo que estava preocupado papai.

-Ele não fazer isso?

-Sim, mas, por que não tomam os dois a tarde livre? Já trabalharam muito nesta viagem. relaxe o resto do dia.

Sua mãe assentiu.

-Verei se consigo convencê-lo. Acredito que está mais esgotado do que quer admitir -olhou a Poncho com gratidão-. Obrigada, filho. Não sei o que teriamos feito sem você.

-Não se preocupe -Poncho sorriu e se dirigiu à porta. Ao sair se cruzou com seu pai-. Tenta convencer a mamãe de que descanse o resto da tarde, de acordo? Está esgotada.

-Tenho que examinar o tanque de penso.

-Eu faço isso. Não tem sentido irmos os dois com este calor.

Seu pai lhe passou a mão pelo ombro.

-Obrigado, filho. Se não vigiar a sua mãe, não parará até que caia rendida.

-O mesmo penso eu.

Poncho se foi aos currais com sensação de alívio. Trabalhar sozinho era o que necessitava para poder passar as seguintes horas.

Poncho nunca tinha estado mais nervoso que enquanto conduzia até a casa de Annie pouco antes as oito.

A geladeira a seu lado com a garrafa de vinho tinha sido fácil de esconder de seus pais. Ele tinha levado outras vezes quando veio a casa de Annie, mas tinha tido que ocultar a cadeia de margaridas que tinha feito quando não o tinha visto ninguém. Sua mãe parecia vigiá-lo com mais atenção, assim teria que tomar cuidado com parecidas preparações no futuro.

O futuro. Lhe ocorreu então uma idéia terrível. Possivelmente essa noite fora a última. depois de tudo, uma vez resolvido o problema da virgindade de Any, não precisaria seguir com aquele arriscado assunto. Ela o queria para um trabalho em concreto e, depois dessa noite, o trabalho estaria terminado.

Maldição, não podia pensar nisso ou se deprimiria. E definitivamente planejava desfrutar. Se seus irmãos descobriam o que estava passando o fritariam, assim tinha que fazer que o risco valesse a pena.

Estacionou no caminho e notou que estava tremendo como um potro recém-nascido. As luzes do salão estavam apagadas e com o coração desbocado, agarrou a geladeira e subiu os degraus do alpendre.