Fanfic: ♥ Diário de dois apaixonados ♥ | Tema: AyA

Depois de voltar pro bar congelando de frio eu subi pro meu quartinho novo e tomei um banho quentinho. Desci minutos depois com os cabelos umedecidos e procurei os outros. Escutei Poncho e Chris conversando e me aproximei devagar, parei na porta da cozinha do bar e os observei.

Chris: Mais uma vez cara muito obrigado por ter trazido a minha irmã.

Alfonso: De nada, sua irmã me convenceu, ela sabe ser teimosa e persuasiva, parece minha mãe. - sorriu.

Sorri me escondendo atrás da porta e resolvi ficar ali espionando-os pra ver até onde o assunto chegaria.

Chris: A gente se adora. - respondeu e eu sabia que ele sorria.

Alfonso: E vc e a Any sempre foram apegados assim? - o ouvi perguntar.

Chris: Sempre, meus pais sempre foram meio rígidos, minha mãe nem tanto, então a maior parte do afeto que recebemos foi um do outro...
Mas as coisas se intensificaram quando a Any tava na sexta série.

Alfonso: Por quê? - perguntou e pelo tom de voz estava intrigado.

Any: Não, por favor, Christian, não. - sussurrei encostando a testa na parede.

Chris: A Any sofreu bulling na escola por umas garotas que se eu encontrasse hoje eu matava. - respondeu com raiva e eu suspirei derrotada, ele não podia ter feito isso comigo.

Alfonso: Bulling?! Mas por quê? - ele estava surpreso.

Chris: Não parece, mas quando criança a Any era extremamente tímida, meu pai sempre me mimou por eu ser o filho homem e primogênito, o que assumiria seus negócios, isso fez com que ele fosse meio rígido na minha educação e na da Any também, se tirávamos um 10 na escola, escutávamos assim: muito bem!... Mas se a gente tirava um 08, éramos criticamos até recuperarmos a nota... Já minha mãe ela era carinhosa, mas sempre foi submissa ao meu pai e direto ele se irritava comigo e principalmente com a Any por ser mais quieta e acabava colocando a gente de castigo... Mas sempre que um ia o outro fazia de tudo pra ser castigado também... Era nossa forma de se apoiar, ela me consolava e eu consolava ela. - respondeu e meu coração se apertou.

Alfonso: Bonito isso. - sorriu.

Chris: É, mas a Any por ser quieta ela sempre foi de falar pouco, eu aprendi a decifrá-la, saber o que ela sentia sem que ela me contasse, já meus pais nunca tiveram essa percepção... Fui eu que percebi que alguma coisa tava errada, quando ela entrou na sexta série, ela mudou de escola e todo dia ela chegava chorando, triste, várias vezes ela nem almoçava... No começo achei que ela tava estranhando o lugar.

Alfonso: Ela tava sofrendo bulling.

Chris: Sim e eu só descobri porque presenciei a cena... Eu fui na sala dela um dia pra ver o que estava havendo... Quando o sinal tocou, uma garota fez a Any tropeçar de propósito, as outras em volta e toda a sala riram, uma delas disse que a Any era desajeitada e que ela não podia ficar ali... Um garoto se aproximou da Anahí e jogou um papel no chão, ouvi quando ele disse pra ela exatamente isso: “Eu nunca vou namorar uma garota desajeitada e sem graça como vc!” - fechei os olhos e enxuguei o rosto lembrando daquele dia. - E pra ajudar uma das meninas se aproximou e abraçou esse garoto dizendo que meninos como ele nunca olhariam pra meninas como a Anahí e que a melhor coisa era ela sair da escola e deixar de ser uma vergonha pra turma... Eu invadi a sala furioso e tirei minha irmã de lá, ameaçando dar uma surra em qualquer um que voltasse a mexer com ela.

Alfonso: Não tinha um professor na hora?

Chris: Não... Quando chegamos em casa, Any me contou que o professor saia primeiro e depois os alunos e elas todos os dias aproveitavam pra fazer isso... Você precisava ver o estado que ela estava... Ela me contou que tava gostando daquele garoto e que acabou contando pra mesma menina que a ridicularizou na frente da sala... Ela me disse que no bilhete havia um pedido de namoro assinado por ela, mas ela jurou que não mandou bilhete nenhum, então só pode ter sido uma daquelas meninas.

Alfonso: E seus pais o que eles fizeram?

Chris: Eu contei pra eles e disse que a Any não queria voltar pra escola, eles disseram que era frescura e tentaram obrigá-la a voltar, ela não quis... No dia seguinte encontrei o tal garoto e... Na hora da raiva dei uma surra nele e gritei pra escola toda ouvir que ele não era bom o suficiente pra minha irmã, resultado... Fui expulso da escola... Foi bom porque meu pai acabou mudando nós dois... Com o tempo a Any fingiu superar o que houve, começou a se vestir melhor, arrumou umas amiguinhas, mas eu nunca soube de nenhum cara que ela gostou e tenha ficado... Só que eu a conheço e no fundo ela nunca superou o que aquelas meninas e o rapaz disseram, até hoje ela acha que não é boa pros outros, que continua sendo uma desastrada sem graça.

Abaixei a cabeça e tapei a boca com as mãos chorando sem parar e tentando abafar meus soluços, antes que alguém me ouvisse sai apressada e subi as escadas correndo. Me joguei na cama e afundei o rosto no travesseiro, agora Alfonso também teria pena de mim.

- Que droga Chris porque vc abriu a boca, nunca mais te conto alguma coisa. - soquei o travesseiro chorando.

Quando fechei os olhos às imagens daquele dia vieram tão claras na minha mente que pareciam que tinham acabado de acontecer.

Eu já havia parado de chorar quando ouvi uma batida na porta, mas as lágrimas ameaçaram voltar ao ver Alfonso.

- Seu irmão convenceu o Kuno a começar seu treinamento amanhã à noite e te dar uma folga pra vc terminar de ajeitar suas coisas, então, pensei se... Quer ir jantar comigo? Conheço um lugar ótimo que vc vai gostar.

O encarei como se tivesse falado alemão e me levantei da cama.

- Jantar com vc?

Alfonso: Isso, conheço um restaurante ótimo que vc vai gostar.

Any: Por que vc ta me convidando?

Alfonso: Ué por que... Porque achei uma boa idéia te chamar pra jantar, vc não conhece a cidade...

Any: Ou vc ta me chamando porque meu irmão te pediu?

Alfonso: O que? - me olhou confuso.

Any: Eu ouvi a conversa... Depois de te contar do bulling, ele pediu pra vc sair comigo pra ver se assim vc “levanta” minha autoestima? - ironizei começando a ficar brava. - Eu não preciso da sua pena Alfonso.

Alfonso: E quem disse que eu tenho pena de vc? Talvez eu tenha ficado com raiva do que fizeram com vc, mas não to com pena e to te chamando porque seria um programa diferente pra fazermos.

Any: Então eu recuso.

Alfonso: Any vamos comigo, eu não to te chamando pelo que vc ta pensando.

Any: Ah não? Na certa meu irmão acha que eu to apaixonadinha por vc, só que ele ta errado ta bom? Eu te conheço tem só dois dias, ninguém se apaixona nesse tempo.

Alfonso: Concordo com vc e já que deixamos isso claro, porque não saímos como amigos.

Minha vontade foi de gritar, xingar, chorar, mas eu não sabia em quem. Se fazia tudo isso em mim ou neles. É claro que Alfonso só iria querer ser meu amigo e na certa só havia proposto esse jantar porque Chris pedira.

- Não quero! - cruzei os braços determinada.

Alfonso: Any o que eu faço pra te convencer? Deixa de ser teimosa, não to com pena de vc... Olha se vc aceitar jantar comigo, prometo que amanhã cedo eu... Vou visitar minha família.

Descruzei os braços surpresa com a proposta dele, ele estava jogando com meu ponto fraco, sabia que eu queria que ele fosse ver seus pais e agora estava usando isso a seu favor, mas ele não iria me dobrar tão fácil.

- E como vou saber que vc foi mesmo vê-los e não que sumiu por um dia inteiro? - rebati.

Alfonso: Você vai comigo pode ser? Se vc jantar comigo hoje, amanhã cedo vamos visitar meus pais, topa?

O encarei incrédula não acreditando que ele tinha proposto isso.

- Ta bom, eu aceito. - respondi incapaz de recusar.

Alfonso: Ótimo, eu vou pro hotel e em uma hora volto pra te pegar ok?

Assenti e quando Alfonso saiu do quarto me joguei na cama confusa. Uma coisa era ele ir visitar a família, outra era eu ir junto, o que aquilo iria parecer? Será que ele estava me chamando pra sair porque gostava de mim, porque queria ser meu amigo ou por pena? De repente a minha vontade de ficar a sós outra vez com Alfonso havia se transformado num medo enorme de sofrer de novo, só que bem mais dessa vez.

comentem, bjOs <3