Fanfic: ♥ Diário de dois apaixonados ♥ | Tema: AyA

Cerca de 03 horas depois de viajem eu estava cansada e quase morrendo de sono. Pelo que pude perceber Alfonso era uma pessoa calada, havia falado pouquíssimo comigo. Na verdade parecia que eu era um pacote de uma entrega que ele deveria deixar na primeira entrada de Cancun.

Fazendo uma rotatória entramos em Córdoba uma cidade no estado de Veracruz. Distraída não reparei quando, minutos depois, Alfonso estacionou a moto em frente a um hotel. O local tinha boa aparência, incluindo uma garagem. Quando desci da moto me sentia toda dura e aproveitei pra me alongar.

Alfonso desceu da moto sem mostrar desconforto, na certa ele estava muito acostumado a viajar de moto.

- Você precisa descansar um pouco, antes que acabe dormindo escorada em mim e caia da moto.

Abaixei a cabeça constrangida, não sabia que ele tinha reparado nos meus momentos de cochilo.

- Desculpe, mas não se preocupe comigo, podemos seguir se vc quiser.

Alfonso: Não, é melhor pararmos pra descansar, saímos amanhã cedo.

Assenti e subimos pelo elevador, Alfonso foi direto falar com a recepcionista.

- Queremos um quarto!

- Ok!

Any: Não! - disparei e coloquei a mão na boca em seguida.

Alfonso me encarou sério e voltou-se pra recepcionista.

- Tem algum quarto com duas camas?

- Eu vou verificar. - respondeu. - Infelizmente não senhor.

Eu suspirei e mordi o lábio.

Alfonso: Vê o quarto que vc tiver ai! - suspirou. - Não se preocupe, eu fico no chão.

O encarei surpresa e quando fui responder ele falou com a recepcionista e pegou a chave do quarto.

Subi atrás dele acanhada, Alfonso tinha um rosto sério e eu não sabia se ele estava pensativo, aborrecido ou se era mau humor mesmo. Parecia que eu era uma criança que tinha feito arte e estava esperando pela bronca.

Ele entrou na frente deixando a porta aberta e eu entrei, o quarto era grande, confortável e meu sono aumentou ao ver aquela cama. Eu só queria deitar e dormir.

O barulho de Alfonso puxando o lençol me assustou. Ele jogou o travesseiro no chão e pegou dois cobertores pondo tudo, então me encarou.

- Se quiser, pode usar o banheiro pra se trocar.

Assenti e me encaminhei ao banheiro, me troquei colocando um short de malha e uma blusa de alcinha, era a melhor roupa que eu tinha pra dormir no mesmo quarto que Alfonso. Abri a porta sem jeito e Alfonso já estava deitado no chão mexendo no celular com uma calça de moletom, apenas isso e não consegui evitar. Ele tinha um peito lindo, bronzeado, musculoso e com pelos que davam um charme, de repente tive vontade de acariciar os pelos do peito dele. Na certa ele só estava solteiro porque viajava demais e com certeza as mulheres babavam por ele... Como eu!

Any: É... Não tem problema vc ficar ai?

Alfonso me encarou e me estudou de cima abaixo, senti meu rosto esquentar.

- Não, to bem, pode ir pra cama.

Mordi o lábio e só não voei até a cama porque seria muito vergonhoso, com calma caminhei até a cama sentindo Alfonso me observar. Deitei e fiquei olhando o teto por alguns instantes.

- Você não ta feliz pra voltar pra Cancun né? - perguntei e não obtive resposta. - Alfonso?! - chamei e nada.

Engatinhei na cama e suspirei sorrindo ao ver que ele caíra no sono, como era possível alguém ficar bonito acordado e dormindo, na certa ele ficava lindo mesmo depois de acordar. Suspirando fiquei olhando pra ele por alguns instantes. Suspirei com tristeza e balancei a cabeça.

- Alfonso nunca olharia pra uma garota como eu... Melhor eu dormir e parar de sonhar acordada. - mordi o lábio e me convenci a deitar na cama.

Acordei na manhã seguinte com Alfonso me chamando e me encarando pela beirada da cama.

- Bom dia... Toma seu café e nós vamos embora.

Assenti surpresa por ele ja estar vestido, como pode ele ter dormido menos do que eu e não estar cansado? Realmente ele devia estar muuuuuito acostumado a viajar.

Levantei e me arrumei o mais rápido que pude, não queria que ele ficasse esperando demais. Tomei o café percebendo como eu estava com fome e terminei antes com ele o que me deu uma pequena vitória.

Any: Antes de ir posso fazer uma ligação?

Alfonso: Ta... Vai na recepção. - apontou e assenti.

Eu duvidava que meus pais estavam se importando comigo, nunca nenhum deles tentou entrar em contato com Chris, mas mesmo assim me senti na obrigação de ligar e dizer que estava bem.

- Alô?!

Meu coração parou quando ouvi a voz do meu pai, jurava que minha mãe atenderia.

Pai, sou eu a Any, eu liguei pra dizer que eu to bem.

- Desculpe, mas vc deve ter ligado errado, eu não tenho filhos.

Any: Pai! - exclamei sentindo a garganta queimar.

- Você escolheu isso, nunca mais procure a gente, não é mais nossa filha. - respondeu brusco e desligou.

Fiquei segurando o telefone em estado de choque, as lágrimas começando a escorrer, meu pai havia acabado de fazer comigo o mesmo que fez com Christian. Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas a mão de Alfonso no meu ombro me despertou.

- Vem! - ele falou sério e me conduziu escada acima.

Entramos no quarto e eu sentei na cama, Alfonso ajoelhou do meu lado e me olhou parecendo preocupado.

- Pra quem vc ligou?

Any: Meus pais... Queria dizer que tava bem, mas meu pai atendeu e disse que não sou mais filha dele... Pra nunca mais procura-los. - mordi o lábio tentando conter as lágrimas.

Alfonso: Sinto muito. - acariciou minha mão me surpreendendo.

Any: Agora só tenho meu irmão. - respondeu.

Alfonso: Então foca nele que vc não ta sozinha. - assenti.

Any: Você acha que dois pais podem simplesmente... Deixar de amar seus filhos? - enxuguei o rosto.

Alfonso: Acho que eles simplesmente não amam! - o olhei surpresa.

Any: Por que ta dizendo isso?... Seus pais na certa se preocupam com vc né? Eles te ligam quando vc viaja né?

Alfonso: Depende de qual dos pais vc ta falando. - respondeu com sarcasmo.

Any: Não entendi! - estreitei as sobrancelhas confusa.

Alfonso: Eu sou adotado! - respondeu na lata me surpreendendo. - Meu pais biológicos não davam a mínima pra mim, já meus pais adotivos se importam comigo... Pra vc ver como é a vida né? As pessoas que me geraram nunca me amaram já os dois desconhecidos que escolheram ficar comigo... - deu de ombros deixando a frase no ar, percebi certa tristeza no olhar dele, eu estava sem palavras.

Any: Sinto muito... Você tentou procurá-los? Eu ficaria curiosa. - dei de ombros.

Alfonso: Não foi preciso, eles morreram logo depois que me perderam a minha guarda... A minha “mãe” biológica era alcoólatra e drogada e nunca cuidou de mim, suas garrafas e o pó eram mais importantes que eu e meu “pai” vivia sendo preso por pequenos furtos e tráfico, uma assistente social um dia apareceu na casa e me levou, eles estavam drogados demais pra fazer algo... Menos de um mês depois ela teve overdose e ele foi morto na cadeia... Ai fui parar na adoção e tive sorte de um casal maravilhoso ver algo bom em mim e me adotar. - deu de ombros.

Any: Sinto muito pelo que vc deve ter passado... Quantos anos vc tinha?

Alfonso: Cinco, graças a Deus lembro de pouca coisa... Bom chega desse assunto, vamos embora logo.

Assenti percebendo que não arrancaria mais nada dele, mas estava feliz por ele ter se aberto, senti vontade de abraça-lo e confortar nós dois, mas me contive e arrumei minhas coisas em silêncio e Alfonso fez o mesmo.

Quando subimos na moto outra vez, Alfonso envolveu meus braços em sua cintura e eu gelei.

- É melhor vc se segurar mais firme, eu costumo correr como já viu.

Murmurei em acordo e aos poucos relaxei, Alfonso não sabia mais eu estava começando a confiar nele como a muito tempo não cofiava em alguém.

comentários:

carolyne_raquel: Desculpa o sumiço flor, o motivo é a falta de tempo, mas confesso que a falta de comentários tbm me desanima :( bjOs <3

Emanuely Machado: Any é louquinha mesmo haha como a Pri disse logo vc descobre o porque da carona ;) bjOs <3